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Correios e MST lançam selo e líder vira plano B no PT

Parceria celebra 40 anos do MST e homenageia massacre de Eldorado do Carajás; João Paulo Rodrigues pode disputar comando do PT como “plano B” de Lula

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João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST - Ronny Santos - 21.ago.2023

Em um gesto simbólico que promete gerar repercussões políticas, os Correios fecharam uma parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para o lançamento de dois selos comemorativos em defesa da reforma agrária. A ação marca os 40 anos do movimento, completados em 2024, e homenageia o 17 de abril — Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária — data que relembra o massacre de Eldorado do Carajás, no Pará.

O episódio trágico, ocorrido em 1996, ficou marcado pela ação violenta da Polícia Militar contra uma marcha do MST, resultando na morte de 21 trabalhadores rurais. Desde então, o mês de abril passou a ser lembrado com a campanha nacional “Abril Vermelho”, na qual o movimento promove mobilizações em memória das vítimas e em defesa da reforma agrária.

Segundo os Correios, os detalhes da parceria — incluindo o design final dos selos — ainda estão sendo definidos. No entanto, a iniciativa já está sendo vista como uma sinalização de reconhecimento institucional a um dos movimentos sociais mais ativos do país.

MST movimenta os bastidores políticos

João Paulo Rodrigues, uma das principais lideranças do movimento, desponta como possível candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Indicado por Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ), Rodrigues adotou como slogan o provocativo “como plano B, vote João Paulo do MST”.

A frase tem sido repetida pelo líder durante a Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo, e deixa claro o tom da disputa interna que se aproxima. Rodrigues pode ser lançado como alternativa às candidaturas de Edinho Silva — favorito de Lula — e de Rui Falcão, ambos nomes tradicionais do partido.

A possibilidade de uma candidatura de João Paulo indica um racha crescente dentro da corrente majoritária do PT, a “Construindo um Novo Brasil” (CNB), que hoje tenta recompor a unidade entre Quaquá e Edinho. O senador Humberto Costa, atual presidente da sigla, reconheceu a tensão, mas se mostrou otimista. “Vamos trabalhar mais intensamente para conseguir a unidade da CNB em torno do Edinho. Já estamos trazendo o Quaquá para uma conversa”, afirmou.

Redação Saiba+

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Escândalo do INSS: Uma conta que sobrará para a União

Governo cogita crédito extraordinário para ressarcir fraude no INSS após descontos indevidos em benefícios, União pode usar dinheiro público para compensar aposentados enquanto apura responsabilidades

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Presidente Lula / Reprodução

Uma conta que poderá sobrar para a União. O governo Lula da Silva cogita editar crédito extraordinário para ressarcir beneficiários do INSS por descontos indevidos. O mínimo que se espera é que investigações punam responsáveis e impeçam novos golpes.

Imerso há quase três semanas na crise dos descontos irregulares do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o governo já admite a possibilidade de editar crédito extraordinário para ressarcir os aposentados e pensionistas lesados pela fraude, à revelia de uma parte da equipe econômica, para quem é preciso saber exatamente quanto terá de ser devolvido antes da tomada de uma decisão.

O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, sustentou que a prioridade do Executivo é utilizar recursos das entidades que fizeram os débitos de maneira indevida para fazer a devolução do dinheiro. Mas bem se sabe que esse processo pode ser mais longo do que se espera, o que fez com que a alternativa do crédito extraordinário passasse a ser aventada para estancar a crise.

A despeito de a Operação Sem Desconto ter sido deflagrada no dia 23 de abril, somente a partir de hoje o INSS pretende comunicar 9 milhões de beneficiários sobre a associação que fez o desconto, o valor debitado e o período em que isso foi feito. Quem receber a notificação poderá fazer o pedido de devolução pelo aplicativo, mas as entidades também poderão contestar a alegação de que os aposentados e pensionistas não tinham conhecimento nem haviam autorizado os pagamentos.

Tudo o que um governo que busca a reeleição não precisa é de que um escândalo como este dure meses. Por isso, a edição de um crédito extraordinário pode ser a solução para o caso, como reconheceu a ministra do Planejamento, Simone Tebet. “Ninguém vai ficar prejudicado nessa conta, todos serão ressarcidos, (…) a única coisa que nós temos de ponderar é que o dinheiro que irá ressarcir é não só fruto da apreensão de bens, porque isso pode ser insuficiente”, disse a ministra. “Se precisar a União complementar, nós iremos complementar, mas vamos complementar com dinheiro público”, acrescentou.

