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Bolsonaristas adotam a figura de uma manicure como seu novo ícone para pleitear a anistia

Após a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos ser transferida para prisão domiciliar, o ex-presidente e perfis de direita estão agora focando no caso de Eliene Amorim de Jesus.

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Eliene Amorim de Jesus, durante os atos de 8 de janeiro de 2023 (Rede social/Reprodução)
Eliene Amorim de Jesus, durante os atos de 8 de janeiro de 2023 (Rede social/Reprodução)

Após a recente decisão de conceder prisão domiciliar à cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que estava detida preventivamente por pintar a estátua “A Justiça” com batom em Brasília, o bolsonarismo adotou um novo símbolo em sua campanha pela anistia de indivíduos acusados de participar de atos de depredação contra as sedes dos três Poderes. Agora, o caso da manicure Eliene Amorim de Jesus é utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e diversos perfis de direita nas redes sociais para pleitear a libertação dos detidos.

Débora Rodrigues dos Santos, que estava presa há dois anos, obteve o benefício da prisão domiciliar na última sexta-feira, após o ministro Luiz Fux indicar que a pena atribuída a ela era excessiva. Em uma publicação nas redes sociais nesta segunda-feira, 31.

Bolsonaro diz que “infelizmente o caso de Débora não é isolado”.

“Existem muitas outras Déboras. Muitas outras mães afastadas arbitrariamente de seus filhos. Muitas jovens com a vida interrompida não por crime algum, mas pelo desejo de vingança de Alexandre de Moraes”, afirmou.


Na mesma publicação, o ex-presidente menciona que Eliene é uma missionária da Assembleia de Deus e estudante de psicologia, sem histórico criminal, que foi presa por estar presente nos acampamentos como pesquisadora. A postagem de Bolsonaro, compartilhada por seus seguidores, exibe a imagem de uma mulher usando um boné, segurando um bloco de anotações e uma caneta, envolta em uma bandeira do Brasil, símbolo adotado pelos manifestantes golpistas.

 “Todas as imagens mostram Eliene com papel e caneta na mão. Seu celular, apreendido pela PF, comprova que ela realizava uma pesquisa sobre os acampamentos pela ótica da psicologia. Mesmo assim, Eliene está presa preventivamente há dois anos no Presídio de Pedrinhas (Maranhão) sem visitas, longe da família e com a vida suspensa”, afirmou.


Bolsonaro finaliza sua publicação convocando seus seguidores a participarem do protesto pela anistia dos envolvidos no evento do dia 8 de janeiro, agendado para o próximo domingo, 6 de março, na Avenida Paulista, em São Paulo.

Assim como Débora, Eliane Amorim de Jesus foi acusada pelos crimes de golpe de estado, violação violenta do estado democrático de direito, danos ao patrimônio histórico protegido e vandalismo qualificado por uso de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com prejuízo significativo para a vítima. Segundo a denúncia da PGR, Eliane viajou do Maranhão até Brasília e acampou próximo ao Quartel-General do Exército nos dias 7 e 8 de janeiro de 2023, juntando-se aos demais membros do grupo que invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes.

 “A denunciada participou de atos de estrago e destruição”, diz a PGR.

De acordo com a denúncia, a identificação de Eliene foi realizada através de fotos que ela mesma compartilhou em seu perfil no Instagram. Em uma das imagens, ela está dentro do Palácio do Planalto, enquanto em outra aparece a frase “Boraaa Brasil”, o que, segundo a PGR, indica apoio ao movimento. Além disso, mensagens encontradas em seu celular sugerem que Eliene estava envolvida com Antônio Freitas Gomes, conhecido como Antônio Patriota, suposto organizador do grupo que viajou do Maranhão a Brasília para participar dos protestos.

Nas mensagens, ele fornece instruções sobre como agir durante os atos e na divulgação posterior. A análise do sigilo bancário revelou que Eliene recebeu 2.360 reais através de 55 Pix enviados por diferentes pessoas. Em seu depoimento, ela admitiu que a viagem foi financiada por doações, confirmou sua presença no protesto de 8 de janeiro, mas negou ter cometido atos de vandalismo em prédios públicos.

“O acervo probatório é no sentido de que Eliene Amorim de Jesus participava de grupo de “patriotas” de sua cidade natal e foi patrocinada por terceiras pessoas para que se dirigisse a Brasília/DF com Alan de Oliveira Rocha e Lucas Felipe Costa Rego, ali participasse dos atos antidemocráticos de 8.1.2023 e os documentasse”, afirma a PGR.

A denúncia foi recebida em decisão unânime da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto de 2024 e o processo segue tramitando. O relator, ministro Alexandre de Moraes, designou audiência de instrução para ouvir testemunhas no próximo dia 3 de abril. Se condenada, Eliane pode ter sentença semelhante à estipulada por Moraes a Débora: catorze anos de prisão. No caso da cabeleireira, o julgamento foi suspenso após dois votos pela condenação — de Moraes e de Flávio Dino.

