Polícia
Reajuste da PMBA gera revolta entre policiais e parlamentares
Entidades militares e deputados apontam desigualdade no projeto aprovado pela Assembleia Legislativa e cobram isonomia nos reajustes salariais

A aprovação do reajuste salarial para os agentes de segurança pública da Bahia, enviado pelo governo Jerônimo Rodrigues (PT) e aprovado pela Assembleia Legislativa na última terça-feira (29), tem gerado forte insatisfação entre praças da Polícia Militar e parlamentares ligados à segurança pública. Segundo representantes da categoria, o projeto promove disparidades nos aumentos concedidos aos diferentes postos da corporação, favorecendo oficiais de alta patente em detrimento da base da tropa.
De acordo com o PL nº 25.761/2025, o ganho médio para PMs e bombeiros será de 14,76% até 2026, incidindo também sobre gratificações. O projeto inclui agentes da reserva e pensionistas.
Na prática, um soldado receberá um reajuste de cerca de R$ 134,95 (4,57%) entre 2025 e 2026, enquanto um coronel terá um aumento de aproximadamente R$ 2.075,64 (15,69%) no mesmo período, na Gratificação por Atividades de Polícia (GAP).
Ainda assim, o percentual mais elevado destinado aos oficiais gerou grande desconforto entre as praças e suas entidades representativas. A diferença tem sido alvo de críticas e descontentamento por parte das associações militares do estado.
“Hoje, a nossa situação é alarmante. Nos últimos 10 anos, os reajustes não acompanharam a inflação, o que gerou uma perda de cerca de 60% no poder de compra”, afirmou o sd PM Paulo dos Anjos, presidente da Associação dos Profissionais da Segurança Pública da Bahia (Apseg).
“Referente à CET, que é a gratificação de Condições Especiais de Trabalho, os praças da PM e do Corpo de Bombeiros são os únicos que não recebem o percentual de 125%, o que evidencia a falta de reconhecimento com quem está na linha de frente. Essa falta de prioridade tem contribuído para que a Bahia ocupe o primeiro lugar em números absolutos de homicídios no Brasil”, concluiu Dos Anjos.
Sd PM Paulo dos Anjos (Presidente da Apseg / Foto Divulgação
A presidente da APPMBA (Associação de Praças da Polícia e Bombeiro Militar da Bahia), cabo PM Alaice, também comentou sobre o projeto:
“A verdadeira valorização está na reparação e no reajuste digno. Pontuamos, durante a mesa de negociação, que somente as praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar recebem Condições Especiais de Trabalho inferiores ao percentual de 125%. E são justamente esses profissionais que estão diuturnamente no terreno. Assim como foi feito com o auxílio-fardamento — que passou a ser igual para todo o efetivo —, o mesmo deveria ter sido feito com o CET.”

Cb PM Alaice (Presidente da APPMBA) / Foto Divulgação
O Major Fábio Brito, presidente da Centenária Milícia de Bravos, destacou:
“Esse tipo de reajuste salarial, discriminatório e antidemocrático, desmotiva a tropa. O projeto evidencia um distanciamento do governo em relação à realidade das ruas. Precisamos de um reajuste digno, linear e transparente, que valorize todos os integrantes da PM, e não apenas os oficiais superiores.”

Major PM Fábio Brito (Presidente da Milícia de Bravos) / Foto Divulgação
O deputado estadual Diego Castro (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e Direitos Humanos da AL-BA, também reprovou a medida.
“O que não podemos aceitar, de forma alguma, é a discriminação entre profissionais que integram o mesmo sistema: o da segurança pública. O projeto aprovado não apresenta nenhuma justificativa razoável para que um soldado da PM — que atua diretamente nas ruas, no enfrentamento da criminalidade — receba um reajuste de apenas 4,5%, enquanto um coronel da mesma corporação tem um aumento de 15,7%, equivalente a R$ 2.075. Por que essa diferença?”.
Diego, que se encontra temporariamente afastado das atividades por questões de saúde, afirmou ainda que pretende apresentar um novo projeto para corrigir as distorções salariais assim que retomar a Assembleia.

