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Brasil

PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º trimestre, impulsionado pelo agro

Agropecuária lidera crescimento da economia em 2025, enquanto indústria segue em retração e alerta para riscos estruturais

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Wenderson Araújo/Trilux - Sistema CNA/Senar

A economia brasileira iniciou 2025 com um desempenho acima das expectativas. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (30), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no primeiro trimestre, superando as projeções do mercado, que estimavam avanço entre 0,8% e 0,9%.

O principal motor desse crescimento foi novamente o agronegócio, com destaque para a alta de 12,2% no setor agropecuário em relação ao trimestre anterior. Em comparação ao mesmo período de 2024, o avanço foi de 10,2%, refletindo uma supersafra e o papel central da agricultura na sustentação da economia nacional.

O desempenho do campo não surpreende: o Brasil é líder global na produção de commodities como soja, milho, café e carnes, resultado de décadas de investimento em pesquisa, inovação e produtividade. A atuação da Embrapa foi fundamental nesse processo, transformando as fazendas brasileiras em referências mundiais em tecnologia agrícola. Não por acaso, é comum se colher duas, três ou até quatro safras por ano em algumas regiões.

Em 2024, a cadeia do agronegócio respondeu por 23,2% do PIB brasileiro, ou cerca de R$ 2,7 trilhões, segundo levantamento do Cepea em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Esse montante inclui não apenas a produção agrícola, mas setores associados como fertilizantes, máquinas agrícolas, serviços e varejo ligados ao campo.

Indústria em retração

Enquanto o campo avança, a indústria brasileira dá sinais preocupantes. O setor industrial registrou retração de 0,1% no primeiro trimestre, após crescimento de 3,3% em 2024. As perspectivas são ainda mais desafiadoras diante da guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos sob o governo Trump, que impôs barreiras à entrada de produtos estrangeiros.

Esse cenário tem pressionado países como o Brasil, que podem se tornar destinos do excesso de produção industrial global, especialmente da China. A indústria nacional, sem a devida modernização e políticas eficazes, não está preparada para enfrentar essa nova concorrência internacional.

A indústria de transformação representa hoje pouco mais de 10% do PIB brasileiro, contra mais de 30% nos anos 1980. Atualmente, opera em um patamar 15,1% abaixo de seu pico histórico, registrado no terceiro trimestre de 2008.

Em 2023, o governo federal lançou o programa Nova Indústria Brasil, com promessa de R$ 300 bilhões em financiamento até 2026, liderado pelo BNDES. No entanto, até agora, os resultados são tímidos. Um estudo da CNI de junho colocou o Brasil em último lugar no ranking de competitividade industrial entre 17 países.

Oportunidades e omissões

O contraste entre os setores aponta caminhos possíveis. A indústria poderia mirar segmentos com maior vocação nacional, como a agroindústria de alta tecnologia ou a economia verde, onde o Brasil possui vantagens estratégicas, como abundância de recursos naturais e potencial de energia limpa.

Contudo, a falta de planejamento de longo prazo e o foco excessivo em temas conjunturais têm impedido avanços estruturais. Discussões urgentes como fraudes no INSS e aumento do IOF tomam espaço de temas fundamentais para o futuro econômico do país.

Redação Saiba+

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Brasil

Renault convoca recall de Duster e Duster por risco de falha grave no eixo traseiro

Problemas nos dois modelos podem afetar a dirigibilidade e causar acidentes; correções já podem ser agendadas na rede autorizada

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Reprodução

A montadora Renault anunciou nesta semana um recall para os modelos Duster e Kwid, ambos por falhas detectadas no eixo traseiro que podem comprometer a segurança dos ocupantes e a dirigibilidade dos veículos. O chamado atinge milhares de unidades fabricadas entre 2021 e 2024.

De acordo com a empresa, os proprietários devem agendar a inspeção gratuita em qualquer concessionária da marca, onde o componente será verificado e, se necessário, substituído. As informações detalhadas podem ser consultadas no site oficial da Renault ou pelo telefone 0800 055 5615.

