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Crédito do Trabalhador lançado por Lula tem juros pouco atrativos

Juro é maior que a média do consignado. Banco Central disse que, antes do programa, a taxa média em fevereiro era de 2,91% ao mês.

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Lançado com a promessa de oferecer alívio financeiro aos trabalhadores formais com taxas de juros mais baixas, o programa Crédito do Trabalhador, disponível no aplicativo Carteira de Trabalho Digital, tem enfrentado críticas por não cumprir, até o momento, sua proposta principal. Simulações feitas pelo jornal Saiba Mais Bahia indicam que os juros cobrados pelos bancos parceiros estão acima da média do crédito consignado privado, com taxas que variam de 2,84% até 5,97% ao mês — patamar superior à média de 2,91% registrada pelo Banco Central em janeiro de 2025.

Em apenas uma das nove simulações realizadas para empréstimos de R$ 10 mil, a taxa oferecida ficou abaixo da média praticada no mercado. As simulações foram feitas com trabalhadores que ganham entre R$ 1.500 e R$ 4.600, com tempo de carteira assinada variando de 1 a 5 anos. Em muitos casos, os valores oferecidos foram menores do que os solicitados — em alguns, limitando-se a R$ 3 mil, ou 30% do valor pleiteado.

Além das taxas elevadas, outro ponto levantado é a baixa concorrência entre instituições financeiras. Em diversas simulações, os bancos sequer fizeram propostas, especialmente para os trabalhadores com salários mais baixos ou tempo curto de CLT. Participam da primeira fase do programa a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, Banco Inter, Agibank, Nubank, Pan Financeira e Parati SFI. Entretanto, em algumas simulações, nem mesmo Caixa e BB apresentaram ofertas.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou que, entre 21 de março e 3 de abril, foram firmados 532.743 contratos, totalizando R$ 3,3 bilhões em empréstimos, com valor médio de R$ 6.209,65 por operação. O parcelamento médio foi de 18 meses, com prestações mensais de R$ 350,45.

Apesar dos números iniciais expressivos, o presidente Lula havia prometido que o Crédito do Trabalhador serviria para “pagar dívidas com juros mais altos”, o que, na prática, ainda não se concretizou. Especialistas apontam que, para cumprir esse papel, os juros deveriam ficar mais próximos da média histórica do consignado privado, algo que o próprio governo reconhece como um objetivo de médio prazo, a depender do aumento da concorrência entre bancos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembrou que outras categorias, como servidores públicos e aposentados do INSS, já têm acesso a taxas bem menores no crédito consignado — 1,82% e 1,75% ao mês, respectivamente. Nesse cenário, o governo aposta que a entrada dos grandes bancos privados — prevista para 25 de abril, quando passam a ofertar o produto em seus próprios aplicativos — deve melhorar as condições e baratear as taxas.

Especialistas também alertam que a comparação mais justa para a nova linha pode ser com o crédito pessoal não consignado, cuja média de juros gira em torno de 5,93% ao mês, e não com o consignado tradicional.

O novo modelo traz mudanças na forma de análise de risco, que agora passa a considerar também o empregador (adimplência com FGTS, estabilidade de folha) e não apenas o trabalhador.

Como simular
Para acessar o Crédito do Trabalhador, é necessário usar o aplicativo Carteira de Trabalho Digital. O trabalhador preenche o valor desejado e o número de parcelas, e em até 24 horas recebe as propostas das instituições financeiras participantes. Durante esse período, não é possível realizar nova solicitação.

A expectativa do governo é que o programa atinja 25 milhões de pessoas em até quatro anos, promovendo inclusão financeira com taxas mais acessíveis. Por ora, os desafios ainda são visíveis: juros acima da média, pouca oferta e alcance limitado às faixas de renda mais baixa.

Redação Saiba+

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Brasil

Mercado ilegal domina mais de 50% das apostas online no Brasil

Estima-se que as casas de apostas não autorizadas movimentem até R$ 18 bilhões por ano, elevando riscos à arrecadação e à proteção do consumidor

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Usuário jogando jogo de azar no celular Foto: Werther Santana/

No cenário das apostas online no Brasil, cresce a preocupação com o volume expressivo de operações realizadas por plataformas não regulamentadas. Estimativas recentes apontam que mais de metade do mercado de apostas esportivas ainda está em ambiente clandestino, o que implica em múltiplas consequências para a economia, a segurança e a equidade da atividade.

