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Política

Divisão no PT marca disputa por nova direção

Críticas à política econômica e apelos por virada à esquerda agitam debate entre candidatos à presidência do partido

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Debate com os quatro candidatos à presidência do PT foi realizado no auditório do Diretório Nacional. Foto: Reprodução via Youtube

O primeiro debate entre os candidatos à presidência nacional do PT, realizado nesta segunda-feira (2), em Brasília, escancarou as divisões internas do partido sobre os rumos do governo Lula e o futuro da legenda até as eleições de 2026. O principal alvo foi o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, candidato apoiado por Lula e favorito na disputa, que foi confrontado por nomes históricos e dirigentes de alas mais à esquerda do PT.

Críticas à política econômica do ministro Fernando Haddad, aos juros elevados na gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central e às alianças com o Centrão dominaram o embate. Os adversários de Edinho — o deputado federal Rui Falcão, o historiador Valter Pomar e o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira — defenderam uma guinada à esquerda e maior presença popular nas ruas para enfrentar a ascensão da direita.

A eleição para a nova presidência do PT, marcada para 6 de julho, definirá quem estará à frente da legenda até 2029, coordenando a próxima campanha presidencial, seja com Lula na disputa ou com um nome por ele indicado.


Divergências estratégicas e ideológicas

Em tom mais combativo, Rui Falcão e Valter Pomar apontaram o corte de gastos proposto pelo governo como fator central da queda de popularidade do presidente Lula. “Estamos correndo o risco de virar um partido meramente institucionalizado e, pior, que não ganha eleição”, alertou Falcão. Já Pomar criticou a possível concessão ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que pressiona o governo por uma solução alternativa ao aumento do IOF: “Querem nos obrigar a fazer o ajuste no lombo da classe trabalhadora”.

Romênio Pereira reforçou as críticas ao isolamento do governo nas capitais e a falta de presença nos interiores do país. “Não sei qual ministro já visitou Roraima ou o Acre”, questionou, defendendo mais proximidade com as bases e com as populações esquecidas pelo poder central.


Reações de Edinho Silva

Edinho Silva, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), respondeu aos ataques com firmeza. Ao ser acusado de abandonar os ideais socialistas, afirmou: “Eu não trato o socialismo como se fosse a tomada de assalto de poder de dentro do gabinete. A consciência da classe trabalhadora não se faz com bravatas, mas com práticas como o orçamento participativo”.

Mesmo com críticas, Edinho e os demais candidatos concordaram que o PT perdeu conexão com a juventude, ponto considerado vital para a reconstrução do projeto partidário. “Sem um projeto de futuro, não há como reconquistar a juventude”, provocou Falcão.


Pressão por mudanças

A alta da taxa Selic, a condução do Ministério da Defesa e a ausência de reformas estruturais, como a reforma agrária, também foram citadas como motivos de insatisfação interna. Pomar defendeu a saída do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmando que ele não enxerga golpistas onde há evidências claras.

O debate foi um alerta sobre a tensão crescente entre as bases do partido e a linha adotada pelo governo federal, que, segundo críticos, tem buscado moderação para garantir governabilidade, mas estaria cedendo demais à direita.

Redação Saiba+

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Política

STF determina prisão, extradição e perda de mandato de Zambelli

Decisão de Alexandre de Moraes é definitiva e inclui extradição e comunicação imediata ao presidente da Câmara

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Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil após ser condenada pelo STF - AuriVerde Brasil/Reprodução

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu neste sábado (7) a decisão definitiva que determina a prisão imediata, extradição e perda do mandato parlamentar da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). A ordem inclui notificação ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para providências quanto à vacância do cargo.

A medida ocorre um dia após a Primeira Turma do STF rejeitar, por unanimidade, os recursos apresentados por Zambelli e pelo hacker Walter Delgatti Neto, confirmando suas condenações pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“A extrema gravidade dos atos e sua repercussão institucional exigem resposta firme e definitiva do Judiciário”, declarou Moraes, em sua manifestação.

Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão em regime fechado, além da cassação do mandato. Já Delgatti recebeu pena de oito anos e três meses de reclusão. Ambos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento direto em uma operação ilegal que gerou falsos alvarás de soltura e mandados de prisão, visando criar instabilidade no sistema judiciário brasileiro.

Segundo a PGR, Zambelli teria comandado a ação criminosa, com ajuda de Delgatti, visando manipular sistemas do CNJ e gerar uma série de documentos fraudulentos que pudessem comprometer a credibilidade do Judiciário.

O julgamento dos recursos, realizado de forma virtual, teve votação unânime com os ministros Luiz Fux, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia acompanhando o relator, Moraes. O ministro afirmou ainda que as defesas “revelam mero inconformismo com a conclusão adotada e tentam rediscutir pontos já pacificados pela Corte”.

