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Política

Zambelli não é “intocável” na Itália e pode ser extraditada, apontam juristas e parlamentares

Constituição italiana e tratados de cooperação com o Brasil permitem extradição; deputado europeu cobra providências e alerta para “vergonha internacional”

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A deputada federal Carla Zambelli, que anunciou ter deixado o Brasil - Pedro Ladeira - 26.mar.2025

A tentativa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) de se refugiar na Itália para escapar da pena de dez anos de prisão determinada pelo STF esbarra em obstáculos jurídicos relevantes. A parlamentar alegou que sua cidadania italiana a tornaria “intocável”, mas especialistas e autoridades italianas já rebatem essa tese com base em dispositivos legais e acordos de cooperação internacional firmados entre os dois países.

A Constituição da Itália, em seu artigo 26, permite a extradição de cidadãos quando há previsão em convenções internacionais — exatamente o caso do tratado de cooperação penal vigente com o Brasil desde os anos 1990. O acordo obriga ambos os países a extraditar indivíduos procurados pela Justiça, desde que não se trate de crimes políticos, o que não é o caso da deputada.

Zambelli foi condenada por orquestrar uma invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com auxílio de um hacker, além de ter praticado falsidade ideológica com o intuito de emitir alvarás de soltura fraudulentos. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou sua prisão preventiva e a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol, que reúne foragidos internacionais.

O caso provocou reações na Itália. O deputado Angelo Bonelli, da oposição, enviou um pedido formal de esclarecimentos ao governo italiano questionando quais providências serão tomadas caso Zambelli tente fixar residência no país europeu. O documento foi endereçado aos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior.

“A Itália tem o dever de seguir com um eventual pedido de extradição, já que Zambelli é também cidadã brasileira e não renunciou à sua nacionalidade”, declarou Bonelli. Ele ainda propôs uma mudança na Lei da Cidadania italiana para que condenados por crimes de golpe de Estado, contra a humanidade ou incitação à subversão percam o direito ao passaporte.

“Será uma vergonha internacional se a Itália der cobertura a uma criminosa”, afirmou Bonelli em entrevista à Folha de S. Paulo.

A situação de Zambelli é comparada à do ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália com passaporte falso após ser condenado no escândalo do mensalão. Mesmo com cidadania italiana, Pizzolato foi preso pela Interpol e extraditado ao Brasil em 2015, após decisão favorável da Justiça italiana.

Zambelli, que se diz perseguida pelo STF, afirmou que pretende buscar apoio político da primeira-ministra Giorgia Meloni, líder de um governo de coalizão com partidos de ultradireita. A deputada quer estreitar laços com a ala conservadora europeia, o que também já é feito por Eduardo Bolsonaro, que tem dialogado com líderes da base de Meloni e Matteo Salvini.

Ainda assim, a simpatia política pode não ser suficiente para conter os efeitos de uma decisão judicial internacional, sobretudo diante da exposição midiática e do precedente do caso Battisti — terrorista italiano cuja extradição do Brasil foi negada por Lula e depois executada por Bolsonaro, com apoio da própria Meloni.

Zambelli pode, sim, ser extraditada — e seu passaporte europeu não garante imunidade diante da cooperação judicial entre Brasil e Itália.

Redação Saiba+

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Política

Lula diz que extrema direita não voltará ao poder e evita falar de Haddad em 2026

Durante evento em Paris, presidente reforça discurso contra opositores e desconversa sobre possível candidatura do ministro da Fazenda nas próximas eleições

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Presidente Lula em sessão de encerramento do Fórum Empresarial Brasil-França - Ricardo Stuckert - 6.jun.25/Divulgação PR

Em entrevista concedida neste sábado (7) em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a afirmar que “a extrema direita não voltará a governar o Brasil” e fez críticas contundentes aos adversários políticos. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta sobre a estratégia eleitoral do governo para 2026 e a possibilidade de Fernando Haddad se candidatar a cargos majoritários.

“Estou te dizendo, olhando bem nos seus olhos: a extrema direita não ganhará as eleições no Brasil”, declarou o presidente, batendo com o dedo médio no púlpito, em tom firme. Lula acusou os opositores de adotarem um discurso “negacionista, mentiroso e muitas vezes até canalha”.

Ao ser questionado diretamente sobre uma eventual candidatura de Haddad a governador ou senador por São Paulo, Lula desconversou: “Você acha que eu seria louco de responder isso agora?”, disse, sorrindo. Em seguida, afirmou que só discutirá eleições em 2026 no próprio ano eleitoral, respeitando o tempo político.

“Quando chegar o momento exato, a gente vai escolher as opções. Temos que fazer um mapeamento real do Brasil, ver quem é melhor em cada lugar. Eles querem eleger senadores, governadores, deputados… e eu também quero”, afirmou o presidente.

Durante a fala, Lula também reforçou críticas às fake news e alertou sobre o uso de inteligência artificial nas campanhas eleitorais da oposição. “Não vai ser IA ou fake news que vai eleger alguém. Sem respeitar os movimentos sociais, as mulheres, os negros e os indígenas, eles não vão ganhar”, concluiu.

