Política
Emendas batem verba livre que 30 ministérios têm, juntos, para gastar
Parlamentares poderão indicar R$50,4 bi em 2025, o que enfraquece o poder do governo.

O orçamento das emendas parlamentares deve atingir um novo recorde em 2025. Ao todo, deputados e senadores poderão indicar R$ 50,4 bilhões — um valor que, sozinho, supera o orçamento discricionário somado de 30 ministérios do governo federal.
Para muitos especialistas, o crescimento do poder do Legislativo sobre a destinação do dinheiro público levanta um alerta: até que ponto o Congresso está fortalecendo sua atuação legítima, ou apenas fragmentando o orçamento da União e enfraquecendo o planejamento nacional?
Disputa por Recursos em 2025
R$ 50,4 bilhões – Valor reservado para emendas parlamentares
R$ 41,5 bilhões – Valor reservado para recursos livres de 30 ministérios somados
Ambos fazem parte do orçamento discricionário do governo federal.
Evolução das Emendas Pagas (2014–2024)
- 2014: R$ 0,2 bi
- 2015: R$ 3,7 bi
- 2016: R$ 7,1 bi
- 2017: R$ 7,4 bi
- 2018: R$ 13,9 bi
- 2019: R$ 13,6 bi
- 2020: R$ 28,5 bi
- 2021: R$ 30,4 bi
- 2022: R$ 31,2 bi
- 2023: R$ 36,6 bi
- 2024: R$ 40,9 bi (valor empenhado)

O que são as emendas parlamentares?
Emendas parlamentares são instrumentos que permitem aos congressistas direcionar recursos do orçamento federal para ações, obras e projetos em seus Estados ou municípios. A ideia original era garantir que parlamentares, mais próximos das realidades locais, pudessem colaborar com investimentos em áreas prioritárias.
Mas o que era uma ferramenta de apoio virou uma peça-chave no jogo político de Brasília — e uma moeda de troca entre Executivo e Legislativo.
O tamanho do poder
Em 2025, o valor total das emendas chega a 0,5% do PIB do Brasil. Serão R$ 24,7 bilhões em emendas individuais, R$ 14,3 bilhões para bancadas estaduais e R$ 11,5 bilhões em emendas das comissões temáticas.
O número impressiona: juntos, esses R$ 50,4 bilhões superam os valores livres para gasto de 30 ministérios. E na prática, isso significa que os parlamentares hoje têm mais poder de decisão sobre parte significativa do orçamento do que o próprio governo.
Dinheiro que sai, muitas vezes, sem critério técnico
O problema é que, segundo especialistas, a maior parte dessas emendas não obedece a critérios técnicos nem segue um plano de desenvolvimento nacional. Elas acabam sendo usadas com objetivos políticos — e não necessariamente para atender às regiões que mais precisam.
Em 2024, por exemplo, R$ 200 milhões em emendas parlamentares foram liberados pela ex-presidente Dilma Rousseff, indicando como o uso dessas verbas pode variar conforme as negociações políticas do momento.
STF tenta conter distorções
Com o crescimento do uso político das emendas, o Supremo Tribunal Federal começou a agir. Em agosto de 2024, o ministro Flávio Dino proibiu que parlamentares destinem emendas Pix (um tipo de transferência direta, sem necessidade de justificativa) para estados fora de suas bases eleitorais. A medida visa trazer mais transparência e controle sobre o destino dos recursos.
Apesar da decisão, ainda há muitas brechas no sistema — e o modelo atual segue favorecendo articulações políticas e trocas de favores, em vez de projetos estruturantes e de longo prazo.
Um sistema que precisa ser repensado
Com a proximidade das eleições de 2026, a tendência é que o uso das emendas como ferramenta política cresça ainda mais. Mas a concentração de tanto poder orçamentário nas mãos do Congresso também representa uma ameaça à governabilidade e ao planejamento eficiente do Estado.
Especialistas alertam: é hora de repensar o modelo. Sem isso, o país corre o risco de continuar refém de uma lógica que enfraquece o Executivo, fatiando o orçamento e dificultando a implementação de políticas públicas com impacto nacional.
Política
Marçal recebe segunda condenação de inelegibilidade
Empresário e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo é acusado de abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos; decisão ainda cabe recurso.

O empresário Pablo Marçal recebeu na última sexta-feira, 25 de abril, sua segunda condenação pela Justiça Eleitoral de São Paulo. A decisão o torna inelegível por oito anos e impõe uma multa de R$ 420 mil devido ao abuso de poder econômico, captação ilícita de recursos e uso indevido dos meios de comunicação durante sua campanha à Prefeitura de São Paulo em 2024. A decisão, proferida pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz da 1ª Zona Eleitoral, pode ser recorrida.
O caso, movido pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), envolve o uso do canal de Marçal na plataforma Discord, onde ele organizou campeonatos com prêmios em dinheiro para usuários que gerassem o maior número de visualizações de conteúdo em seu favor, oferecendo até R$ 125 mil. A justiça considerou essa ação uma forma de abuso de poder econômico, configurando um uso ilícito dos recursos durante o período eleitoral.
Em resposta à condenação, Marçal afirmou que a decisão é “temporária” e garantiu que a campanha cumpriu todos os requisitos legais. Sua defesa, em nota oficial, sustentou que “o conteúdo probatório e os fatos indicados na decisão não são suficientes para a procedência da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)” e anunciou que entrará com recurso para reverter a decisão.
Além disso, a condenação se baseia em um episódio anterior, ocorrido em fevereiro deste ano, quando Marçal foi acusado de vender apoio político em troca de doações para sua campanha. Em um vídeo, ele afirmava que venderia seu apoio a candidatos a vereador de “perfil de direita” mediante o pagamento de R$ 5.000 via PIX, o que resultou em sua primeira inelegibilidade por oito anos.
As ações movidas pelo PSB, liderado pela deputada federal Tabata Amaral, e pelo PSOL, de Guilherme Boulos, foram decisivas para que Marçal fosse condenado em duas ocasiões. Mesmo com o revés judicial, o empresário segue acreditando que sua candidatura e ações durante a campanha estavam dentro dos parâmetros legais.
A decisão do juiz Zorz determina também a inelegibilidade de Marçal até 2032, além da multa de R$ 420 mil, por descumprir uma liminar que já havia sido imposta durante a campanha de 2024.
Política
Defesa de Collor apresenta novo laudo e pede domiciliar
Ex-presidente foi condenado a quase nove anos de prisão e enfrenta impasse no STF sobre permanência em presídio comum.

