Brasil
PGR solicitou o arquivamento do inquérito que investigava o presidente Bolsonaro por suposta fraude no cartão de vacinação
De acordo com Gonet, a evidência que comprovaria o suposto pedido de Bolsonaro a Mauro Cid para inserir informações falsas no sistema do Ministério da Saúde é insuficiente.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou hoje o arquivamento da investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em relação à suposta fraude nos cartões de vacinação contra a Covid-19. O pedido foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) logo após a Primeira Turma tornar Bolsonaro e outros 7 acusados réus por uma suposta tentativa de golpe de Estado. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, comunicou ao STF que não há evidências suficientes para responsabilizar Bolsonaro e o deputado federal Gutemberg Reis.
O tenente-coronel Mauro Cid alegou em sua delação premiada que teria agido a mando de Bolsonaro para falsificar os certificados, mas Gonet afirmou que essa versão não foi comprovada por provas. Ele ressaltou que a legislação impede a aceitação de denúncias baseadas apenas nas declarações de um delator e que o STF exige que essas informações sejam corroboradas por provas. No entanto, a delação de Cid continua válida em outras investigações.
“Ocorre – em prejuízo da viabilidade de apresentação de acusação penal – que somente o colaborador afirmou que o Presidente lhe determinara a realização do ato. Essa solicitação é elemento de fato central para que a conduta típica, crime de mão própria, lhe possa ser imputada”, disse Gonet.
Em março de 2024, a Polícia Federal formalizou o indiciamento de Bolsonaro, Reis e Cid pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. Segundo o relatório elaborado pelo delegado Fábio Shor, da PF, Bolsonaro teria solicitado a Cid a inserção de informações falsas sobre vacinas contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. Shor também apontou que os certificados adulterados foram produzidos no Palácio da Alvorada e entregues pessoalmente ao ex-presidente. A defesa de Bolsonaro alegou que as informações foram inseridas no sistema em 21 de dezembro de 2022 e removidas seis dias depois.
“Não há indício de que o certificado haja sido utilizado, tendo sido dito que fora inutilizado pouco depois de impresso”, pontuou a PGR.
No caso do deputado Gutemberg Reis, o PGR disse que “há consideráveis elementos de convicção no sentido de que ele efetivamente se vacinou contra a Covid-19”. O procurador-geral citou no parecer publicações nas redes sociais em que Reis incentiva a imunização.
“Não se atina, assim, com algum propósito de vantagem indevida numa falsa inserção de lançamento de dados”, afirmou.
“Diante da ausência de elementos que justifiquem a responsabilização de Jair Messias Bolsonaro e Gutemberg Reis de Oliveira pelos crimes de inserção de dados falsos em sistema de informações (art. 313-A do Código Penal), promovo o arquivamento do inquérito no que tange a esses dois investigados, requerendo, não obstante, que os autos sejam enviados para as instâncias ordinárias, a quem cabe investigar a responsabilidade dos demais envolvidos sem prerrogativa de função”, destacou Gonet.
Brasil
Odebrecht retoma nome original seis anos após Lava Jato
Construtora volta a adotar marca histórica após reestruturação bilionária e mudança de identidade visual

A decisão ocorre logo após a homologação do novo plano de reestruturação financeira do grupo, que reduziu drasticamente uma dívida que girava em torno de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 26 bilhões) para US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 848 milhões).
Desde 2019, em meio à crise de imagem provocada pelas revelações da Lava Jato e pela condenação de diversos executivos, a construtora havia trocado sua identidade para a sigla OEC, tentando dissociar sua marca do escândalo que ficou conhecido como um dos maiores esquemas de corrupção da história recente do Brasil.
Segundo comunicado oficial da empresa, “a partir de 2 de maio, a identidade visual da companhia será renovada, acompanhando o momento vivido pela empresa após a recente homologação do seu plano de reestruturação financeira. A sigla OEC, até então central no logotipo, dá lugar ao nome Odebrecht, mantendo o descritivo ‘Engenharia & Construção’, que indica o seu segmento de atuação”.
O nome da holding controladora, a Novonor, permanece o mesmo, mantendo o portfólio de investimentos em engenharia, concessões públicas, setor petroquímico e imobiliário.
Atualmente, a Odebrecht emprega cerca de 18 mil colaboradores no Brasil e em países como Peru, Angola e Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, foram entregues 36 projetos em sete países, totalizando investimentos públicos e privados da ordem de US$ 16 bilhões (R$ 90,5 bilhões).
O escândalo da Lava Jato e o impacto na empresa
A retomada do nome histórico ocorre mais de uma década após o início da Operação Lava Jato, que revelou um gigantesco esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht, a Petrobras e diversas lideranças políticas. Executivos da construtora firmaram acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, resultando em 83 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). A amplitude das revelações ficou conhecida como a “delação do fim do mundo”.
Fundada em 1944, a Odebrecht foi durante décadas uma das maiores empreiteiras da América Latina. Com a retomada do nome e a reorganização de sua estrutura financeira, a empresa busca recuperar espaço no mercado e reconstruir sua imagem perante investidores, governos e a sociedade.
Brasil
Cobertura de R$ 9 milhões é a nova “prisão” de Collor

O ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado a mais de oito anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, foi transferido nesta quinta-feira (2) para prisão domiciliar em uma cobertura de luxo na orla de Maceió (AL). A decisão foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com base na condição de saúde do ex-mandatário e sua idade avançada.
A nova “residência prisional” de Collor é um apartamento de 600 metros quadrados com vista para a praia de Ponta Verde, avaliado pela Justiça do Trabalho em R$ 9 milhões. Em 2018, no entanto, o ex-presidente declarou o imóvel à Justiça Eleitoral como sendo de apenas R$ 1,8 milhão. Já em 2022, quando disputou o governo de Alagoas, o imóvel sequer apareceu em sua declaração de bens. A cobertura chegou a ser alvo de penhora judicial para quitar uma dívida trabalhista de R$ 264 mil com um ex-funcionário de uma empresa da qual Collor é sócio.

Edifício onde ex-presidente vai cumprir prisão domiciliar — Foto: Reprodução/Google
A decisão do STF atendeu a um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que reconheceu a necessidade de tratamento domiciliar humanitário. Collor, de 75 anos, sofre de doença de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar. Ele deverá cumprir a pena usando tornozeleira eletrônica, com passaporte suspenso e visitas restritas apenas a advogados, familiares, médicos e pessoas previamente autorizadas pela Justiça.
Apesar da pena ser de 8 anos e 10 meses em regime fechado, a gravidade das condições de saúde pesou na concessão da prisão domiciliar. “A grave situação de saúde, amplamente comprovada nos autos, sua idade e a necessidade de tratamento específico admitem a concessão de prisão domiciliar humanitária”, afirmou Moraes na decisão.
Collor foi condenado em 2023 por envolvimento em um esquema de corrupção na BR Distribuidora, braço da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. A pena foi mantida após recurso da defesa ser rejeitado em novembro do ano passado. Outro recurso apresentado recentemente foi classificado como “protelatório” pelo STF, o que levou à ordem de início do cumprimento da pena.
Brasil
Morre Nana Caymmi, ícone da música brasileira

A música brasileira se despede de uma de suas vozes mais poderosas e emocionantes. Morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, a cantora Nana Caymmi, considerada uma das maiores intérpretes da canção popular brasileira. Internada na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, Nana enfrentava um quadro delicado de saúde há meses e faleceu em decorrência de falência múltipla dos órgãos.
Filha do lendário compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, irmã dos também músicos Dori e Danilo Caymmi, Dinahir Tostes Caymmi — a eterna Nana — brilhou por décadas como uma intérprete sofisticada, de voz quente, precisa e carregada de sentimento. Desde sua estreia ainda jovem, aos 19 anos, interpretando “Acalanto” ao lado do pai, Nana trilhou um caminho de excelência e fidelidade à tradição da música brasileira.

Nana Caymmi e Gilberto Gil • Instagram/Nana Caymmi
Com domínio técnico admirável, uma afinação impecável e sensibilidade incomum para as sutilezas das letras e harmonias, Nana Caymmi eternizou obras como “Resposta ao Tempo”, “Medo de Amar”, “Sentinela” e “A Noite do Meu Bem”, além de ser considerada a principal voz na interpretação da obra de Dorival Caymmi. Seu timbre inconfundível e sua maneira única de cantar boleros e samba-canção fizeram dela uma artista reverenciada tanto no Brasil quanto no exterior.

Nana e Maria Bethânia – Reprodução: Facebook
Nos anos 1970, conquistou grande prestígio na Argentina, onde gravou álbuns e fez temporadas de sucesso. Já nos anos 1980 e 1990, lançou discos que se tornaram referência na MPB, como “Voz e Suor” (1983) e “A Noite do Meu Bem: As Canções de Dolores Duran” (1994). Em trilhas de novelas, sua voz emocionou milhões, tornando-se presença constante nas rádios e televisões do país.
Ao longo da carreira, Nana colaborou com nomes como Milton Nascimento, João Donato, César Camargo Mariano e Cristóvão Bastos. Seu último trabalho, lançado em 2020, “Nana-Tom-Vinicius”, reafirmou a potência artística da intérprete mesmo aos 79 anos.

Juntos, os irmãos Danilo (à esq.), Nana e Dori, durante gravação de disco com músicas do pai, Dorival Caymmi — Foto: Divulgação
Apesar das polêmicas — como suas posições políticas firmes e declarações públicas —, Nana Caymmi manteve sua integridade artística até o fim. Com uma carreira marcada por coerência estética, recusou modismos e se manteve fiel ao estilo que abraçou desde o início.
Nana parte deixando um legado inestimável para a música brasileira. Sua voz, seu sentimento e sua história continuarão vivos nas canções que interpretou como ninguém. Como canta em “Resposta ao Tempo”: “Ele zomba do quanto eu chorei / Porque sabe passar / Eu não sei”. O tempo passa, mas a arte de Nana Caymmi permanece.
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