O ministro Luiz Fux pediu vista do processo e tem até noventa dias para devolver o processo para votação. Débora deixou a Penitenciária Feminina de Rio Claro no último sábado, 29. Ela terá que usar tornozeleira eletrônica e respeitar algumas restrições, como não ter contato com outros investigados, não receber visitas que não sejam de familiares e advogados, não dar entrevista e não utilizar as redes sociais.

Redação Saiba+

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Gilson Machado nega crime após prisão e diz que só pediu passaporte para o pai

Ex-ministro de Bolsonaro foi preso pela PF no Recife; suspeita é de que ele teria tentado ajudar Mauro Cid a sair do país com passaporte português

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O ex-ministro Gilson Machado no IML do Recife após ter sido preso pela PF - João Carlos Mazella/Fotoarena/Agência O Globo

O ex-ministro do Turismo e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Gilson Machado (PL), foi preso nesta sexta-feira (13) pela Polícia Federal, no Recife, durante operação que também teve como alvo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A ação investiga uma suposta tentativa de obtenção irregular de passaporte português para Cid, em possível tentativa de fuga do país.

Ao ser conduzido ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exame de corpo de delito, Gilson Machado falou com a imprensa e negou qualquer envolvimento com o caso Mauro Cid.

“Não matei, não trafiquei drogas. Não tive contrato com traficante. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone, aqui no consulado do Recife”, declarou.
Não estive presente em nenhum consulado, nem em embaixadas, seja de Portugal ou de qualquer outro país. A justiça de Deus tarda, mas não falha”, completou.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), que autorizou o avanço das investigações e as diligências da PF, há indícios de que Machado teria atuado junto ao consulado de Portugal no Recife, no mês passado, para viabilizar a saída de Mauro Cid do Brasil. No entanto, segundo as apurações, a emissão do documento não teria sido concretizada.

O advogado de Gilson Machado, Célio Avelino, afirmou que o ex-ministro já prestou depoimento à Polícia Federal e reforçou a versão de que o contato com o consulado português se deu apenas por telefone e exclusivamente para renovar o passaporte do pai de Machado.

Após os procedimentos no IML, o ex-ministro foi encaminhado para o presídio de Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife, onde permanece sob custódia.

Trajetória e vínculo com Bolsonaro

Gilson Machado ficou conhecido por ser uma das figuras mais próximas de Bolsonaro, participando de lives ao lado do ex-presidente, tocando sanfona e promovendo pautas conservadoras. Foi presidente da Embratur, depois ministro do Turismo, e tentou se eleger senador por Pernambuco em 2022, sem sucesso. Em 2024, disputou a prefeitura do Recife, mas novamente foi derrotado nas urnas.

Em seus perfis nas redes sociais, se apresenta como veterinário, cristão conservador e bolsonarista convicto, declarando fidelidade política ao ex-presidente, a quem chama de mentor.

Redação Saiba+

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Google processa Latam nos EUA por censura de vídeo no YouTube

Empresa americana quer impedir que decisão da Justiça brasileira retire do ar conteúdo publicado nos Estados Unidos

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A gigante da tecnologia Google entrou com um processo contra a companhia aérea Latam Airlines em um tribunal federal dos Estados Unidos, nesta quinta-feira (12), buscando impedir que uma decisão da Justiça brasileira obrigue a remoção global de um vídeo polêmico hospedado no YouTube. O conteúdo, publicado por um cidadão norte-americano, acusa um funcionário da Latam de abuso sexual contra uma criança de 6 anos.

O caso, que se arrasta desde 2018, ganhou novo capítulo após o Google alegar que a Latam tenta “contornar as proteções constitucionais à liberdade de expressão nos EUA” ao buscar na Justiça brasileira uma ordem de remoção internacional do vídeo.

Segundo a ação judicial protocolada em San Jose, Califórnia, o autor do vídeo, Raymond Moreira, é cidadão americano residente na Flórida. Ele divulgou dois vídeos no YouTube nos quais o filho relata ter sido abusado por um funcionário da Latam durante uma viagem desacompanhado. Em 2020, Moreira moveu uma ação contra a companhia aérea nos Estados Unidos, encerrada com um acordo confidencial.

A Latam, que tem sede no Chile, respondeu à imprensa afirmando que “não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre o processo judicial” nos EUA. A companhia também entrou, em 2018, com uma ação no Brasil solicitando a retirada do conteúdo do ar.

O caso agora será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deve decidir se o Judiciário brasileiro tem autoridade para determinar a remoção de conteúdo do YouTube em escala global.

Liberdade de expressão e jurisdição internacional

O Google, representado pela empresa controladora Alphabet, sustenta no processo que a jurisdição brasileira não pode se sobrepor à legislação americana, especialmente no que diz respeito ao conteúdo publicado em território dos Estados Unidos.

“O Google há muito tempo apoia o princípio de que os tribunais de um país têm jurisdição sobre o conteúdo disponível nesse país, mas não sobre o conteúdo globalmente”, afirmou o porta-voz da empresa, José Castaneda.