A defesa do ex-presidente Fernando Collor de Mello apresentou neste sábado (26) um novo laudo médico ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reforçar o pedido de conversão da prisão do político em domiciliar. Condenado a oito anos e dez meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da BR Distribuidora, Collor foi preso na última sexta-feira (25) em Maceió (AL).
O novo documento atesta que Collor sofre de Doença de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar, condições que, segundo a defesa, exigem acompanhamento médico contínuo e o uso de equipamentos específicos, como o CPAP para tratar a apneia. O laudo, assinado pelo médico Rogério Tuma, argumenta que a falta de tratamento adequado pode agravar a saúde do ex-presidente, de 75 anos.
O pedido ocorre após uma contradição gerada pela própria fala de Collor na audiência de custódia, quando ele afirmou não possuir doenças e não utilizar medicamentos de forma contínua. A defesa não explicou a divergência, mas insiste que o novo relatório médico comprova a gravidade do quadro clínico.
O recurso foi endereçado ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pela execução da pena, que solicitou manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de decidir sobre o pedido de domiciliar.
Além da situação médica de Collor, ministros do STF avaliam que a prisão do ex-presidente estabelece um precedente relevante para futuros casos de ex-mandatários envolvidos em ações criminais, como o do ex-presidente Jair Bolsonaro. A Suprema Corte usou a rejeição de recursos protelatórios de Collor como forma de acelerar o cumprimento da sentença, estratégia semelhante à prevista para as ações ligadas à tentativa de golpe de Estado em 2022.
A expectativa no Supremo é que a decisão de Moraes sobre Collor também influencie a possível prisão de Bolsonaro, que, assim como o ex-presidente alagoano, apresenta condições médicas que poderiam ser usadas como argumento para tentar uma prisão diferenciada.
Collor é o primeiro ex-presidente brasileiro a ser preso por decisão direta do STF desde a redemocratização. Sua condenação foi baseada em provas materiais, como comprovantes de depósitos no esquema da Lava Jato, além de depoimentos de delatores premiados. A pena foi confirmada em 2023, e os recursos apresentados posteriormente foram considerados protelatórios, justificando o início da execução da sentença.
Enquanto aguarda a resposta do STF, Collor permanece detido em Maceió, à espera de uma definição sobre seu futuro prisional.
Política
Analise: INSS e inflação expõem falhas do governo Lula

A inflação dos alimentos avança no Brasil e ameaça ultrapassar o ganho médio dos salários, expondo a fragilidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva diante dos problemas econômicos e de gestão. Desde janeiro, a alta nos preços da alimentação no domicílio não para de crescer: de 7,2% em fevereiro para 8% em abril, segundo dados recentes — o segundo maior patamar em dois anos.
O cenário é ainda mais preocupante quando se observa a sequência de erros políticos. Em janeiro, o governo revogou uma medida que ajudaria a fiscalizar irregularidades via Pix, após forte pressão popular impulsionada por campanhas de desinformação nas redes. Um vídeo de propaganda, feito pelo deputado federal, Nikolas Ferreira (PL), criticando a medida atingiu 217 milhões de visualizações, mais que a população brasileira, e contribuiu para a queda vertiginosa da aprovação presidencial.
Tentando responder ao aumento da carestia, o governo promoveu reuniões com empresários, zerou o imposto de importação da sardinha e Lula chegou a prometer caça aos responsáveis por supostos abusos de preços nos alimentos. No entanto, a resposta foi desastrada. Em janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugeriu “intervenções” para conter a inflação, gerando ruído e insegurança.
O problema, porém, vai além da inflação. A fila do INSS aumentou, agravando o mau humor popular, enquanto vieram à tona escândalos envolvendo fraudes e negligências históricas na concessão de aposentadorias. A gestão do INSS se tornou alvo de denúncias e casos de polícia, com o governo incapaz de resolver a crise.
A diferença entre o reajuste salarial e a inflação dos alimentos também ajuda a explicar a crescente insatisfação. Em 2022, no auge da crise de Bolsonaro, os salários perdiam da inflação da comida por 12%. Em meados de 2023, no início da gestão Lula, os salários venciam a inflação por até 10%, refletindo seu melhor momento de popularidade. Já em janeiro de 2025, essa vantagem caiu para apenas 1,2%, com tendência de piora nos dados de abril.
Enquanto isso, medidas econômicas concretas praticamente inexistem. O crédito consignado para celetistas, lançado em março, movimenta cerca de R$ 370 milhões por dia útil, mas ainda não reverte a sensação de inércia governamental. Outras promessas, como a isenção do Imposto de Renda, não têm apelo imediato ou previsão de efeito antes de 2026.
Num ano em que o debate político nacional é dominado por pautas como anistia a golpistas e pelo “circo” envolvendo Donald Trump, o governo Lula parece perdido, acumulando derrotas no Congresso e sem estratégia clara para reconquistar apoio popular.
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