De fato, o ressarcimento dos beneficiários deve ser tratado com prioridade, e antes um crédito extraordinário para encerrar o problema de uma vez do que um precatório bilionário que, corrigido pela Selic, também exigirá tratamento especial para que possa ser pago.

Pela Constituição, créditos extraordinários só podem ser utilizados para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, tais como em situações de guerra, comoção interna e calamidade pública, como foram os casos da pandemia de covid-19 e do socorro ao Rio Grande do Sul, devastado pelas enchentes do ano passado. Pelo caráter de excepcionalidade, esses recursos não são contabilizados dentro do limite de despesas do arcabouço fiscal, mas ainda assim afetam a apuração da meta fiscal.

Nos últimos anos, porém, com o aumento das restrições fiscais, as possibilidades de utilização de créditos extraordinários têm sido cada vez mais ampliadas. Em 2022, o governo Jair Bolsonaro apelou a este instrumento para bancar o reajuste do antigo Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 em pleno ano eleitoral. Em 2023, créditos extraordinários foram a solução para quitar precatórios atrasados durante a gestão Bolsonaro. No ano passado, o financiamento do combate a incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal se deu da mesma forma.

No Ministério da Fazenda, a preferência ainda é por utilizar recursos que haviam sido reservados às emendas parlamentares e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É compreensível que a equipe econômica tente evitar que mais recursos públicos sejam utilizados para pagar uma dívida que não pertence à União, mas esse remanejamento tampouco parece crível, haja vista que o espaço para recursos discricionários no Orçamento já é bastante limitado e, por isso mesmo, disputado a tapa pelo governo e pelo Congresso.

Ainda que o Executivo tenha afirmado que o esquema começou antes da posse de Lula da Silva, caberá ao governo atual dar respostas e encontrar uma solução definitiva para o problema. E, se isso passar por dinheiro público, como parece ser o caso, o que se espera é que haja uma investigação rigorosa que não só puna os responsáveis e recupere os recursos desviados, mas que feche brechas, acione controles com mais agilidade e encontre maneiras de proteger uma população tão vulnerável de golpes como este no futuro.

Redação Saiba+

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Escândalo do INSS domina redes e pressiona governo Lula

Estudo da Quaest mostra que caso gerou 2,6 vezes mais repercussão que crise do Pix; PT tenta reverter narrativa e vincular fraude ao governo Bolsonaro

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Monitoramento em redes sociais aponta que metade das mensagens sobre o escândalo do INSS são críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: WILTON JUNIOR

O escândalo das fraudes bilionárias no INSS se tornou o tema mais explosivo nas redes sociais nas últimas semanas, superando em 2,6 vezes o volume de interações gerado pela polêmica da suposta taxação do Pix. É o que aponta um levantamento da Quaest, que analisou 3,6 milhões de mensagens em mais de 30 mil grupos públicos de WhatsApp, Telegram e Discord, entre os dias 21 de abril e 7 de maio.

Impulsionado por revelações da Polícia Federal, a crise no INSS ganhou força em três ondas. A primeira, no dia 23 de abril, quando veio à tona o esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. A segunda, em 29 de abril, com a estimativa de prejuízo de R$ 6,3 bilhões. E a terceira, no dia 6 de maio, após a publicação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que viralizou nas redes e gerou um salto de 204% nas menções ao tema em apenas 24 horas.

O vídeo de Nikolas, que acusava o governo Lula de responsabilidade pelas fraudes, foi o conteúdo mais compartilhado sobre o escândalo, concentrando 20% dos links divulgados. Nos dois primeiros dias, ele teve mais do que o dobro do engajamento de outro vídeo semelhante feito pelo parlamentar em janeiro, sobre o Pix.

Diante da força da narrativa bolsonarista, o governo reagiu. Liderado pelo PT, um vídeo publicado nas redes nesta segunda-feira tenta vincular a origem das fraudes ao governo Bolsonaro. “Quando foi instituída a fraude no INSS? Foi no governo Bolsonaro. Essa é a verdade”, diz o vídeo, que atribui ao presidente Lula o mérito por ter desbaratado o esquema e prometido ressarcimento às vítimas.

A contraofensiva envolveu também ministros como Gleisi Hoffmann (PT), Jorge Messias (AGU) e Vinícius Carvalho (CGU), além de parlamentares como Lindbergh Farias (PT-RJ), que chegou a usar o próprio vídeo de Nikolas como pano de fundo para suas críticas.

