Mundo
Nepal em chamas: protestos da Geração Z derrubam premiê após veto às redes sociais
Jovens lideram revolta contra desemprego, corrupção e desigualdade em meio a crise política e econômica

Katmandu — Os protestos de rua no Nepal ganharam intensidade nesta terça-feira (9), com manifestantes incendiando casas de líderes políticos e prédios governamentais na capital, Katmandu. A onda de revolta foi detonada pelo veto às principais plataformas de redes sociais — medida que derrubou o primeiro-ministro K.P. Sharma Oli.
Formados em grande parte por jovens da Geração Z, os protestos são marcados por indignação contra a repressão policial, que deixou 22 mortos desde segunda-feira, e também contra problemas sociais acumulados ao longo de uma década, desde a transição da monarquia para a república democrática.
Embora o governo tenha revogado a proibição das redes sociais, a crise política continua. A medida atingiu um ponto sensível: no Nepal, aplicativos como WhatsApp são essenciais não apenas para comunicação com familiares no exterior, mas também para envio de dinheiro.
O país depende das remessas de cerca de 2 milhões de nepaleses vivendo no exterior, responsáveis por 26% do PIB em 2024 — um total de US$ 11 bilhões.
Desemprego e desigualdade alimentam a crise
Com uma taxa oficial de 12,6% de desemprego em 2023, que exclui a maioria da população ocupada informalmente na agricultura, o Nepal enfrenta dificuldades estruturais no mercado de trabalho.
O drama é maior entre os jovens: mais de mil nepaleses deixam o país todos os dias para trabalhar em países do Golfo Pérsico, na Malásia ou na Índia. Só no ano passado, 741 mil pessoas migraram em busca de emprego.
As remessas garantem a sobrevivência de milhões de famílias, mas a falta de oportunidades internas mantém a insatisfação alta — e explodiu agora nas ruas.
Corrupção crônica
Outro alvo da revolta é a corrupção sistêmica. A Transparência Internacional classifica o Nepal entre os países mais corruptos da Ásia.
- US$ 71 milhões sumiram na construção do aeroporto internacional de Pokhara, financiado com empréstimos chineses. Nenhum acusado foi indiciado.
- Políticos foram flagrados cobrando dinheiro de jovens em troca de documentos falsos que simulavam status de refugiados butaneses, mas apenas opositores foram processados.
Enquanto isso, os nepaleses enfrentam inflação alta, falta de fertilizantes para o arroz e custos elevados de saúde e educação.
Democracia em xeque
A nova Constituição de 2015 não trouxe a estabilidade esperada. Desde então, três líderes se revezaram rapidamente no poder: Oli, Pushpa Kamal Dahal e Sher Bahadur Deuba, em mandatos curtos de um ou dois anos.
Para muitos jovens, esse ciclo político estéril contrasta com a ostentação de filhos de políticos em carros de luxo, viagens internacionais e estilos de vida privilegiados.
Agora, com as ruas em ebulição e a queda do premiê, o Nepal enfrenta um dilema: como salvar sua jovem democracia e atender às demandas de uma geração sem perspectivas?
Mundo
Milei obtém vitória legislativa crucial e fortalece rumo do governo argentino
Com cerca de 40% dos votos, o presidente Javier Milei e seu partido garantem base ampliada no Congresso e reforçam a agenda de reformas

O presidente Javier Milei alcançou uma vitória significativa nas eleições legislativas da Argentina, em que seu partido, La Libertad Avanza, obteve cerca de 40,8% dos votos, superando a oposição peronista e garantindo uma nova condição de poder no Parlamento.
Essa conquista representa um avanço estratégico para o governo, pois permite maior fôlego institucional para impulsionar sua agenda de reformas econômicas, além de reduzir a vulnerabilidade frente a vetos ou entraves parlamentares.
Mesmo sem alcançar absoluta maioria, o resultado dá ao presidente Milei maior credibilidade política e um mandato reforçado para atuar no Congresso. Analistas indicam que o desempenho eleitoral neutraliza o risco de estagnação político-legislativa e abre caminho para o endurecimento ou aceleração de propostas como reformas fiscais, privatizações e abertura de mercados.
A vitória também marca simbolicamente uma virada em relação à derrota sofrida recentemente na província de Buenos Aires, considerada tradicional bastião opositor, na qual Milei havia sido superado por mais de 10 pontos percentuais. Neste pleito, contudo, a base governista conseguiu recuperar terreno e consolidar sua atuação em províncias-chave e grandes centros eleitorais.
Para o mercado, o resultado é interpretado como sinal positivo de estabilidade política e possibilidade de maior previsibilidade nas decisões econômicas. Ao mesmo tempo, cresce a pressão sobre o governo para que traduza o triunfo em avanços concretos para a sociedade – sobretudo em meio a inflação alta, desemprego e insatisfação popular.
Em suma, o governo de Javier Milei sai das urnas com uma base legislativa reforçada, mas entra numa nova fase em que será exigido entregar resultados. A vitória amplia seu horizonte de atuação, mas também amplia as expectativas de governança e eficácia.
Mundo
Argentina sob Marel Milei: avanços fiscais e crescente insatisfação social
Após dois anos no governo, as reformas liberais de Javier Milei mostram progresso macroeconômico, mas criam tensões profundas na indústria, emprego e dissonância social