Entre os principais pontos de atenção, destaca-se que essas casas de apostas ilegais, por estarem fora do âmbito de fiscalização, não prestam contas ao Fisco nem seguem obrigações de transparência e proteção ao apostador. Tal realidade gera evasão fiscal bilionária, concorrência desleal para operadores regulares e aumenta a vulnerabilidade de usuários que podem ser vítimas de fraudes ou práticas predatórias.

Especialistas do setor apontam que o universo de apostas sob regulação formal, embora já regulado, está limitado em termos de abrangência e alcance, criando um enorme “mercado paralelo”. Esse desequilíbrio expõe dois desafios centrais: primeiro, a necessidade de intensificar a fiscalização e bloquear domínios que atuam irregularmente; segundo, ampliar a educação do consumidor para que identifique quais plataformas estão autorizadas, reduzindo o uso de sites com operações de risco.

Para o governo, a situação apresenta um custo elevado. A falta de tributação correta sobre os valores movimentados pelas casas ilegais compromete não apenas a arrecadação imediata, mas também a credibilidade do setor formalizado. No curto prazo, a ampliação de plataformas regulares, com garantias de transparência, poderia fortalecer o ambiente de apostas no Brasil, promovendo maior segurança jurídica, melhores práticas de mercado e proteção aos usuários.

Em suma, o Brasil enfrenta um ponto de inflexão: transformar o mercado de apostas em um sistema mais transparente e regulado, reduzindo o peso das operações ilegais, promover o cumprimento de obrigações tributárias e garantir que os apostadores tenham acesso a plataformas confiáveis — sob pena de manter o risco elevado de fraudes, perdas e impactos ao erário público.

Redação Saiba+

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Brasil

Rio vive “cenário de guerra” em megaoperação contra facção criminosa

Forças de segurança deflagram ação massiva contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro e confrontos deixam mortos e apreensões em 15 favelas

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Megaoperação no RJ tem bombas lançadas por drones Foto: Reprodução/Rede Social

O Rio de Janeiro amanheceu sob forte clima de tensão após uma megaoperação policial deflagrada em diversas comunidades da capital e da região metropolitana. A ação, que teve como alvo o Comando Vermelho (CV), mobilizou centenas de agentes das forças de segurança e resultou em mortes, prisões e apreensões de armas e drogas.

Descrita por autoridades e moradores como um verdadeiro “cenário de guerra”, a operação aconteceu simultaneamente em 15 favelas, incluindo áreas da Zona Norte e da Zona Oeste, onde o confronto foi mais intenso. Houve registro de tiroteios prolongados, barricadas incendiadas e ataques com armamento pesado, o que obrigou o fechamento de escolas e o bloqueio de vias de acesso.

De acordo com as forças de segurança, o objetivo da ofensiva é desarticular núcleos de liderança e logística da facção criminosa, responsável por expandir o controle territorial em várias comunidades. Apesar do impacto operacional, o episódio reacende o debate sobre a escalada da violência urbana e os limites da política de enfrentamento armado adotada no estado.

Para especialistas, a dimensão da operação reflete o avanço das facções no Rio e a necessidade de ações de inteligência e articulação entre os órgãos públicos. No entanto, há também preocupação com os efeitos colaterais sobre a população civil, que permanece em meio ao fogo cruzado.

O governo estadual defende que as ações são indispensáveis para restaurar a ordem e recuperar áreas dominadas pelo crime organizado, mas reconhece que o desafio maior será garantir segurança duradoura e presença social efetiva nas comunidades afetadas.

O episódio reforça a percepção de que o Rio de Janeiro enfrenta um dos períodos mais críticos de sua segurança pública, em que operações de grande porte se tornam rotina e colocam à prova a capacidade do Estado de conter o poder das facções criminosas.

Redação Saiba+

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Brasil

Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”

Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

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Secretário Especial da Receita Federal - Secretaria Especial da Receita Federal, Robinson Sakiyama Barreirinhas Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.

Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.

Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.

Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.

Redação Saiba+

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