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Brasil

Tarifaço ameaça 110 mil empregos e pode tirar R$ 19 bilhões do PIB brasileiro

Medida dos EUA atinge setores estratégicos da economia, com impactos severos nas exportações, empregos e indústrias de transformação e do agronegócio. Estudo da UFMG aponta que estados como SP, RS e PR sofrerão as maiores perdas.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Lula (Foto: EFE/EPA/Jim Lo Scalzo e Ricardo Stuckert/PT)

Um novo cenário de incerteza se instala sobre a economia brasileira com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, que entra em vigor no próximo dia 1º de agosto. A medida, que afeta especialmente as exportações brasileiras para o maior mercado da indústria nacional, pode resultar em perdas bilionárias e até 110 mil postos de trabalho eliminados, segundo estudos da CNI, UFMG e XP Investimentos.

Embora justificada formalmente por divergências comerciais, a nova tarifa foi anunciada por carta do ex-presidente Donald Trump a Lula, com argumentos fortemente políticos: a operação da PF contra Bolsonaro e o embate brasileiro sobre liberdade de expressão e regulação de redes sociais. O cenário agrava a tensão institucional entre os dois países.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que o país está preso a uma “agenda política sequestrada” e que os embates ideológicos têm prejudicado o Brasil no cenário internacional.


R$ 19 bilhões a menos no PIB e cinco estados mais afetados

Projeções do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica (Nemea), da UFMG, indicam que o tarifaço poderá gerar uma redução de 0,16 ponto percentual no PIB brasileiro, o equivalente a R$ 19,2 bilhões. Os estados mais atingidos são:

  • São Paulo: perda de R$ 4,46 bilhões no PIB
  • Rio Grande do Sul: R$ 1,92 bilhões
  • Paraná: R$ 1,91 bilhões
  • Santa Catarina: R$ 1,73 bilhões
  • Minas Gerais: R$ 1,66 bilhões

Além disso, 110 mil empregos devem ser fechados — sendo 41 mil na agropecuária, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria de transformação.


Indústrias de transformação, siderurgia e máquinas na linha de tiro

Empresas como Embraer, WEG, Randoncorp, Frasle, CSN, Gerdau e Alpargatas terão impactos diretos, com perda de margens, aumento de custos e dificuldades logísticas. A Embraer, por exemplo, pode ter um custo adicional de até US$ 90 milhões por ano com as novas tarifas.

Mesmo empresas norte-americanas, como a Boeing, podem ser prejudicadas pela medida devido à interdependência das cadeias de produção.


Agronegócio também sentirá impacto severo

O setor agropecuário deve ser o mais atingido. Exportações estratégicas, como carne, açúcar, café e suco de laranja, serão diretamente impactadas:

  • Café: queda de 6% nas vendas para os EUA, segundo o BTG
  • Carne suína e aves: queda de 11%
  • Carne bovina: retração de 4,1% nas exportações
  • Açúcar: perda de até 2,7% na produção
  • Suco de laranja: risco de colapso nas exportações, com prejuízo à CitrusBR

A empresa Jalles Machado, grande exportadora de açúcar orgânico, pode sofrer redução de 11% da receita. O redirecionamento para mercados como Coreia do Sul não compensaria integralmente as perdas.


Reação da indústria brasileira: “embargo disfarçado”

O presidente da CNI, Ricardo Alban, classificou a tarifa como “um embargo disfarçado” e criticou a quebra de confiança nas relações comerciais. Ele alertou que, ao contrário de ser um regulador de mercado, o tarifaço é uma medida que prejudica Brasil e EUA, com potencial de desemprego bilateral.

A CNA conclui que o Brasil precisa sair de “narrativas políticas estéreis” e retomar sua vocação como fornecedor estratégico de alimentos, energia limpa e minerais críticos. “A economia não pode continuar refém de crises políticas pessoais”, diz a entidade.

Redação Saiba+

Brasil

Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”

Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

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Secretário Especial da Receita Federal - Secretaria Especial da Receita Federal, Robinson Sakiyama Barreirinhas Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.

Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.

Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.

Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.

