O deputado estadual Marcinho Oliveira oficializou sua saída do União Brasil em uma reunião realizada nesta terça-feira (22) com o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do partido, ACM Neto. A desfiliação será conduzida de maneira estratégica: para evitar questionamentos judiciais por infidelidade partidária, Marcinho será expulso “de comum acordo”, com base em um pedido já protocolado por um militante da sigla, que o acusa de aproximação com o PT e o governo estadual.
A movimentação política foi evidenciada poucas horas depois, quando o parlamentar apareceu em agenda pública ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e da prefeita de Itatim, Daiane Silva, em Salvador. O trio se reuniu com secretários estaduais para tratar de investimentos e entregas estruturantes no município, como a construção de escola, hospital, reforço no abastecimento de água e novas ações na zona rural.
“Foi uma agenda potente, onde discutimos projetos estruturantes e estratégicos”, disse Jerônimo, em referência aos mais de R$ 37 milhões investidos nos últimos dois anos em Itatim, cidade com cerca de 15 mil habitantes no Piemonte do Paraguaçu.
Apesar de ter sido eleito pela base de ACM Neto, Marcinho já vinha sinalizando descontentamento com os rumos do União Brasil na Bahia. Segundo fontes ligadas ao parlamentar, ele mantém conversas com legendas como Avante e MDB, ambas da base de apoio do governador Jerônimo. Também há possibilidade de que ele migre para uma sigla menor, sob orientação do deputado federal Elmar Nascimento, de quem é aliado político próximo.
A prefeita Daiane Silva, que celebrou os investimentos estaduais no município, também reforçou a nova sintonia entre as lideranças locais e o Palácio de Ondina.
“Com trabalho, o resultado vem e quem ganha é o nosso povo”, afirmou, destacando a atenção do governo às demandas municipais.
Representantes de 25 blocos afro e associações culturais de matriz africana e indígena se reúnem nesta quinta-feira (24), no restaurante La Lupa, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador, para iniciar o planejamento do Carnaval 2026. Além da programação carnavalesca, o encontro tem como foco discutir formas de garantir a sustentabilidade financeira das entidades ao longo de todo o ano.
Grupos tradicionais como Malê Debalê, Muzenza e o Bloco da Saudade estão entre os participantes. Atualmente, a principal fonte de recursos dessas entidades é o edital Carnaval Ouro Negro, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBa) em parceria com a Sepromi. Em 2025, o programa destinou R$ 15 milhões a aproximadamente 114 instituições culturais.
Foto: Divulgação
A iniciativa do encontro é do advogado Caio Rocha, do escritório Rocha Advogados, que atua assessorando juridicamente as associações na elaboração de projetos e na prestação de contas do programa Ouro Negro. Em 2025, Rocha representou 25 associações, o equivalente a mais de 25% dos projetos contemplados no edital.
“O objetivo do evento é confraternização com as associações que são clientes do Rocha e Advogados, fazer uma análise do Carnaval de 2025 e fomentar eventuais formas de receita para as associações durante o ano, além, claro, de encaminhar o planejamento para o Carnaval de 2026”, afirma o advogado.
Caio Rocha / Foto: Instagram
Rocha também destaca a importância de diversificar as fontes de financiamento e fortalecer a atuação dos blocos fora do período carnavalesco.
“Existem diversos editais abertos e outros que irão abrir em 2025 voltados à promoção da cultura, os quais as associações podem participar para o desenvolvimento dos projetos que já realizam nas instituições durante o ano, bem como a elaboração de novos projetos culturais para a comunidade”, explica.
O encontro pretende orientar os grupos sobre essas oportunidades e estimular a construção de uma agenda anual de atividades que garanta a continuidade das ações culturais e sociais promovidas pelos blocos afro.
Evento SERIN/SSP - assinaturas das mensagens de envio dos projetos de lei das forças de segurança pública da Bahia à ALBA (22/04/2025). Foto flickr/jeronimorodrigues
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), anunciou nesta segunda-feira (22) o envio de um pacote de projetos de lei à Assembleia Legislativa que reestrutura as carreiras e valoriza os profissionais da segurança pública do estado. O anúncio foi feito por meio de um vídeo publicado nas redes sociais oficiais do governador, destacando o compromisso do governo com a valorização dos servidores que atuam na proteção da população baiana.
SGT PM Antonio Jorge, Diretor financeiro da APPMBA, Coronel Magalhães, Comandante-Geral da PMBA e a deputada estadual Fátima Nunes (PT).
As medidas beneficiarão profissionais da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP). Entre as principais ações estão o reajuste no soldo e em gratificações, a criação de um auxílio fardamento mensal para policiais militares e bombeiros, promoções por desempenho para servidores da Polícia Civil, e a reestruturação das gratificações penitenciárias.