Sobre temas econômicos, Lula garantiu que há acordo com o Congresso sobre uma alternativa ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo ele, tudo está resolvido desde a reunião de 30 de maio com o ministro Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

“Vai acontecer exatamente aquilo que nós acertamos. Sem briga, sem conflito. Apenas fazendo o que tem que ser feito”, finalizou.

Redação Saiba+

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Política

MPF quer que Globo mantenha afiliada de Collor até 2030

Parecer entregue ao STJ defende renovação de contrato com a TV Gazeta de Alagoas, mesmo após condenação do ex-presidente e escândalos envolvendo a emissora

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Fernando Collor é o dono da TV Gazeta de Alagoas - Jefferson Rudy/Agência Senado

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeite o recurso da Rede Globo e mantenha a afiliada TV Gazeta de Alagoas, controlada pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, no quadro de emissoras parceiras da rede até 2030.

A recomendação, assinada pelo subprocurador-geral da República Maurício Vieira Bracks, foi encaminhada nesta sexta-feira (6) ao ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator do caso. No parecer, Bracks afirma que não há motivo legal para desfazer a decisão da Justiça de Alagoas, que já havia dado ganho de causa à TV Gazeta em instâncias anteriores.

Segundo o MPF, a saída da Globo comprometeria a manutenção da emissora alagoana, atualmente em recuperação judicial, e provocaria impacto direto no emprego de centenas de trabalhadores locais, além de dificultar o pagamento de credores.

A Globo, por sua vez, tenta reverter a decisão no STJ, argumentando que a emissora afiliada está envolvida em escândalos de corrupção e acumula grandes dívidas financeiras. Em outubro de 2023, a emissora carioca notificou a TV Gazeta de que não renovaria o contrato de afiliação, encerrando uma parceria que começou em 1975.

A ruptura ocorreu após denúncias de que Collor teria utilizado a TV Gazeta para receber propinas, o que culminou em uma condenação de oito anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Sem a Globo, a direção da TV Gazeta afirma que não conseguirá manter o plano de recuperação judicial, iniciado em 2019, e que a falência será inevitável. A emissora carioca, por sua vez, já firmou contrato com o Grupo Asa Branca de Comunicação, atual responsável por retransmitir o canal Futura e que deve assumir a programação global em Alagoas.

A expectativa é que o STJ dê uma decisão definitiva até o fim de junho, encerrando a disputa jurídica sobre o controle da retransmissão da Globo no estado.

Redação Saiba+

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Política

Capitão Alden participa do “SOS Bahia” e destaca soluções para a Segurança Pública

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Deputado federal foi o único parlamentar a palestrar no evento promovido pela Fundação Índigo

O deputado federal Capitão Alden (PL-BA) participou, nesta quinta-feira (5), do evento “SOS Bahia – Caminhos para mudar a Segurança Pública do nosso estado”, promovido pela Fundação Índigo no Hotel Fiesta, bairro do Itaigara, em Salvador. O encontro reuniu especialistas, gestores e personalidades com o objetivo de debater alternativas para transformar a Segurança Pública na Bahia.

Destaque entre os participantes, Capitão Alden foi o único parlamentar federal a palestrar no evento, ao lado de nomes como Rodrigo Pimentel, ex-policial do BOPE e especialista em Segurança Pública, e Caio Coppolla, comentarista político da CNN e palestrante.

Durante sua apresentação, o deputado — que é membro titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara Federal e Presidente Regional no Nordeste da Frente Parlamentar da Segurança Pública — apresentou um “raio-x” da violência na Bahia, destacando o avanço das facções criminosas após sucessivas gestões do Partido dos Trabalhadores (PT) no comando do estado.

“Somando as gestões de Wagner, Rui e agora Jerônimo, a Bahia amarga cerca de 100 mil assassinatos! Vivemos um cenário de guerra! Mas existe solução, e para isso precisamos de uma mudança de postura imediata. Todos os estados que conseguiram bons indicadores na Segurança Pública começaram pela valorização da tropa, com melhores condições de trabalho e remuneração digna. Não se pode cobrar de nenhum profissional resultado se ele encontra-se desmotivado”, afirmou Capitão Alden.

Reconhecido como o “Deputado da Segurança Pública”, Capitão Alden tem se consolidado nacionalmente por sua atuação em defesa das Forças de Segurança, com proposições legislativas, envio de emendas parlamentares e presença nos principais eventos do setor. No mês passado, o parlamentar baiano participou do documentário “Bahia Dominada – O laboratório do caos”, produzido pelo canal Iconografia da História e disponível gratuitamente no YouTube.

O evento “SOS Bahia” reforçou a importância do debate público qualificado sobre segurança, reunindo especialistas e líderes políticos comprometidos com a busca de soluções concretas para reduzir a violência e promover mais segurança para os baianos.

Redação Saiba+

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