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Piada pronta: no Brasil camisa vale mais que bilhões

Enquanto crise no INSS e dívida pública preocupam, polêmica sobre uniforme vermelho da Seleção vira centro do debate nacional;

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Imagens: Reprodução instagram

Enquanto o Brasil lida com uma crise bilionária no INSS e vê sua dívida pública se aproximar de R$ 10 trilhões, a pauta que mais mobilizou os brasileiros nos últimos dias foi… a cor da camisa da Seleção. A possível adoção de um uniforme vermelho pela CBF para a Copa do Mundo de 2026 causou comoção, memes e um debate acalorado nas redes sociais.

A discussão viralizou após o site Footy Headlines divulgar imagens de uma suposta nova camisa vermelha da Seleção Brasileira. A CBF se limitou a afirmar que os modelos não são oficiais, mas não negou a possibilidade de adoção do novo visual, o que aumentou ainda mais a curiosidade — e a controvérsia.

Em paralelo ao barulho midiático causado pela cor da camisa, uma auditoria revelou que, entre 2019 e 2024, foram desviados R$ 6,3 bilhões em fraudes no INSS. Um escândalo com impacto direto na vida de milhões de brasileiros que dependem do sistema previdenciário, mas que, num determinado momento, ficou em segundo plano diante da comoção estética em torno da Seleção.

Outro dado preocupante é o crescimento da dívida pública. Projeções apontam que a dívida bruta do país deve ultrapassar os R$ 10 trilhões até 2026. Trata-se de um rombo histórico que compromete investimentos, serviços públicos e o futuro das próximas gerações. Ainda assim, parte da atenção popular e midiática parece estar mais voltada à polêmica visual do futebol do que aos indicadores econômicos.

A repercussão nas redes sociais foi marcada por ironias e criatividade. Usuários usaram ferramentas de inteligência artificial para ilustrar o novo uniforme em políticos da esquerda, jogadores históricos e até em versões satíricas com patrocínios de empresas envolvidas em escândalos de corrupção durante gestões do PT.

Vale lembrar que, segundo o regulamento da CBF (Capítulo III, artigo 13, inciso III), as cores dos uniformes oficiais da Seleção devem se restringir às da bandeira nacional: verde, amarelo, azul e branco. Cores diferentes só são permitidas em edições comemorativas, o que não parece ser o caso da próxima Copa do Mundo.

Em tempos de crise fiscal, desconfiança institucional e prioridades desajustadas, o Brasil dá sinais de que continua sendo, infelizmente, o país da piada pronta — onde a camisa da Seleção parece valer mais que bilhões de reais em desvios e dívidas públicas.

Redação Saiba+

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Morre Nana Caymmi, ícone da música brasileira

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A cantora Nana Caymmi, em seu apartamento no Rio de Janeiro, em 2019 - Ricardo Borges/Folhapress

A música brasileira se despede de uma de suas vozes mais poderosas e emocionantes. Morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi, considerada uma das maiores intérpretes da canção popular brasileira. Internada na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, Nana enfrentava um quadro delicado de saúde há meses e faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

Filha do lendário compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, irmã dos também músicos Dori e Danilo Caymmi, Dinahir Tostes Caymmi — a eterna Nana — brilhou por décadas como uma intérprete sofisticada, de voz quente, precisa e carregada de sentimento. Desde sua estreia ainda jovem, aos 19 anos, interpretando “Acalanto” ao lado do pai, Nana trilhou um caminho de excelência e fidelidade à tradição da música brasileira.

Nana Caymmi e Gilberto Gil • Instagram/Nana Caymmi

Com domínio técnico admirável, uma afinação impecável e sensibilidade incomum para as sutilezas das letras e harmonias, Nana Caymmi eternizou obras como “Resposta ao Tempo”, “Medo de Amar”, “Sentinela” e “A Noite do Meu Bem”, além de ser considerada a principal voz na interpretação da obra de Dorival Caymmi. Seu timbre inconfundível e sua maneira única de cantar boleros e samba-canção fizeram dela uma artista reverenciada tanto no Brasil quanto no exterior.

Nana e Maria Bethânia – Reprodução: Facebook

Nos anos 1970, conquistou grande prestígio na Argentina, onde gravou álbuns e fez temporadas de sucesso. Já nos anos 1980 e 1990, lançou discos que se tornaram referência na MPB, como “Voz e Suor” (1983) e “A Noite do Meu Bem: As Canções de Dolores Duran” (1994). Em trilhas de novelas, sua voz emocionou milhões, tornando-se presença constante nas rádios e televisões do país.

