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Política

Deputado Elmar Nascimento destinou R$ 21 milhões para cidade governada pelo irmão, alvo da PF na Operação Overclean

Campo Formoso (BA), reduto eleitoral do parlamentar e administrada por seu irmão, recebeu a maior fatia de emendas individuais. PF apura indícios de participação de Elmar em suposto esquema de corrupção.

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Elmar Nascimento (União Brasil) - Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA) destinou R$ 21,2 milhões em emendas parlamentares individuais para o município de Campo Formoso (BA), sua principal base eleitoral e governada por seu irmão, Elmo Nascimento. A cidade está no centro das investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Overclean, que apura suspeitas de corrupção em contratos públicos financiados com recursos dessas emendas.

De acordo com documentos do processo obtidos com exclusividade, o volume de recursos direcionado a Campo Formoso chamou atenção da PF, que vê indícios da atuação de um grupo criminoso atuando dentro da administração municipal em conluio com empresas beneficiadas em licitações. Parte dos contratos investigados foi viabilizada com verbas federais repassadas por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), com origem em emendas atribuídas ao deputado Elmar.

A PF afirma, em representação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a movimentação atípica de verbas e a participação de familiares do parlamentar nas gestões municipais motivaram o aprofundamento das apurações:

“A investigação passou a identificar potenciais indícios da participação do parlamentar nos atos criminosos, diante da participação direta de seu irmão Elmo Nascimento, do superintendente da Codevasf indicado por Elmar e de representantes do grupo criminoso que posteriormente venceria o processo licitatório”, diz trecho da representação.

Escalada nos repasses

Os dados do Portal da Transparência mostram que os repasses aumentaram progressivamente ao longo dos anos, com destaque para os períodos posteriores à eleição do irmão do deputado como prefeito da cidade. Veja a evolução:

  • 2016 – R$ 487.500,00
  • 2018 – R$ 10.933,87
  • 2019 – R$ 38.036,95
  • 2020 – R$ 123.010,13
  • 2021 – R$ 4.914,33
  • 2022 – R$ 1.428.106,63
  • 2023 – R$ 9.152.448,00
  • 2024 – R$ 10.000.000,00

Apesar de outras cidades baianas também terem recebido recursos, como Filadélfia e Camaçari, com cerca de R$ 2 milhões cada, Campo Formoso concentrou quase 13% do total de R$ 168,2 milhões em emendas individuais enviadas por Elmar entre 2016 e 2024.

Envolvimento familiar

Além do prefeito Elmo Nascimento, outro parente do parlamentar foi implicado nas investigações. Francisco Manoel do Nascimento Neto, primo de Elmar e ex-secretário de governo de Campo Formoso, foi preso na primeira fase da Operação Overclean. A PF o aponta como responsável por fraudes em licitações, manipulação de editais e recebimento de propinas.

O ministro Nunes Marques, do STF, autorizou a nova fase da operação com base em análises de celulares apreendidos, que revelaram encontros entre o prefeito, representantes da Codevasf e empresários investigados.

Defesa

Procurado, o deputado Elmar Nascimento afirmou que os repasses seguem critérios eleitorais e de representação popular:

“Se você buscar todas as minhas eleições, desde deputado estadual, é o município em que eu sempre tive mais voto”, afirmou. “Todo deputado faz investimento conforme a sua votação”.

Sobre a acusação de envolvimento nos contratos sob investigação, a defesa do parlamentar destacou que a indicação de emendas não implica responsabilidade direta sobre a execução das obras ou fiscalização do uso dos recursos.

A Codevasf, por sua vez, esclareceu em nota que não possui contrato direto com a empresa investigada. Segundo a companhia, o convênio é com o município e cabe à prefeitura realizar os processos licitatórios.

“Os procedimentos de execução do convênio encontram-se sob responsabilidade do município”, informou.

Redação Saiba+

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Política

Podemos ganha força após fracasso de fusão com PSDB

Tiago Dimas e Rafael Fera assumem mandatos após novo entendimento do TSE sobre sobras eleitorais

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A presidente do Podemos, Renata Abreu - Bruno Santos

O Podemos deve ampliar sua bancada na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira (17), com a diplomação dos deputados Tiago Dimas (TO) e Rafael Fera (RO). A mudança ocorre após um novo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a distribuição das sobras eleitorais. Com isso, o partido passará a contar com 17 parlamentares federais.

A movimentação vem logo após o fracasso da fusão entre Podemos e PSDB, que vinha sendo negociada há meses, mas foi abandonada nesta semana por desacordo sobre o comando da nova legenda. O Podemos defendia a presidência da fusão por quatro anos, enquanto os tucanos queriam alternância na liderança, o que levou ao fim das tratativas.