Diego Castro, deputado estadual (PL) / Foto: Vinícius Nieto
O deputado federal Capitão Alden (PL), também se posicionou sobre o tema, criticando a postura do Governo do Estado diante da defasagem salarial da tropa:
“O reajuste aprovado para a polícia militar está longe do ideal. O Governo do Estado teve a oportunidade de fazer um gesto para tropa com um reajuste mais representativo e não fez, o que reforça sua falta de comprometimento com policiais. Todos os estados que levam a Segurança Pública como prioridade começam dando dignidade aos policiais com boa remuneração e condições de trabalho.”

Capitão Alden, deputado federal (PL) / Foto: Divulgação
Polícia
Imóvel de luxo liga Bruno Reis a empresário investigado
Bruno Reis teria reformado e utilizado apartamento de R$ 1,5 milhão registrado em nome de Samuca Franco, apontado como operador da Operação Overclean

Uma conexão entre o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e o empresário investigado Samuca Franco volta a acender o alerta sobre possíveis vínculos entre poder público e esquemas de corrupção. Documentos, depoimentos e registros apontam que o prefeito utilizou e reformou um apartamento de luxo em Barra Grande, na Península de Maraú (BA), apesar de o imóvel estar formalmente registrado em nome de Franco — alvo da terceira fase da Operação Overclean, deflagrada em 3 de abril pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU). As informações são do site Metrópoles.
O apartamento, localizado no sofisticado condomínio Bay View, foi personalizado com serviços de alto padrão diretamente solicitados por Bruno Reis, segundo moradores, prestadores de serviço e corretores ouvidos pela reportagem. Entre as intervenções estão decoração, instalação de ar-condicionado, reformas e acabamento de vidraçaria.
Cada unidade no condomínio era avaliada em R$ 900 mil à época da compra, mas hoje atinge valores médios de R$ 1,5 milhão, graças à valorização da área à beira da Baía de Camamu.
A relação entre o prefeito e Samuca Franco vai além da ocupação do imóvel. Desde maio de 2022, ambos são sócios na empresa Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda., conforme documentos da Junta Comercial da Bahia. A participação de Bruno Reis se dá por meio da BB Patrimonial, empresa registrada com seus filhos, que comprou 10% das cotas por R$ 60 mil diretamente de Franco — que manteve os 90% restantes.
Em eventos públicos, Bruno Reis não esconde a proximidade com o empresário investigado. Em discurso registrado em vídeo, o prefeito chegou a chamá-lo de “irmão que a vida deu”, declarando manter contato diário com ele por telefone.
O mesmo evento contou com a presença de ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e padrinho político de Bruno Reis, que também possui imóvel no mesmo condomínio de luxo.
A ligação se torna ainda mais delicada diante das revelações da Operação Overclean, que investiga o desvio de aproximadamente R$ 1,4 bilhão em contratos públicos relacionados ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Samuca Franco é apontado como operador financeiro do esquema, tendo recebido mais de R$ 500 mil de empresas suspeitas de serem de fachada, como a BRA Teles Ltda. e a FAP Participações Ltda., entre abril de 2022 e março de 2024.

Prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e o empresário Samuca Silva Franco durante inauguração do Ilhéus praia Hotel.
Nomes próximos a Bruno Reis já foram diretamente impactados pelas investigações. O deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), aliado político, teve seu nome citado em documentos da operação, o que levou parte da apuração ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo e com relatoria do ministro Kassio Nunes Marques. Bruno Barral, ex-secretário de Educação de Salvador, também foi afastado de funções públicas durante a terceira fase da Overclean.

Bruno Reis , ACM Neto e Samuca Silva / Reprodução
Procurada, a Polícia Federal informou que não comenta investigações em andamento. A reportagem do site Metrópoles também buscou posicionamento da assessoria do prefeito Bruno Reis, mas, até o momento, não obteve resposta.
Polícia
Polícia no Século XXI, regras do século passado
Regulamentos em descompasso: a urgência de humanizar a atividade policial.

Por Odemilson Matos
É fato irrefutável que a segurança pública é um dos pilares de qualquer sociedade livre e soberana. Para que haja ordem, estabilidade e respeito ao Estado de Direito, as forças policiais se notabilizam, impondo sua atuação com firmeza, autoridade e respaldo legal. Todavia, é exatamente nesse ponto que surge um impasse preocupante: muitos dos regulamentos que orientam a conduta policial no Brasil permanecem ancorados em normas ultrapassadas, criadas em contextos completamente distintos da realidade atual.
Ora, é importante realçar que não se trata de privilegiar ou enfraquecer a autoridade policial, muito menos relativizar sua função. Pelo contrário: trata-se de fortalecer a atuação das corporações, dotando-as de instrumentos normativos modernos, claros e eficazes, capazes de orientar a conduta dos agentes com segurança jurídica e operacional, sem olvidar a humanidade desses profissionais. A atualização dos regulamentos policiais, nesse sentido, é uma medida estratégica para garantir que a atuação da polícia seja ao mesmo tempo firme e justa.