Redação Saiba+

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Absolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país

Justiça do Rio absolve acusados de incêndio que matou 10 jovens e reacende debates sobre impunidade e segurança nos clubes

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Ninho do Urubu, CT do Flamengo, após o incêndio que causou a morte de 10 pessoas. Foto: Fabio Motta

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver todos os réus acusados pelo incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez jovens atletas em 2019, provocou indignação social e levantou graves questionamentos sobre a responsabilização em acidentes envolvendo menores e instituições esportivas.

O incêndio, que ocorreu em uma instalação improvisada de contêineres destinada à base do clube, revelou falhas chocantes: alvará irregular, estrutura precária e reação tardia dos responsáveis. O juiz responsável pela sentença apontou que não foram identificadas provas suficientes para imputar responsabilidade penal individual, resultando na tragédia sem culpados.

A repercussão da absolvição ultrapassa o campo jurídico: familiares das vítimas, torcedores e especialistas em administração esportiva consideram a decisão um sinal de fragilidade institucional na apuração de crimes com resultado fatal. A ausência de punição acende alertas sobre segurança em alojamentos de formação, padrões de fiscalização e omissões de entidades públicas ou privadas.

Mesmo após acordo extrajudicial com o Flamengo e famílias, a dura realidade das jovens vítimas permanece viva no imaginário coletivo. A decisão volta a intensificar críticas à cultura de negligência no futebol de base, à responsabilidade de clubes e à ausência de modelos eficazes de prevenção de tragédias.

O episódio coloca o país diante de um debate urgente sobre transparência, responsabilidade civil e criminal em espaços esportivos, especialmente quando envolvem menores. O que se vê é uma lacuna entre a comoção pública suscita reformas e o alcance real do sistema penal em garantir justiça às vítimas.

Redação Saiba+

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Brasil

Instituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano

Criado pelo ministro do STF André Mendonça, o Instituto Iter oferece cursos e palestras para governos e órgãos públicos, enquanto especialistas questionam possíveis conflitos de interesse

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Em pouco mais de um ano de funcionamento, o Instituto Iter, fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, movimentou R$ 4,8 milhões em contratos públicos firmados com governos estaduais, prefeituras, tribunais de contas e outros órgãos. Criado em novembro de 2023, o instituto rapidamente se consolidou como referência em cursos e palestras voltados à gestão pública — mas também levantou questionamentos sobre conflito de interesses e limites éticos da magistratura.

O Iter, que começou como uma empresa limitada e depois se tornou sociedade anônima de capital fechado, tem entre seus sócios nomes ligados ao governo Bolsonaro, como Victor Godoy, ex-ministro da Educação e atual CEO, e Danilo Dupas, ex-presidente do Inep. A empresa Integre, de propriedade do casal Mendonça, é a acionista majoritária do instituto.

Entre os contratos mais vultosos está o firmado com o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo, no valor de R$ 1,2 milhão, para oferta de cursos e palestras a servidores. Governos de São Paulo, Bahia e Piauí, além de tribunais de contas e câmaras municipais, também constam na lista de clientes públicos.

O ministro nega qualquer irregularidade e afirma que sua atuação no Iter é “exclusivamente educacional”, amparada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que permite o exercício do magistério. “O instituto é voltado à disseminação do conhecimento e à formação técnica e ética de gestores”, declarou Mendonça em nota.

No entanto, juristas como Conrado Hübner, professor da USP, e Fernando Fontainha, da UERJ, apontam que a atuação do ministro pode configurar violação do dever de reserva e conflito de interesses, já que o instituto mantém vínculos diretos com agentes e instituições que podem ser alvo de decisões do STF.

Além de atuar como palestrante e moderador, Mendonça também intermediou encontros entre parlamentares e profissionais dentro do Iter, apresentando o local como um “espaço neutro, sem as influências de Brasília”. Para críticos, essa aproximação reforça a zona cinzenta entre a função pública e a atividade privada do ministro.

Mesmo com a polêmica, o Iter segue expandindo suas atividades e oferecendo cursos com valores que chegam a R$ 16 mil por aluno, além de eventos presenciais com a participação de autoridades e especialistas do setor público.

Redação Saiba+

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