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Política

Bolsonaro liga tarifaço à anistia e tenta se eximir de culpa

Ex-presidente admite impacto da sobretaxa de Trump sobre o Brasil, mas insiste que solução passa por perdão aos envolvidos no 8 de Janeiro

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu, pela primeira vez, os impactos negativos do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros. Em postagem nas redes sociais, Bolsonaro lamentou os efeitos da medida sobre produtores e consumidores, mas voltou a afirmar que a solução para o impasse estaria na aprovação da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e na trama de 2022 para impedir a posse de Lula.

Não me alegra ver nossos produtores do campo ou da cidade, bem como o povo, sofrer com essa tarifa de 50%“, afirmou o ex-presidente, adotando um tom mais moderado do que em declarações anteriores. Segundo ele, a responsabilidade de resolver o conflito é das autoridades brasileiras, e o caminho seria político: “Em havendo harmonia entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, escreveu.

A declaração surge em meio a uma mudança de postura no próprio campo bolsonarista, que nos últimos dias passou a reconhecer o impacto da medida norte-americana sobre a economia nacional. Governadores de direita como Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG), que inicialmente culparam apenas o governo Lula, agora pedem diálogo e soluções negociadas.

A sobretaxa anunciada por Donald Trump entra em vigor a partir de 1º de agosto e se refere diretamente ao processo judicial contra Bolsonaro, réu no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe. Trump, em carta oficial, classificou o julgamento como uma “caça às bruxas” e justificou as tarifas como resposta à suposta perseguição política sofrida pelo aliado brasileiro.

Enquanto isso, os filhos do ex-presidente, Eduardo e Flávio Bolsonaro, continuam pressionando o Congresso para aprovar uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, em referência ao perdão concedido aos militares na ditadura. Eduardo, inclusive, se licenciou do mandato para viajar aos EUA e articular pessoalmente com o entorno de Trump apoio a essa tese.

A narrativa bolsonarista, no entanto, vem encontrando resistência dentro do próprio grupo. Em reunião recente com Bolsonaro, Tarcísio informou que seu foco será a defesa da economia paulista, e não a anistia. Já o STF reagiu com estranhamento à tentativa de liberar o passaporte do ex-presidente para uma suposta negociação nos Estados Unidos — a ideia foi classificada como “esdrúxula” por ministros da Corte.

Mesmo tentando se eximir de culpa, Bolsonaro admitiu que a decisão de Trump “tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade do que com economia”. A frase revela que o tarifaço foi percebido como uma resposta política ao cerco judicial sofrido pelo ex-presidente, e não uma retaliação comercial convencional.

Com isso, cresce a divisão interna no bolsonarismo: enquanto alas mais radicais apostam na anistia como solução para a crise, governadores e aliados mais pragmáticos defendem negociações institucionais e tentam evitar prejuízos eleitorais decorrentes de um alinhamento cego a Trump.

Redação Saiba+

Política

Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”

Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração conjunta à imprensa, na Residência do Primeiro-Ministro da Malásia. Putrajaya (Malásia) Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.

Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.

A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.

O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.

A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.

Redação Saiba+

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Política

Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda

Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

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O ministro Fernando Haddad — Foto: Maria Isabel Oliveira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.

Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.

O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.

A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.

O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump

Em entrevista na Indonésia, presidente brasileiro responsabiliza usuários de drogas e questiona abordagem militar dos EUA

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversa com a imprensa, na Secretaria-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, na Indonésia Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou repercussão internacional ao afirmar, durante uma visita à Indonésia, que traficantes “são vítimas dos usuários também”, em uma crítica direta à política de combate ao narcotráfico conduzida pelo governo Donald Trump. Em suas declarações, Lula defendeu que o foco do enfrentamento à droga deve ir além dos fornecedores e abranger a demanda dos consumidores.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro apontou que a abordagem militarizada dos EUA, com operações de ataque a rotas de drogas na América Latina, corre o risco de tratar o tráfico como um simples tema de segurança externa, ignorando fatores sociais internos. Ele argumentou que a causa do problema está na demanda por entorpecentes, o que torna os traficantes parte de um sistema impulsionado pelos usuários.

“Os usuários criam o mercado”, afirmou Lula, “os traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração representa uma linha de discurso mais humanitária e centrada em prevenção e política de saúde pública do que na repressão pura. Essa visão contrasta com a retórica de endurecimento defendida por Trump, que defende uso da força e expansão de operações no Caribe e América Latina como estratégia central.

A fala do presidente brasileiro foi interpretada como um posicionamento estratégico de diplomacia comparada, uma vez que Lula aproveitou o cenário para sugerir maior protagonismo de países de renda média no tema das drogas e questionar medidas unilaterais de segurança impostas por grandes potências.

Apesar de não detalhar planos específicos de política pública, o pronunciamento reacende o debate sobre reforma das leis de drogas, investimento em saúde mental e programas de reabilitação, e coloca o Brasil numa rota de menor alinhamento com os EUA no tema.

Redação Saiba+

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