Charge: Saiba Mais Bahia
A humanização da atividade policial, longe de ser sinônimo de leniência, é, na verdade, uma forma de aprimorar a missão policial: proteger o cidadão de bem, combater o crime com eficiência e garantir a ordem pública dentro dos marcos constitucionais. Atualizar os regulamentos é, portanto, um passo essencial para assegurar uma polícia forte, respeitada e legitimada.
Grande parte dos regulamentos que regem a atividade policial no Brasil foi elaborada em períodos históricos marcados por outras prioridades de segurança e outra estrutura institucional. Muitos desses dispositivos, ainda vigentes, deixam lacunas importantes e não abordam temas atuais, como novas formas de criminalidade, o uso de tecnologias no policiamento ou mesmo as exigências de uma atuação mais técnica e estratégica por parte das corporações.

Policiais Militares do antigo 1º BPM/BA de Feira de Santana, atual 1º Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação (BEIC). Fonte: https://feirenses.com/fotos-1-bpm-feira/
Esse descompasso normativo gera insegurança para os agentes. Assim, policiais se veem, em vários aspectos, sem respaldo jurídico claro diante de situações complexas, e a ausência de diretrizes atualizadas contribui para decisões operacionais descoordenadas, além de desgastar a imagem da instituição perante a sociedade.
Para que a autoridade policial seja efetiva, é preciso que haja clareza nas normas que regem o comportamento institucional. A disciplina e a hierarquia, princípios basilares das forças de segurança, só podem ser plenamente aplicadas quando sustentadas por regulamentos objetivos, coerentes e atualizados.
A atualização dos regulamentos não enfraquece o comando da tropa; ao contrário: oferece maior segurança jurídica ao policial, que passa a atuar com respaldo normativo mais sólido. Isso permite decisões mais assertivas no campo, coíbe desvios de conduta e reforça a confiança interna na cadeia de comando.

Inauguração das instalações do Batalhão de Polícia de Pronto Emprego Operacional – BPEO/PMBA – Passeio Público (26/02/2025) / flickr.com/jeronimorodrigues/
Muitos confundem o conceito de humanização da atividade policial com uma tentativa de “amolecimento” da força pública. Esse é um equívoco. Humanizar não é relativizar a autoridade, mas sim garantir que a força seja aplicada com inteligência, justiça e proporcionalidade. Um agente bem treinado, respaldado por normas modernas e alinhado a princípios constitucionais, impõe mais respeito e autoridade do que aquele que atua de forma arbitrária ou desinformada.
Além disso, a população tende a apoiar e colaborar mais com instituições que agem com transparência, preparo e respeito à legalidade. Esse apoio social fortalece o trabalho policial e amplia sua legitimidade — algo essencial no combate ao crime organizado, à violência e ao desrespeito às leis.

Flickr.com/jeronimorodrigues/
A atualização dos regulamentos que regem a atividade policial é uma responsabilidade institucional que exige articulação entre diferentes níveis de governo e órgãos competentes. Embora, em muitos casos, a competência normativa recaia sobre o Executivo — seja por meio dos comandos das corporações, das secretarias de Segurança Pública ou de decretos estaduais —, também há espaço para atuação legislativa, especialmente no que se refere à definição de diretrizes gerais, direitos, deveres e garantias dos agentes de segurança pública.
Assim, é fundamental que os responsáveis por essas normas — sejam legisladores, gestores ou autoridades administrativas — reconheçam a urgência dessa agenda. Permanecer inerte diante de regulamentos defasados é contribuir para a insegurança jurídica dos agentes e para a fragilidade institucional da própria atividade policial. Atualizar os marcos normativos é garantir que as corporações atuem com clareza, respaldo legal e alinhamento aos princípios constitucionais. É um dever de quem tem a caneta e a responsabilidade de regulamentar uma das funções mais sensíveis do Estado: o exercício da força legítima.
A atualização dos regulamentos policiais é uma necessidade estratégica, jurídica e humana. A atuação das forças de segurança não pode continuar subordinada a normativos que ignoram a complexidade da função policial e a dignidade do agente que a exerce. O policial militar — assim como todo profissional da segurança pública — não é apenas um executor de ordens, mas um ser humano investido de responsabilidade institucional, sujeito a pressões constantes e riscos diários.