Ainda segundo a análise da Quaest, metade das mensagens sobre o escândalo carregavam críticas diretas ao governo federal, enquanto apenas 3% defendiam a gestão Lula. Nem mesmo entre grupos tradicionalmente bolsonaristas temas como a saúde do ex-presidente Jair Bolsonaro ou a anistia dos presos do 8 de Janeiro conseguiram manter protagonismo.

O escândalo, que já provocou a queda do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), expôs a fragilidade da comunicação governista em meio a uma guerra de narrativas cada vez mais acirrada nas redes sociais.

Redação Saiba+

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Mães do 8 de Janeiro sofrem longe dos filhos

Seis mulheres com filhos pequenos seguem presas por participação nos atos do 8/1, com sentenças de até 17 anos, apesar de decisões judiciais anteriores que garantem prisão domiciliar para mães com crianças menores de 12 anos.

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Juliana, Ana Flávia, Jaqueline, Josilaine, Débora e Edineia são algumas das mães de filhos menores de idade que seguem presas devido aos atos do 8 de janeiro (Foto: Arquivo pessoal)

Juliana, Débora, Jaqueline, Josilaine, Ana Flávia e Edineia são mães de crianças pequenas que permanecem presas desde os atos de 8 de janeiro de 2023, mesmo com respaldo legal para receberem prisão domiciliar. Seus filhos enfrentam o trauma da separação e lidam com o vazio deixado pela ausência materna, enquanto juristas e defensores públicos questionam a legalidade e proporcionalidade das penas.

Juliana Gonçalves Lopes Barros, por exemplo, foi condenada a 17 anos de prisão, mesmo sendo mãe de três filhos, incluindo uma menina com asma. “A ausência da Juliana aqui não é só um vazio: é uma ferida aberta”, afirma o marido Paulo Henrique Barros. A defesa tentou diversas vezes a conversão da pena em domiciliar, prevista pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para mães com filhos de até 12 anos, mas os pedidos foram negados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Juliana e família / Reprodução

A advogada Valquiria Sonelis da Silva lembra que a jurisprudência do STJ prevê o benefício mesmo após condenação. Um habeas corpus de 2018 do próprio Supremo Tribunal Federal (STF) reforça esse entendimento, ao determinar prisão domiciliar para todas as mulheres com filhos pequenos, desde que não tenham cometido crimes com violência ou grave ameaça.

O mesmo drama é vivido por Débora Chaves Caiado, de 43 anos, mãe de um menino com TDAH. Ela está presa novamente desde junho de 2024, após ter passado sete meses em liberdade. O filho, de apenas oito anos, recebe acompanhamento psicológico para lidar com a ausência materna. Segundo o pai, Débora sofre de depressão e já perdeu cerca de 15 kg. Embora não haja provas diretas de destruição, o laudo aponta apenas que ela estava no Palácio do Planalto e possuía vídeos dos danos.

Débora e família / Reprodução

Jaqueline Gimenez, mineira e mãe de dois filhos, também cumpre pena de 17 anos, baseada em fotos e vídeos tirados após os atos. “Ela está com presas comuns sem nunca ter cometido crime violento”, denuncia o marido. A defesa argumenta que Jaqueline foi condenada com base na tese de crimes multitudinários, sem provas de atos específicos de vandalismo ou violência.

Débora e filhos / Reprodução

Casos semelhantes envolvem Josilaine Cristina Santana, de Contagem (MG), condenada a 17 anos por ter filmado a quebra de vidraças no STF; Ana Flávia de Souza Monteiro, presa com base em vídeos feitos no acampamento em frente ao QG do Exército; e Edineia Paes da Silva, faxineira que afirma ter entrado no Palácio do Planalto em busca de proteção durante a dispersão. Todas são mães de crianças pequenas e permanecem presas.

A situação gerou críticas de juristas como o professor Pedro Sérgio dos Santos, doutor em Criminologia, que afirma que os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, pelos quais essas mulheres foram condenadas, são juridicamente “impossíveis” de serem cometidos nas condições dos atos do 8/1. Ele argumenta que, para configurar um golpe, seria necessário uso de meios eficazes, o que não se comprovou.

A cada novo depoimento, as histórias dessas mulheres revelam um padrão: prisões prolongadas, provas frágeis, filhos traumatizados e um sistema que parece ignorar garantias previstas em lei. Enquanto isso, as famílias continuam clamando por justiça e humanidade. “Por que minha mãe está presa?”, questiona Maria Eduarda, filha de Edineia, em um vídeo comovente. A resposta ainda não veio.

Redação Saiba+

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