A condenação definitiva encerra o processo, não cabendo mais recursos por parte dos réus.

Redação Saiba+

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Política

Lula se hospeda em hotel de luxo com diária de até R$ 35 mil durante visita à França

Presidente defende viagens internacionais como estratégia para atrair investimentos; só em Paris, empresas francesas anunciaram R$ 100 bilhões em aportes no Brasil

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O presidente Lula (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Juna, desembarcam em Nice, no sul da França, neste sábado (7) - Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou neste sábado (7) à cidade de Nice, no sul da França, onde dará continuidade à sua agenda internacional até segunda-feira (9). O local escolhido para hospedagem foi o hotel Le Negresco, um dos mais luxuosos da região, com diárias que variam entre R$ 6.700 e R$ 35,7 mil.

Fundado em 1913 e famoso pela decoração com obras de arte do século 18 e vista para o Mar Mediterrâneo, o hotel foi cercado por um forte esquema de segurança, com acesso da imprensa limitado. Lula está acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva (Janja), além de ministros e parlamentares.

Antes de chegar a Nice, o presidente esteve em Paris, onde participou de diversos compromissos diplomáticos e culturais, incluindo um jantar de Estado oferecido pelo presidente francês Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, e recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Paris 8. A Torre Eiffel chegou a ser iluminada com as cores do Brasil em homenagem à visita.

Críticas ao custo da viagem e ao luxo da hospedagem foram rebatidas por Lula. “Eu não sei quanto eu estou gastando, mas sei quanto estou levando de volta para o Brasil”, disse, em referência aos R$ 100 bilhões em investimentos anunciados por 15 empresas francesas durante o Fórum Econômico Brasil-França.

“O Brasil precisa deixar de ser pequeno. Os nossos embaixadores pelo mundo precisam pensar grande”, reforçou o presidente, ao justificar a presença em eventos internacionais como forma de atrair investimentos e fortalecer a imagem do país.

A agenda internacional de Lula inclui ainda uma ida ao Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, neste domingo (8), além da Conferência da ONU sobre o Oceano, marcada para segunda-feira (9) em Nice. Antes de retornar ao Brasil, Lula também visitará a sede da Interpol, em Lyon, cujo secretário-geral é o brasileiro Valdecy Urquiza, eleito em 2023 com apoio do governo federal.

Com a visita à França, Lula completa 34 países visitados em dois anos e meio de mandato, superando seus antecessores mais recentes, mas ainda abaixo do ritmo do seu primeiro mandato, quando passou por 45 países em período semelhante.

Redação Saiba+

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Política

Lula diz que extrema direita não voltará ao poder e evita falar de Haddad em 2026

Durante evento em Paris, presidente reforça discurso contra opositores e desconversa sobre possível candidatura do ministro da Fazenda nas próximas eleições

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Presidente Lula em sessão de encerramento do Fórum Empresarial Brasil-França - Ricardo Stuckert - 6.jun.25/Divulgação PR

Em entrevista concedida neste sábado (7) em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a afirmar que “a extrema direita não voltará a governar o Brasil” e fez críticas contundentes aos adversários políticos. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta sobre a estratégia eleitoral do governo para 2026 e a possibilidade de Fernando Haddad se candidatar a cargos majoritários.

“Estou te dizendo, olhando bem nos seus olhos: a extrema direita não ganhará as eleições no Brasil”, declarou o presidente, batendo com o dedo médio no púlpito, em tom firme. Lula acusou os opositores de adotarem um discurso “negacionista, mentiroso e muitas vezes até canalha”.

Ao ser questionado diretamente sobre uma eventual candidatura de Haddad a governador ou senador por São Paulo, Lula desconversou: “Você acha que eu seria louco de responder isso agora?”, disse, sorrindo. Em seguida, afirmou que só discutirá eleições em 2026 no próprio ano eleitoral, respeitando o tempo político.

“Quando chegar o momento exato, a gente vai escolher as opções. Temos que fazer um mapeamento real do Brasil, ver quem é melhor em cada lugar. Eles querem eleger senadores, governadores, deputados… e eu também quero”, afirmou o presidente.

Durante a fala, Lula também reforçou críticas às fake news e alertou sobre o uso de inteligência artificial nas campanhas eleitorais da oposição. “Não vai ser IA ou fake news que vai eleger alguém. Sem respeitar os movimentos sociais, as mulheres, os negros e os indígenas, eles não vão ganhar”, concluiu.

Sobre temas econômicos, Lula garantiu que há acordo com o Congresso sobre uma alternativa ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo ele, tudo está resolvido desde a reunião de 30 de maio com o ministro Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

“Vai acontecer exatamente aquilo que nós acertamos. Sem briga, sem conflito. Apenas fazendo o que tem que ser feito”, finalizou.

Redação Saiba+

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