Flickr.com/jeronimorodrigues/
Reconhecer essa condição humana não é um gesto de fragilidade, mas de fortalecimento institucional. Regulamentos atualizados devem refletir essa compreensão, assegurando condições justas de trabalho, respeito aos direitos fundamentais e diretrizes operacionais claras, proporcionais e eficazes. Isso contribui para uma atuação mais técnica, respeitosa e legitimada perante a sociedade.
Cabe, portanto, aos entes competentes — sejam os comandos das corporações, os gestores executivos ou o próprio Poder Legislativo, dentro de suas respectivas atribuições — promover uma revisão séria e responsável desses regulamentos. É hora de romper com modelos ultrapassados e alinhar a atividade policial com os princípios constitucionais, sem abrir mão da autoridade, da disciplina e da ordem.
Humanizar o exercício da função policial é, em última análise, garantir que quem protege também seja protegido — pelo Estado, pela lei e por regulamentos justos. Somente assim construiremos uma segurança pública verdadeiramente forte, eficiente e respeitada.

Odemilson Matos / Advogado e Consultor Jurídico
Especialista em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG e em Processo Civil pela Universidade Salvador – UNIFACS. Autor de diversas obras e artigos publicados na área jurídica.
Polícia
Polícia Militar da Bahia entrega mais de 500 honrarias
Solenidade celebra o patrono das Polícias Militares e reconhece a dedicação de policiais, autoridades e personalidades civis em todo o estado.

A Polícia Militar da Bahia homenageou, nesta quarta-feira (30), a memória de Tiradentes, patrono das Polícias Militares, com a entrega de 508 honrarias a policiais, autoridades civis e militares, durante solenidade cívico-militar realizada simultaneamente em diversas localidades do estado. Em Salvador, o evento ocorreu na Vila Policial Militar do Bonfim e contou com a presença de autoridades como o vice-governador Geraldo Júnior, o secretário da Segurança Pública Marcelo Werner, o comandante da 6ª Região Militar, general André Luiz Aguiar Ribeiro, e o comandante-geral da PMBA, coronel Magalhães.

Cabo PM A Santos (CIPT-A/Rondesp Atlântico), recebendo os cumprimentos do Secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner.
O ato solene teve início com a tradicional continência e o depósito de flores no busto de Tiradentes, símbolo da luta pela liberdade e pelo ideal republicano. Em seu discurso, o comandante-geral da corporação destacou a importância da valorização dos profissionais de segurança pública e da preservação dos princípios democráticos:
“Conclamo todos, do soldado mais moderno ao coronel mais antigo, a unirmos esforços em defesa dos valores que promovem uma sociedade mais justa, sempre pautados pela dignidade humana e pelos fundamentos da democracia. Lembrem-se: tudo é possível quando se atua com amor, retidão, ética e profissionalismo”, declarou o coronel Magalhães.

Cabo PM A Santos – CIPT-A/Rondesp Atlântico / Foto: Divulgação
Durante a solenidade, foram entregues:
- 27 Títulos de Amigo da Polícia Militar, destinados a personalidades que prestaram relevantes serviços à sociedade e à instituição;
- 64 Medalhas do Mérito Policial Militar, que reconhecem serviços notáveis ao Estado ou à própria corporação;
- 270 Medalhas de Mérito Marechal Argolo – Visconde de Itaparica, destinadas a policiais que se destacaram no cumprimento do dever;
- 39 Medalhas de Tempo de Serviço, concedidas a integrantes com 10, 20 ou 30 anos de dedicação à PMBA.
A celebração reforça o compromisso da corporação com a valorização de seus membros e com o fortalecimento do vínculo entre a Polícia Militar e a sociedade civil. Em todo o estado, o evento reafirma os ideais de coragem, ética e compromisso que nortearam a trajetória de Tiradentes e que continuam inspirando a atuação policial na Bahia.
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