Ao longo da carreira, Nana colaborou com nomes como Milton Nascimento, João Donato, César Camargo Mariano e Cristóvão Bastos. Seu último trabalho, lançado em 2020, “Nana-Tom-Vinicius”, reafirmou a potência artística da intérprete mesmo aos 79 anos.

Juntos, os irmãos Danilo (à esq.), Nana e Dori, durante gravação de disco com músicas do pai, Dorival Caymmi — Foto: Divulgação

Apesar das polêmicas — como suas posições políticas firmes e declarações públicas —, Nana Caymmi manteve sua integridade artística até o fim. Com uma carreira marcada por coerência estética, recusou modismos e se manteve fiel ao estilo que abraçou desde o início.

Nana parte deixando um legado inestimável para a música brasileira. Sua voz, seu sentimento e sua história continuarão vivos nas canções que interpretou como ninguém. Como canta em “Resposta ao Tempo”: “Ele zomba do quanto eu chorei / Porque sabe passar / Eu não sei”. O tempo passa, mas a arte de Nana Caymmi permanece.

Redação Saiba+

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Fraude no INSS atingiu deficientes e analfabetos

Relatório aponta que beneficiários vulneráveis sofreram descontos sem autorização, incluindo pessoas sem condições de assinar documentos

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Foto: freepik.com

Um escândalo envolvendo a Previdência Social veio à tona com a revelação de que aposentados e pensionistas do INSS, muitos deles analfabetos, com deficiência ou residentes em áreas rurais isoladas, foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios. A denúncia integra um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que embasou operação da Polícia Federal na última semana.

Segundo as investigações, pessoas que sequer tinham condições físicas ou cognitivas para autorizar descontos foram indevidamente vinculadas a associações, como a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil), e tiveram valores descontados de suas aposentadorias.

O caso mais emblemático citado no documento é o de um aposentado de 78 anos de Manacapuru (AM), que teve descontos relacionados a uma associação localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM) — distante quase mil quilômetros. A viagem exigiria mais de 27 horas, com uso de táxis, barcos e trechos em estrada, algo considerado “improvável” pela CGU, tanto para o beneficiário quanto para representantes da associação.

A Controladoria entrevistou 1.198 aposentados e pensionistas para verificar a legitimidade dos descontos. O resultado foi alarmante: 1.172 afirmaram nunca ter autorizado qualquer tipo de filiação ou desconto.

“Houve relatos de familiares explicando que o titular do benefício era analfabeto, indígena isolado, doente grave acamado, ou mesmo residente no exterior, sem qualquer contato com a associação em questão”, aponta o relatório. Alguns entrevistados sequer sabiam o que era a entidade que aparecia nos contracheques.

Além disso, foram detectadas situações em que, após um beneficiário cancelar um desconto, outro era inserido em seguida — sinalizando um esquema sistemático de fraude. Segundo o relatório, a falta de familiaridade dos aposentados com ferramentas digitais dificulta o monitoramento dos próprios vencimentos, abrindo brechas para abusos.

Para a CGU, o sistema de proteção aos mais vulneráveis do INSS é falho. “Ao invés de proteger os hipossuficientes, a prática corrente da autarquia contribui para sua exploração”, afirma trecho reproduzido pela Polícia Federal.

A operação que revelou o esquema estima prejuízos que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. Em resposta à repercussão, o INSS informou, em nota divulgada na sexta-feira (25), que suspendeu os acordos com as entidades envolvidas. A Advocacia-Geral da União será responsável por analisar a devolução dos valores indevidamente descontados antes de abril de 2025.

A Conafer, por sua vez, alegou estar à disposição dos órgãos de controle e reiterou seu compromisso com a defesa dos direitos previdenciários de seus associados.

Redação Saiba+

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A corrupção no Brasil é desde os anos de 1500

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Mem de Sá foi um dos mais importantes governadores gerais durante o período colonial, de forma que administrou a colônia no período de quinze anos (1558 a 1572).

Casos como o do INSS, da prisão de Collor e das emendas recolocam no noticiário um problema que nunca deixou de assombrar o país e que demanda tratamento sério e eficaz — e não moralista.