A empresa teme que o precedente possa abrir brechas para censura internacional de conteúdos legítimos, enfraquecendo princípios de liberdade de expressão consagrados na Constituição dos EUA.

O julgamento no STJ deverá ser acompanhado de perto por juristas, plataformas digitais e defensores da liberdade de imprensa e de expressão, uma vez que pode influenciar decisões futuras sobre jurisdição digital, censura internacional e privacidade.

Redação Saiba+

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Brasil

Governo muda estratégia e mira bets, cripto e investimentos isentos para compensar recuo do IOF

Nova MP prevê fim da isenção de LCIs e LCAs, taxação de apostas online, criptoativos e aumento no IR de aplicações financeiras, além de ajustes no IOF, JCP e CSLL para instituições financeiras

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante audiência pública conjunta na Câmara, nesta quarta-feira, 11 Foto: Wilton Junior

O governo federal anunciou, por meio de medida provisória (MP) e decreto publicados na quarta-feira (11), um novo pacote de medidas econômicas para elevar a arrecadação e compensar o recuo no aumento do IOF, rejeitado anteriormente por setores econômicos e pelo Congresso. A estratégia inclui a tributação de investimentos que antes eram isentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), além de ampliar impostos sobre apostas online (bets), criptoativos e aplicações financeiras.

A medida integra o esforço do Palácio do Planalto para equilibrar as contas públicas diante da resistência do Legislativo em aprovar o aumento do IOF sobre operações financeiras. Ao todo, mais de 10 instrumentos de arrecadação foram revistos ou criados para garantir a sustentabilidade fiscal da gestão.

Tributação de investimentos antes isentos

Um dos pontos mais sensíveis da MP é o fim da isenção para títulos incentivados como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e outros instrumentos de crédito do setor imobiliário e do agronegócio. A proposta estabelece alíquota de 5% para novos títulos emitidos a partir de 2026, respeitando o princípio da anterioridade. Títulos já emitidos continuam isentos, mesmo se negociados no mercado secundário.

A mudança atinge diretamente pequenos e médios investidores, além de impactar a captação de recursos em setores estratégicos como habitação e produção agrícola.

Aplicações financeiras passam a ter alíquota única

Outra alteração importante é a unificação da alíquota do Imposto de Renda em 17,5% para aplicações financeiras, como CDBs e títulos públicos, acabando com a tributação escalonada por tempo de aplicação. A mudança elimina a diferença entre aplicações de curto e longo prazo e simplifica a tributação, segundo o governo.

Bets e criptoativos entram na mira

No setor de apostas online, a proposta retoma a alíquota de 18% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), valor superior aos 12% aprovados pelo Congresso. Já ganhos com criptoativos passam a ser tributados em 17,5% para pessoas físicas e optantes pelo Simples Nacional, com regras específicas de compensação de perdas e retenção na fonte, válidas a partir de 2026.

CSLL e Juros sobre Capital Próprio

A Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) passará a ter duas alíquotas: 15% e 20%, substituindo a faixa atual de 9%, que será extinta. A mudança afeta instituições financeiras e fintechs, ampliando a carga tributária do setor.

Já os Juros sobre Capital Próprio (JCP), mecanismo usado por empresas para remunerar acionistas, terão alíquota elevada de 15% para 20%, medida que deve gerar forte impacto em companhias de capital aberto.

Mudanças no IOF

O novo decreto reduz a alíquota do IOF para empresas de 0,95% para 0,38%, revertendo o aumento anterior. Também foi criada uma faixa de isenção para aportes em VGBL: a partir de 2026, valores de até R$ 600 mil anuais estarão livres de IOF. Acima disso, aplica-se alíquota de 5%. Para 2025, a isenção será limitada a R$ 300 mil e restrita a uma mesma seguradora.

A cobrança do IOF sobre “risco sacado” — uma forma de antecipação de pagamentos por bancos a fornecedores — também muda: deixa de ter alíquota fixa e passa a ser calculado com base em uma alíquota diária de 0,0082%, o que representa uma redução de até 80% na carga tributária da operação.

Mercado financeiro e compensações

Os lucros obtidos em operações de bolsa e mercado de balcão organizado serão tributados em 17,5%, com isenção para vendas trimestrais inferiores a R$ 60 mil. O texto também amplia a possibilidade de compensação de perdas entre renda fixa e variável, o que hoje é restrito.

Outras medidas da MP

A MP também:

  • Inclui o programa Pé-de-Meia no piso constitucional da educação, garantindo sua permanência no orçamento.
  • Limita a concessão de benefícios por telemedicina no INSS a prazos de até 30 dias.
  • Impõe regras mais rígidas para o seguro defeso e para compensações financeiras entre regimes de previdência dos servidores.
  • Restringe compensações tributárias consideradas abusivas, como uso de créditos sem lastro.

Com a publicação da MP e do novo decreto, o governo busca equilibrar a arrecadação com foco na justiça fiscal, mas enfrenta resistências no Congresso. Lideranças de partidos como PP e União Brasil já sinalizaram voto contrário às propostas.

Redação Saiba+

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