“Essas mudanças são importantes para reconhecer o esforço e o compromisso de quem está diariamente nas ruas, nos batalhões, nas delegacias e nos presídios defendendo a segurança da população”, afirmou Jerônimo Rodrigues no vídeo postado em seu Instagram.
Segundo o governador, os investimentos previstos com as novas medidas somam quase R$ 400 milhões apenas em 2025, em um esforço orçamentário que visa a valorização salarial dos servidores e o fortalecimento da segurança pública no estado.
Representantes de associações estiveram presentes. Foto: Instagram
PMs e Bombeiros: reajuste médio de 14,76% até 2026
Delegados e peritos: aumento de 14%
Investigadores, escrivães e peritos técnicos: 22% de reajuste
Polícia Penal: aumento nominal médio de 13,29%
Além dos salários, também estão previstos ajustes no auxílio-fardamento, ampliação de gratificações e mudanças nas promoções.
O impacto financeiro pode chegar a quase R$ 850 milhões em 2026!
O anúncio reforça a tentativa do governo baiano de valorizar os profissionais da segurança pública como parte das ações para enfrentar a criminalidade no estado.
📹 Assista ao vídeo do anúncio publicado pelo governador Jerônimo Rodrigues:
Ilha de Maré, bairro mais negro de Salvador, vive crise
Comunidade quilombola em Salvador denuncia contaminação, escassez de pescado e alta incidência de doenças; empresas afirmam adotar medidas de mitigação
Marizelha Lopes, marisqueira e líder comunitária, na orla de Bananeiras, com o porto de Aratu ao fundo - Rafaela Araújo
A Ilha de Maré, território tradicional e quilombola localizado na baía de Todos-os-Santos, vive um dos maiores conflitos ambientais urbanos da Bahia. Com cerca de 10 mil habitantes, o bairro de Salvador é cercado por empreendimentos industriais de grande porte, como o porto de Aratu e a antiga refinaria Landulpho Alves, atual Mataripe. Ao longo dos anos, os moradores relatam degradação ambiental, contaminação das águas e perdas irreparáveis na saúde e no sustento.
Marisqueiras, pescadores e lideranças comunitárias afirmam que a pesca artesanal — princiBarco passa em frente à refinaria de petróleo de Mataripe, na margem oposta da Ilha de Maré, bairro de Salvador – Rafaela Araújo
pal fonte de renda local — tem sido drasticamente afetada por vazamentos químicos e pelas mudanças climáticas. O aumento da temperatura do mar, por exemplo, tem causado a morte de mariscos nos manguezais. Espécies como sarnambi e rala coco já desapareceram, e a coleta diária tem se tornado insuficiente para sustentar as famílias.
“Esse modelo de desenvolvimento chegou para acabar com a vida da gente”, afirma Marizelha Lopes, liderança comunitária de Bananeiras. Ela relata o aumento de casos de câncer e doenças dermatológicas e respiratórias, que seriam causadas pela exposição contínua a substâncias tóxicas.
Pesquisas da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) confirmam a presença de metais pesados acima dos limites ambientais em caranguejos e no solo dos manguezais. Um estudo anterior, realizado pela Ufba, identificou níveis elevados de chumbo no sangue de crianças da ilha.
Porto dos Cavalos, distrito localizado na Ilha de Maré.
As denúncias vêm sendo levadas ao Ministério Público e ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, que acompanham o caso. A comunidade também reivindica há cerca de 20 anos a realização de um estudo amplo e independente sobre a contaminação da baía.
Outro lado: A Acelen, administradora da refinaria de Mataripe, afirma que mantém diálogo com os moradores e que implementou projetos de desenvolvimento local, como o Acelera Pesca. A empresa também firmou um acordo com o Ministério Público Federal para avaliar impactos ambientais.
Marizelha Lopes, marisqueira e líder comunitária, na orla de Bananeiras, com o porto de Aratu ao fundo – Rafaela Araújo
A Codeba, responsável pelo porto de Aratu, declara que realiza monitoramentos regulares e ações preventivas, além de investir em projetos sociais e ambientais, como a Estação de Monitoramento Ambiental.
A Petrobras, antiga gestora da refinaria e de poços de petróleo na região, não respondeu sobre a contaminação antes das vendas dos ativos. A Brava Energia, atual operadora dos poços, nega qualquer vazamento.
A Prefeitura de Salvador afirma que realiza obras de infraestrutura e ações de saúde na Ilha de Maré, mas os moradores cobram a construção de pontes, hospitais e escolas adequadas, além de atenção às mudanças climáticas que já impactam diretamente o modo de vida da comunidade.