Do outro lado, o PSDB enfrenta um processo de esvaziamento, agravado pelo colapso da fusão. A sigla deve perder nas próximas semanas seu último governador em exercício, Eduardo Riedel (MS), que negocia sua filiação ao PP ou ao PSD. Riedel deve seguir o mesmo caminho de Raquel Lyra (PE) e Eduardo Leite (RS), que também deixaram o PSDB recentemente rumo ao PSD de Gilberto Kassab.

A interpretação do TSE sobre as sobras eleitorais tem provocado reações em diversas bancadas e pode impactar o equilíbrio de forças no Congresso Nacional. Com os dois novos nomes, o Podemos se posiciona como uma legenda de médio porte em crescimento, sobretudo com a janela partidária se aproximando.

Redação Saiba+

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Política

PF prende ex-ministro Gilson Machado por suspeita de fraude em passaporte

Ex-titular do Turismo no governo Bolsonaro é investigado por tentar facilitar fuga de Mauro Cid com passaporte português; caso se soma às acusações de tentativa de golpe

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Reprodução

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta sexta-feira (13), em Recife (PE), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, sob suspeita de envolvimento em um esquema para a emissão fraudulenta de passaporte português. A ação faz parte de um desdobramento da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado que envolve Jair Bolsonaro, Mauro Cid e outros aliados próximos.

Segundo informações obtidas com fontes da investigação, Machado teria atuado, em maio de 2025, para facilitar a saída de Mauro Cid do Brasil, por meio da emissão de um documento europeu irregular. Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente, é réu por participar da suposta conspiração golpista e vem sendo alvo de diversas frentes de apuração da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Na última terça-feira (10), a PGR encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para investigar formalmente o ex-ministro. O órgão também solicitou mandados de busca e apreensão, além da quebra dos sigilos telefônico e de mensagens de Gilson Machado. Para os procuradores, há elementos suficientes que indicam a tentativa de facilitar a fuga de um réu investigado por crimes contra o Estado democrático de direito.

A prisão do ex-ministro marca mais um capítulo da ofensiva judicial contra integrantes do núcleo político próximo a Bolsonaro. Gilson Machado foi ministro do Turismo entre 2020 e 2022, tendo também ocupado cargos ligados à promoção do governo nas redes sociais. Ele é conhecido pela defesa pública do ex-presidente e atuação ativa em pautas conservadoras.

A investigação segue sob sigilo, mas os desdobramentos indicam que novas prisões ou medidas cautelares podem ser autorizadas nos próximos dias, em meio ao avanço do inquérito que apura a tentativa de subversão do resultado das eleições de 2022.

Redação Saiba+

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Política

Lula diz que é presidente por “milagre” e dispara contra extrema direita

Durante cerimônia em Minas Gerais, presidente afirma que pode disputar um quarto mandato e critica Bolsonaro e a ausência de Romeu Zema no evento.

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Presidente Lula durante viagem a França na semana passada - Ludovic Marin - 9.jun.25/AFP

Em um discurso marcado por referências religiosas e provocações políticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quinta-feira (12) que sua presença na Presidência da República é um milagre. A fala ocorreu durante cerimônia em Minas Gerais, voltada ao acordo de reparação da tragédia de Mariana.

“Duvido que tenha um presidente que tenha feito metade do que eu fiz. Sou um cara agradecido a Deus. Um cara filho da Dona Lindu virar presidente só pode ser milagre. Uma, duas, três vezes, e se duvidar é a quarta vez. Se preparem, esse país não vai cair na mão da extrema direita”, afirmou Lula, em tom enfático.

O presidente ainda criticou duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mencionando a falta de entregas do seu antecessor no estado mineiro. “Eu duvido que vocês digam, mesmo aquele que for mais bolsonarista, que diga uma obra que o Bolsonaro fez em Minas”, provocou.

Lula também exaltou programas de sua gestão, destacando o retorno de iniciativas sociais abandonadas no governo anterior. “Nós estamos fazendo um milagre nesse país. Primeiro recuperamos várias coisas que tinham acabado, como o Minha Casa Minha Vida, que vamos entregar 3 milhões de casas até o fim do mandato”, declarou, reforçando o tom messiânico do discurso.

O evento, porém, foi marcado pela ausência do governador de Minas, Romeu Zema (Novo). A não participação do chefe do Executivo estadual gerou críticas públicas por parte de ministros do governo federal, que acusaram o governador de boicote institucional e desrespeito à população mineira.

Redação Saiba+

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