Malévola e irresistivelmente longeva na história do Brasil, a corrupção andava um tanto fora do noticiário e do debate público, até que emergiu com força graças a uma sucessão de malfeitos coincidentes, incluindo a queda do ministro Juscelino Filho (Comunicações) após denúncia da Procuradoria-Geral da República, a prisão do ex-presidente do Peru Ollanta Humala e o asilo concedido à ex-primeira-dama Nadine Heredia, a prisão do ex-presidente Fernando Collor e o ruidoso escândalo dos descontos em aposentadorias e pensões do INSS.

Não que a corrupção estivesse suspensa na rotina de práticas antirrepublicanas que costumam alimentar os cupins do dinheiro público, como atesta o nefasto assunto das emendas parlamentares sem transparência, mas está claro que o país tem negligenciado o tema — sobretudo depois que os excessos cometidos pela Operação Lava Jato contribuíram, em grande medida, para descredenciar a agenda e ainda permitir que réus confessos passassem a posar de vítimas.

Precisamos falar sobre corrupção. Para tanto, não é preciso recorrer à História. Registre-se que a corrupção já era fonte de preocupação no período em que éramos colônia portuguesa. Mem de Sá, o governador-geral do país entre 1558 e 1572, por exemplo, foi acusado de enriquecimento ilícito.

No Rio de Janeiro, dizia-se que os mercadores de escravos que saíam da África e seguiam para o Rio da Prata — e precisavam fazer escala no Rio para abastecer — já sabiam que tinham de pagar propina ao governador da capitania. Tampouco se deve recorrer a hipérboles de pouca serventia, como a dúvida se o Brasil é o país mais corrupto do mundo, se os governos lulopetistas foram os mais corruptos da história brasileira ou se a atual legislatura é a mais imperfeita desde a redemocratização.

Também é contraproducente escolher entre o moralismo udenista (nos anos 1950 e 1960, a UDN era o partido que denunciava a corrupção com maior vigor) e a naturalidade com que a esquerda despreza o assunto — principalmente depois que o PT passou a ser governo, no início dos anos 2000.

Como se sabe, o PT ascendeu denunciando tudo e todos, mas, uma vez no poder, se revelou tão corrupto quanto aqueles grupos que vivia a denunciar. Completados dez anos de poder, um documento levado a um conclave petista definia o partido como vítima do presidencialismo de coalizão, “prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”. Agora, com a morte do presidencialismo de coalizão e a vigência de um sistema político disfuncional, não são poucos os morubixabas petistas que novamente apresentam a legenda como vítima — desta vez não do presidencialismo de coalizão, mas de sua crise.

Vítima, contudo, é o Brasil — moral, política e economicamente. A corrupção ajuda a travar o pleno desenvolvimento econômico e social do país. O uso de estatais e instituições públicas por mercadores da política e da burocracia leva à locupletação de uns em prejuízo do dinheiro de muitos. Quando governantes se aproveitam do Estado em benefício próprio ou de seus apadrinhados, reforça-se um mal inquestionável: o desvirtuamento da gestão pública em uma máquina de ineficiência.

Mas não há só más notícias. O Brasil avançou muito em matéria de fiscalização e controle. Os diques de contenção, previstos pela Constituição de 1988 e posteriormente fortalecidos, funcionam. É o caso da Lei das Estatais, que instituiu regras mais rígidas contra o uso político das empresas públicas, e da Lei de Acesso à Informação (LAI), a partir da qual órgãos públicos passaram a ser obrigados a publicar dados e a responder a pedidos de informação apresentados por cidadãos, por organizações da sociedade civil e pela imprensa livre e independente. Também não faltam punições em nossa história recente, apesar dos pesares.

Resta avançar, insista-se, na qualidade do debate público sobre a corrupção. Em primeiro lugar, aceitando a ideia de que se trata de uma mazela sem cor ideológica ou partidária. Segundo, reconhecendo que, como um problema sistêmico, dispensa grandes escândalos para ser uma preocupação nacional e exige maior rigor no controle, na fiscalização e na punição devida aos malfeitos. Terceiro, e não menos importante, mostrando que a reação enfática da sociedade e a consequente vigilância são a melhor arma contra a corrupção, que avilta as instituições, a democracia e a autoestima do Brasil.

Redação Saiba+

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