Problemas distintos, riscos semelhantes

No caso do Renault Duster, foi detectado um defeito no processo de usinagem das roscas do rolamento do eixo traseiro, o que pode resultar em fixações soltas ou ausentes. Se o eixo se desprender do chassi, há risco de perda de controle do veículo e acidente. Antes disso, é possível que o motorista escute ruídos fortes vindos da parte traseira. O reparo nesse modelo pode levar entre 30 minutos e 1h30, dependendo do diagnóstico.

Já o Renault Kwid apresenta um problema de origem diferente, mas com consequências igualmente graves. A montadora identificou a possibilidade de fissuras no suporte do eixo traseiro, que podem se agravar com o tempo e comprometer o funcionamento da peça e a estabilidade do carro. O reparo no Kwid é mais complexo, podendo durar de 30 minutos até 8 horas, conforme a extensão do dano.

Modelos e chassis envolvidos

Os veículos atingidos pelo recall estão dentro dos seguintes intervalos:

  • Renault Kwid
    Chassis: J000006 a J986154
    Data de fabricação: 05/05/2021 a 12/05/2023
  • Renault Duster
    Chassis: J060924 a JL87197
    Data de fabricação: 16/09/2024 a 06/12/2024

A Renault reforça que não foram registrados acidentes até o momento em decorrência dos defeitos, mas destaca a urgência do reparo para garantir a segurança dos motoristas e passageiros.

Agendamento imediato

Para realizar o serviço, o proprietário deve agendar previamente o atendimento. O recall é gratuito, como previsto no Código de Defesa do Consumidor, e a montadora orienta que os motoristas evitem longas viagens até a realização da inspeção, especialmente nos casos em que há sintomas como ruídos ou instabilidade na traseira do veículo.

Redação Saiba+

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Brasil

Em dois anos, Lula já esteve em 34 países

Presidente retoma padrão diplomático do primeiro mandato e afirma que “viaja para fazer negócios”, com foco em fortalecer relações comerciais e políticas

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O presidente Lula chega a Paris, na França. - Ricardo Stuckert - 4.Jun.25//Divulgação Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem marcado seu terceiro mandato por uma agenda internacional intensa, semelhante à que conduziu em seu primeiro governo. Em dois anos e meio à frente do Palácio do Planalto, Lula já visitou 34 países, consolidando sua estratégia de recolocar o Brasil como ator de peso no cenário global.

Atualmente na França, onde realiza uma visita de Estado até segunda-feira (9), o presidente reforçou que não viaja por lazer, mas por objetivos estratégicos. “Lula viaja tanto por quê? Para passear? Não. Eu viajo para fazer negócio, para fazer com que os países em que eu visito cresçam a relação comercial, política e cultural com o meu país”, afirmou nesta quinta-feira (5), ao lado do presidente francês Emmanuel Macron.

Durante o encontro, Lula voltou a pressionar a França a avançar no acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, fazendo um apelo direto a Macron para “abrir o coração” e facilitar o entendimento entre os blocos.

O país mais visitado por Lula até agora foi o Uruguai, com quatro viagens. A primeira ocorreu logo no início do mandato, após passagem pela Argentina. O Uruguai voltou à agenda em dezembro de 2024, com a cúpula do Mercosul que anunciou a conclusão das negociações com a União Europeia. Em 2025, Lula retornou ao país duas vezes: para a posse de Yamandú Orsi e, mais recentemente, para o velório do ex-presidente José “Pepe” Mujica, figura admirada pelo petista.

Estados Unidos e Itália aparecem em seguida na lista de países mais visitados. Nova York, sede da ONU, recebeu Lula para as Assembleias-Gerais de 2023 e 2024, eventos que tradicionalmente têm o Brasil como primeiro orador. Ele também esteve em Washington, em fevereiro de 2023, onde se reuniu com o presidente Joe Biden.

Na Itália, Lula compareceu ao funeral do Papa Francisco, em abril de 2025, em uma agenda marcada por simbolismo político e religioso.

A China, principal parceira comercial do Brasil, também recebeu atenção especial: Lula esteve em Pequim duas vezes, buscando estreitar laços econômicos e ampliar acordos bilaterais estratégicos.

