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Política

TCU aponta indícios de irregularidade em viagem de Eduardo Bolsonaro

Auditores recomendam apuração do uso de recursos públicos durante estadia nos EUA; ministro Benjamin Zymler decidirá os próximos passos

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O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) discursa na Cpac, conferência conservadora, nos Estados Unidos - Saul Loeb - 20.fev.25/AFP

Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) identificaram “indícios suficientes de irregularidade” no uso de recursos públicos por parte do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante sua estadia nos Estados Unidos. O parecer da Diretoria de Fiscalização dos Poderes Legislativo e Judiciário, validado pela chefia de auditoria da Corte, foi encaminhado nesta sexta-feira (11) ao ministro Benjamin Zymler, relator do caso, a quem caberá decidir se seguirá a recomendação e solicitará apuração à Câmara dos Deputados.

O caso ganhou visibilidade após um pedido formal do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que acusou Eduardo Bolsonaro de promover articulações no exterior contra a soberania nacional brasileira. Boulos chegou a citar o artigo do Código Penal que trata de negociações com governos ou grupos estrangeiros com fins hostis ao país.

De acordo com os técnicos do TCU, o relatório de presença no portal da transparência da Câmara mostra que Eduardo faltou a cinco sessões deliberativas neste ano, tendo justificado apenas uma ausência antes de se licenciar, em 20 de março, para tratamento de saúde e, posteriormente, por interesse particular. O tribunal observou ainda a ausência de desconto salarial pelas faltas não justificadas, o que contraria as normas da Casa.

A apuração considerou ainda um pedido de reembolso de passagem aérea internacional, no valor de R$ 8.180, feito em março de 2024 por meio da cota parlamentar. Embora o valor não atinja o limite mínimo de R$ 120 mil estabelecido como critério para abertura de tomada de contas especial, os auditores consideraram pertinente encaminhar o caso à unidade de controle interno da Câmara para investigação administrativa.

A recomendação atual contraria um parecer anterior de um auditor da unidade, que avaliou não haver elementos suficientes para investigação. No entanto, a chefia da diretoria de auditoria divergiu e reforçou a necessidade de apuração.

O caso se insere em um contexto político delicado. A manifestação do TCU ocorre dois dias após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras, movimento visto por analistas como parte de uma ofensiva para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente investigado por uma série de ações no Brasil.

Além do processo no TCU, a viagem de Eduardo também é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), em inquérito relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que apura eventuais articulações do parlamentar contra autoridades brasileiras no exterior.

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ter enviado cerca de R$ 2 milhões ao filho para cobrir gastos nos Estados Unidos, recurso que teria sido oriundo do saldo remanescente de sua campanha presidencial de 2022. Segundo ele, a remessa foi feita para evitar que Eduardo “passasse por dificuldades”.

Até o momento, Eduardo Bolsonaro não se manifestou publicamente sobre o parecer do TCU.

Redação Saiba+

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Política

Trump questiona Luiz Inácio Lula da Silva sobre prisão e menciona “perseguição”

Durante reunião diplomática, Donald Trump retirou o foco dos temas oficiais para comentar trajetória do presidente brasileiro e o chamou de “vítima de perseguição”.

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Kuala Lampur, Malásia. 26.10.2025 Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, durante Encontro com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático - ASEAN em Kuala Lampur, Malásia. Fotos: Ricardo Stuckert / PR Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em um encontro marcado por tensões e gestos diplomáticos, o presidente Donald Trump mostrou um interesse inesperado na vida pessoal do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo relatos dos bastidores, Trump teria perguntado “quanto tempo você ficou preso?” ao líder brasileiro, se referindo aos processos e à detenção anterior de Lula.

Mais do que curiosidade, Trump qualificou a trajetória de Lula como sendo de alguém “perseguido” politicamente, o que levanta interpretações sobre o clima e a estratégia de aproximação entre as duas nações.

Apesar de a pauta oficial da reunião tratar de comércio bilateral, tarifas e cooperação, o episódio revela que as interlocuções diplomáticas assumem múltiplas camadas — entre negociações técnicas e simbolismos políticos. A ênfase na vida pessoal serve como elemento simbólico: ao exaltar a volta de Lula à presidência após enfrentar acusações e prisão, Trump procura manifestar admiração ou buscar narrativa de reviravolta.

Para o governo brasileiro, o gesto pode representar uma vitória de imagem: ser reconhecido internacionalmente como líder que superou obstáculos e voltou ao poder. Para os Estados Unidos, a conversa revela uma tentativa de estabelecer redenção ou afinidade política, possivelmente projetada em futuros diálogos comerciais ou estratégicos.

No entanto, o episódio também gera críticas: especialistas em política externa apontam que, quando questões pessoais ganham tanto destaque, elas podem diluir o foco das negociações técnicas e criar expectativas desequilibradas. Um analista resumiu: “o que era uma reunião sobre tarifas virou cenário para narrativa pessoal”.

Em resumo, o encontro entre Trump e Lula ilustra que na diplomacia contemporânea os detalhes – como uma pergunta sobre prisão – podem ter impacto simbólico tão relevante quanto os acordos formais. Como resultado, resta acompanhar se o reconhecimento da trajetória de Lula se traduzirá em avanços concretos nas relações comerciais e estratégicas entre Brasil e Estados Unidos.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”

Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração conjunta à imprensa, na Residência do Primeiro-Ministro da Malásia. Putrajaya (Malásia) Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.

Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.

A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.

O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.

A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.

Redação Saiba+

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Política

Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda

Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

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O ministro Fernando Haddad — Foto: Maria Isabel Oliveira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.

Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.

O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.

A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.

O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.

Redação Saiba+

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