Brasil
Escândalo do INSS domina redes e pressiona governo Lula
Estudo da Quaest mostra que caso gerou 2,6 vezes mais repercussão que crise do Pix; PT tenta reverter narrativa e vincular fraude ao governo Bolsonaro

O escândalo das fraudes bilionárias no INSS se tornou o tema mais explosivo nas redes sociais nas últimas semanas, superando em 2,6 vezes o volume de interações gerado pela polêmica da suposta taxação do Pix. É o que aponta um levantamento da Quaest, que analisou 3,6 milhões de mensagens em mais de 30 mil grupos públicos de WhatsApp, Telegram e Discord, entre os dias 21 de abril e 7 de maio.
Impulsionado por revelações da Polícia Federal, a crise no INSS ganhou força em três ondas. A primeira, no dia 23 de abril, quando veio à tona o esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. A segunda, em 29 de abril, com a estimativa de prejuízo de R$ 6,3 bilhões. E a terceira, no dia 6 de maio, após a publicação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que viralizou nas redes e gerou um salto de 204% nas menções ao tema em apenas 24 horas.
O vídeo de Nikolas, que acusava o governo Lula de responsabilidade pelas fraudes, foi o conteúdo mais compartilhado sobre o escândalo, concentrando 20% dos links divulgados. Nos dois primeiros dias, ele teve mais do que o dobro do engajamento de outro vídeo semelhante feito pelo parlamentar em janeiro, sobre o Pix.
Diante da força da narrativa bolsonarista, o governo reagiu. Liderado pelo PT, um vídeo publicado nas redes nesta segunda-feira tenta vincular a origem das fraudes ao governo Bolsonaro. “Quando foi instituída a fraude no INSS? Foi no governo Bolsonaro. Essa é a verdade”, diz o vídeo, que atribui ao presidente Lula o mérito por ter desbaratado o esquema e prometido ressarcimento às vítimas.
A contraofensiva envolveu também ministros como Gleisi Hoffmann (PT), Jorge Messias (AGU) e Vinícius Carvalho (CGU), além de parlamentares como Lindbergh Farias (PT-RJ), que chegou a usar o próprio vídeo de Nikolas como pano de fundo para suas críticas.
Ainda segundo a análise da Quaest, metade das mensagens sobre o escândalo carregavam críticas diretas ao governo federal, enquanto apenas 3% defendiam a gestão Lula. Nem mesmo entre grupos tradicionalmente bolsonaristas temas como a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro ou a anistia dos presos do 8 de Janeiro conseguiram manter protagonismo.
O escândalo, que já provocou a queda do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), expôs a fragilidade da comunicação governista em meio a uma guerra de narrativas cada vez mais acirrada nas redes sociais.
Brasil
Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”
Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.
Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.
Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.
Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.
Brasil
Absolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país
Justiça do Rio absolve acusados de incêndio que matou 10 jovens e reacende debates sobre impunidade e segurança nos clubes

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver todos os réus acusados pelo incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez jovens atletas em 2019, provocou indignação social e levantou graves questionamentos sobre a responsabilização em acidentes envolvendo menores e instituições esportivas.
O incêndio, que ocorreu em uma instalação improvisada de contêineres destinada à base do clube, revelou falhas chocantes: alvará irregular, estrutura precária e reação tardia dos responsáveis. O juiz responsável pela sentença apontou que não foram identificadas provas suficientes para imputar responsabilidade penal individual, resultando na tragédia sem culpados.
A repercussão da absolvição ultrapassa o campo jurídico: familiares das vítimas, torcedores e especialistas em administração esportiva consideram a decisão um sinal de fragilidade institucional na apuração de crimes com resultado fatal. A ausência de punição acende alertas sobre segurança em alojamentos de formação, padrões de fiscalização e omissões de entidades públicas ou privadas.
Mesmo após acordo extrajudicial com o Flamengo e famílias, a dura realidade das jovens vítimas permanece viva no imaginário coletivo. A decisão volta a intensificar críticas à cultura de negligência no futebol de base, à responsabilidade de clubes e à ausência de modelos eficazes de prevenção de tragédias.
O episódio coloca o país diante de um debate urgente sobre transparência, responsabilidade civil e criminal em espaços esportivos, especialmente quando envolvem menores. O que se vê é uma lacuna entre a comoção pública suscita reformas e o alcance real do sistema penal em garantir justiça às vítimas.
Brasil
Instituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano
Criado pelo ministro do STF André Mendonça, o Instituto Iter oferece cursos e palestras para governos e órgãos públicos, enquanto especialistas questionam possíveis conflitos de interesse

Em pouco mais de um ano de funcionamento, o Instituto Iter, fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, movimentou R$ 4,8 milhões em contratos públicos firmados com governos estaduais, prefeituras, tribunais de contas e outros órgãos. Criado em novembro de 2023, o instituto rapidamente se consolidou como referência em cursos e palestras voltados à gestão pública — mas também levantou questionamentos sobre conflito de interesses e limites éticos da magistratura.
O Iter, que começou como uma empresa limitada e depois se tornou sociedade anônima de capital fechado, tem entre seus sócios nomes ligados ao governo Bolsonaro, como Victor Godoy, ex-ministro da Educação e atual CEO, e Danilo Dupas, ex-presidente do Inep. A empresa Integre, de propriedade do casal Mendonça, é a acionista majoritária do instituto.
Entre os contratos mais vultosos está o firmado com o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo, no valor de R$ 1,2 milhão, para oferta de cursos e palestras a servidores. Governos de São Paulo, Bahia e Piauí, além de tribunais de contas e câmaras municipais, também constam na lista de clientes públicos.
O ministro nega qualquer irregularidade e afirma que sua atuação no Iter é “exclusivamente educacional”, amparada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que permite o exercício do magistério. “O instituto é voltado à disseminação do conhecimento e à formação técnica e ética de gestores”, declarou Mendonça em nota.
No entanto, juristas como Conrado Hübner, professor da USP, e Fernando Fontainha, da UERJ, apontam que a atuação do ministro pode configurar violação do dever de reserva e conflito de interesses, já que o instituto mantém vínculos diretos com agentes e instituições que podem ser alvo de decisões do STF.
Além de atuar como palestrante e moderador, Mendonça também intermediou encontros entre parlamentares e profissionais dentro do Iter, apresentando o local como um “espaço neutro, sem as influências de Brasília”. Para críticos, essa aproximação reforça a zona cinzenta entre a função pública e a atividade privada do ministro.
Mesmo com a polêmica, o Iter segue expandindo suas atividades e oferecendo cursos com valores que chegam a R$ 16 mil por aluno, além de eventos presenciais com a participação de autoridades e especialistas do setor público.



Brasil6 dias atrásAbsolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país
Política5 dias atrásReajuste do IPTU em São Paulo aponta onde imposto pode subir até 30%
Bahia6 dias atrásBahia reforça protagonismo no saneamento durante a FENASAN 2025
Política6 dias atrásEstudantes da rede estadual da Bahia participam da 22ª Semana Nacional de Ciência & Tecnologia
Brasil7 dias atrásInstituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano
Política6 dias atrásLuiz Fux pede transferência de turma no Supremo Tribunal Federal
Política6 dias atrásGoverno avalia afastar regra do arcabouço para ampliar gastos em ano eleitoral
Política4 dias atrásLula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump














