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Brasil busca alternativas para enfrentar tarifaço de Trump

Governo Lula e setor privado articulam fundo emergencial, negociação direta com os EUA e novas alianças comerciais para conter prejuízos com sobretaxa de 50%

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O presidente Lula olha para seu relógio durante evento realizado em Santiago, no Chile - Pablo Sanhueza/Reuters

Com o prazo final de 1º de agosto se aproximando, data em que devem começar a valer as sobretaxas de 50% impostas pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros, o Brasil já prepara uma série de medidas para mitigar os impactos econômicos da decisão. Governo e setor produtivo estão se mobilizando em várias frentes, desde a criação de um fundo emergencial até missões diplomáticas para negociar diretamente com os norte-americanos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (21) que sua equipe trabalha com diferentes cenários. “Estamos preparando alternativas para apresentar ao presidente, mas punir empresas ou cidadãos americanos não está em discussão. Todo cidadão americano será tratado com respeito”, garantiu, em entrevista à rádio CBN.

Fundo emergencial para empresas impactadas

Uma das medidas em estudo é a criação de um fundo privado temporário para oferecer crédito a setores afetados pela medida americana, como o siderúrgico e o agroindustrial. A proposta é que os recursos sejam liberados com base na comprovação de queda de receitas decorrente da perda de mercado nos EUA.

O fundo deverá ser instituído via Medida Provisória (MP) e capitalizado pelo Tesouro Nacional com crédito extraordinário, sem afetar o teto de gastos estabelecido pelo arcabouço fiscal.

Negociação direta com os EUA

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, estuda liderar uma comitiva interministerial para negociar em Washington, com o objetivo de buscar um acordo comercial que despolitize o conflito e suspenda ou adie as tarifas. A equipe brasileira deve oferecer contrapartidas comerciais, como a retirada de barreiras a produtos americanos.

Além disso, o governo pretende solicitar um adiamento de até 90 dias para o início da vigência das sobretaxas, medida apoiada pelo empresariado e discutida com representantes da indústria.

Fortalecimento de alianças internacionais

Diante da crescente tensão comercial com os EUA, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, destacou a importância de diversificar os parceiros internacionais. Segundo ele, o governo pretende agilizar o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, além de fortalecer laços com países como Canadá e México.

Tributação das big techs e regulação das redes

O presidente Lula também voltou a defender a taxação de empresas de tecnologia norte-americanas, como parte de uma resposta estratégica ao tarifaço. Segundo ele, empresas que descumprirem regras brasileiras, especialmente no combate à desinformação, poderão ser penalizadas financeiramente.

Sensibilização do consumidor norte-americano

Empresários brasileiros, com apoio do governo, devem apresentar diretamente aos importadores americanos os impactos da tarifa, evidenciando que o aumento nos preços de produtos como café, suco de laranja e carne bovina será sentido no bolso do consumidor nos EUA.

A estratégia é respaldada por episódios como o da distribuidora de suco de laranja norte-americana que acionou a Justiça contra a tarifa de 50%, alegando risco de demissões e aumento de custos.

Setor financeiro em alerta

Bancos brasileiros já iniciaram consultas a escritórios jurídicos nos EUA diante da possibilidade de sanções mais amplas por parte do governo Trump. O setor teme restrições a operações de câmbio e transações com instituições norte-americanas, caso a crise evolua para uma escalada econômica mais grave.


Com a tensão comercial em alta, o Brasil aposta no diálogo, em medidas de proteção interna e na ampliação de suas alianças internacionais para mitigar os danos provocados pela medida unilateral dos EUA. Resta saber se a diplomacia e a pressão do setor privado conseguirão evitar um impacto mais profundo nas exportações brasileiras.

Redação Saiba+

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Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”

Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

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Secretário Especial da Receita Federal - Secretaria Especial da Receita Federal, Robinson Sakiyama Barreirinhas Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.

Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.

Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.

Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.

Redação Saiba+

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Absolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país

Justiça do Rio absolve acusados de incêndio que matou 10 jovens e reacende debates sobre impunidade e segurança nos clubes

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Ninho do Urubu, CT do Flamengo, após o incêndio que causou a morte de 10 pessoas. Foto: Fabio Motta

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver todos os réus acusados pelo incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez jovens atletas em 2019, provocou indignação social e levantou graves questionamentos sobre a responsabilização em acidentes envolvendo menores e instituições esportivas.

O incêndio, que ocorreu em uma instalação improvisada de contêineres destinada à base do clube, revelou falhas chocantes: alvará irregular, estrutura precária e reação tardia dos responsáveis. O juiz responsável pela sentença apontou que não foram identificadas provas suficientes para imputar responsabilidade penal individual, resultando na tragédia sem culpados.

A repercussão da absolvição ultrapassa o campo jurídico: familiares das vítimas, torcedores e especialistas em administração esportiva consideram a decisão um sinal de fragilidade institucional na apuração de crimes com resultado fatal. A ausência de punição acende alertas sobre segurança em alojamentos de formação, padrões de fiscalização e omissões de entidades públicas ou privadas.

Mesmo após acordo extrajudicial com o Flamengo e famílias, a dura realidade das jovens vítimas permanece viva no imaginário coletivo. A decisão volta a intensificar críticas à cultura de negligência no futebol de base, à responsabilidade de clubes e à ausência de modelos eficazes de prevenção de tragédias.

O episódio coloca o país diante de um debate urgente sobre transparência, responsabilidade civil e criminal em espaços esportivos, especialmente quando envolvem menores. O que se vê é uma lacuna entre a comoção pública suscita reformas e o alcance real do sistema penal em garantir justiça às vítimas.

Redação Saiba+

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Instituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano

Criado pelo ministro do STF André Mendonça, o Instituto Iter oferece cursos e palestras para governos e órgãos públicos, enquanto especialistas questionam possíveis conflitos de interesse

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Em pouco mais de um ano de funcionamento, o Instituto Iter, fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, movimentou R$ 4,8 milhões em contratos públicos firmados com governos estaduais, prefeituras, tribunais de contas e outros órgãos. Criado em novembro de 2023, o instituto rapidamente se consolidou como referência em cursos e palestras voltados à gestão pública — mas também levantou questionamentos sobre conflito de interesses e limites éticos da magistratura.

O Iter, que começou como uma empresa limitada e depois se tornou sociedade anônima de capital fechado, tem entre seus sócios nomes ligados ao governo Bolsonaro, como Victor Godoy, ex-ministro da Educação e atual CEO, e Danilo Dupas, ex-presidente do Inep. A empresa Integre, de propriedade do casal Mendonça, é a acionista majoritária do instituto.

Entre os contratos mais vultosos está o firmado com o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo, no valor de R$ 1,2 milhão, para oferta de cursos e palestras a servidores. Governos de São Paulo, Bahia e Piauí, além de tribunais de contas e câmaras municipais, também constam na lista de clientes públicos.

O ministro nega qualquer irregularidade e afirma que sua atuação no Iter é “exclusivamente educacional”, amparada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que permite o exercício do magistério. “O instituto é voltado à disseminação do conhecimento e à formação técnica e ética de gestores”, declarou Mendonça em nota.

No entanto, juristas como Conrado Hübner, professor da USP, e Fernando Fontainha, da UERJ, apontam que a atuação do ministro pode configurar violação do dever de reserva e conflito de interesses, já que o instituto mantém vínculos diretos com agentes e instituições que podem ser alvo de decisões do STF.

Além de atuar como palestrante e moderador, Mendonça também intermediou encontros entre parlamentares e profissionais dentro do Iter, apresentando o local como um “espaço neutro, sem as influências de Brasília”. Para críticos, essa aproximação reforça a zona cinzenta entre a função pública e a atividade privada do ministro.

Mesmo com a polêmica, o Iter segue expandindo suas atividades e oferecendo cursos com valores que chegam a R$ 16 mil por aluno, além de eventos presenciais com a participação de autoridades e especialistas do setor público.

Redação Saiba+

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