Após dois anos no poder, o presidente Javier Milei transformou a Argentina em um grande laboratório econômico. Suas medidas de ajuste fiscal e reformas liberais provocaram forte impacto na economia, gerando redução da inflação e superávit nas contas públicas, mas também aprofundando tensões sociais e trabalhistas em diversas regiões do país.
A agenda de Milei conseguiu restaurar parte da confiança dos investidores e estabilizar o câmbio, resultados celebrados pelo governo como prova de eficiência da política econômica. No entanto, os custos sociais da transformação são altos: o desemprego aumentou, o setor industrial perdeu fôlego, e os índices de pobreza cresceram, especialmente entre trabalhadores informais e famílias de baixa renda.
A rápida abertura comercial e o corte de subsídios afetaram a indústria nacional, que enfrenta queda na produção e fechamento de fábricas. Muitos empresários alertam para um processo de desindustrialização precoce, que ameaça empregos e compromete a recuperação de longo prazo.
No campo social, as manifestações contra as medidas de austeridade se multiplicam. Sindicatos e movimentos populares denunciam reduções em programas sociais, aumento do custo de vida e concentração de renda. Mesmo assim, Milei mantém apoio de parte da população que acredita na necessidade de “sacrifícios” para reconstruir o país.
Com a economia ajustada, mas o tecido social em tensão, a Argentina entra em uma nova fase de desafios: reconquistar o crescimento com inclusão, estabilizar o emprego e preservar o apoio político para consolidar as reformas. O futuro do governo Milei dependerá da capacidade de equilibrar resultados econômicos com justiça social — e de provar que seu projeto libertário pode ser sustentável.
Mundo
Israel retoma ataques em Gaza e ameaça acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA
Missão diplomática liderada por enviados de Donald Trump tenta conter escalada de violência após novas ofensivas israelenses

A tensão voltou a crescer no Oriente Médio. Israel retomou os ataques à Faixa de Gaza nesta segunda-feira (20), apenas dez dias após a assinatura do acordo de cessar-fogo, colocando em risco o frágil plano de paz mediado pelos Estados Unidos.
De acordo com autoridades locais, três palestinos morreram durante uma nova ofensiva israelense no bairro de Tuffah, na Cidade de Gaza. O Exército de Israel afirmou que os disparos ocorreram após a identificação de “terroristas cruzando a linha amarela” na região de Shejaiya, e declarou que continuará a “eliminar qualquer ameaça imediata”.
Enquanto isso, os enviados americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump, chegaram a Tel Aviv para tentar preservar o cessar-fogo e se reunirão com membros do governo de Binyamin Netanyahu. O Egito, por sua vez, sediará uma reunião com o Hamas, buscando avançar nas negociações de paz.
Testemunhas relataram disparos de tanques israelenses e afirmam que moradores ainda estão confusos sobre o traçado da área de recuo militar, já que não há sinalizações visíveis no território devastado.
A escalada de violência ocorre em meio a impasses sobre a devolução dos corpos de reféns israelenses. Israel acusa o Hamas de atrasar propositalmente o processo, enquanto o grupo alega dificuldades para recuperar corpos soterrados sob escombros.
O primeiro-ministro Netanyahu também anunciou que a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, permanecerá fechada por tempo indeterminado, condicionando sua reabertura ao cumprimento integral do acordo.
O plano de paz idealizado pelo ex-presidente Trump enfrenta agora seus maiores desafios, com pendências sobre o desarmamento do Hamas, a governança futura de Gaza e o avanço na criação de um Estado palestino — pontos ainda sem consenso entre as partes envolvidas.
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