Esse movimento diplomático remete aos tempos de seu primeiro mandato (2003-2006), quando o presidente visitou 45 países até o meio do terceiro ano de governo. À época, Estados Unidos e Venezuela foram os destinos mais frequentes. Também houve uma ênfase na África, com passagens por 12 países africanos em apenas três viagens diferentes.

Já nos governos seguintes, houve retração na política externa ativa. Dilma Rousseff visitou 29 países no mesmo período. Michel Temer, que assumiu após o impeachment de Dilma, visitou 16 países em pouco mais de dois anos, com destaque para sua ida à China um dia após tomar posse. Jair Bolsonaro, por sua vez, teve a agenda impactada pela pandemia da Covid-19 e esteve em 13 países até meados de 2021, sendo os EUA o destino mais frequente.

Com a retomada das viagens, Lula reafirma o papel internacional do Brasil e busca consolidar uma diplomacia voltada à reintegração global, ao comércio exterior e ao fortalecimento de alianças políticas e econômicas.

Redação Saiba+

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Brasil

Mercado Livre reduz limite para frete grátis e mira expansão no Brasil

Nova política de frete zero para compras acima de R$ 19 busca atrair consumidores das classes C e D e fortalecer ecossistema digital da empresa

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O Mercado Livre contratou Neymar (esq.) e Ronaldo (dir.) para a nova campanha de frete grátis - Divulgação

O Mercado Livre anunciou uma mudança significativa em sua política de frete que deve impactar diretamente o comportamento de compra dos brasileiros. A partir desta sexta-feira (6), todas as compras acima de R$ 19 realizadas na plataforma contarão com frete grátis, com exceção de pedidos internacionais (mínimo de R$ 79) e de supermercado (mínimo de R$ 199).

Considerada internamente como uma medida “histórica”, a iniciativa visa principalmente ampliar o acesso ao e-commerce por parte das classes C e D, com foco nas regiões Norte e Nordeste, onde o custo de envio ainda é um fator limitante para o consumo online. Segundo a companhia, o objetivo é democratizar o comércio eletrônico, atrair novos consumidores e estimular a fidelização por meio do seu ecossistema digital, especialmente com o Mercado Pago, sua fintech.

“Queremos que o e-commerce brasileiro siga crescendo de forma democrática. Ao zerar o frete, estamos estimulando mais compradores e maior frequência na plataforma”, afirmou Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil.

A empresa também está investindo R$ 24 milhões em cupons promocionais, sendo R$ 13 milhões disponíveis já nesta sexta-feira, como forma de impulsionar a mudança. A expectativa é que a ação funcione como uma espécie de “Black Friday do primeiro semestre”, segundo Yunes.

Para tornar a campanha ainda mais atrativa, Neymar e Ronaldo foram escalados como garotos-propaganda nas campanhas publicitárias que serão exibidas em rádio, TV, outdoors e redes sociais em todo o país.

Além disso, desde maio, o Mercado Livre já reduziu em até 40% o custo de envio para os vendedores, o que deve permitir uma queda geral nos preços da plataforma, ampliando a competitividade frente a concorrentes como Shopee e Temu.

Apesar das comparações, Yunes nega que a medida seja uma reação direta às plataformas asiáticas: “É uma decisão para manter o Mercado Livre crescendo a uma taxa superatrativa e trazer mais compradores para dentro do nosso ecossistema.”

De acordo com a empresa, categorias como decoração, moda, beleza e utilidades domésticas devem ser as mais beneficiadas, pois são as que tradicionalmente apresentam maior sensibilidade ao custo de frete.

Desde que o frete grátis foi adotado pela primeira vez em 2017, o valor mínimo de compra tem sido revisado gradualmente: R$ 120, depois R$ 99 em 2020, R$ 79 em 2021 e agora R$ 19 em 2024, num esforço contínuo para popularizar o acesso ao varejo digital.

A estratégia inclui reduzir margens no curto prazo para obter ganhos no longo prazo com a expansão de outros serviços financeiros e publicitários da empresa, como o crescimento do Mercado Pago e da venda de anúncios dentro da plataforma.

Redação Saiba+

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