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Brasil

Mensagens vazadas revelam “justiça paralela” coordenada por Moraes no caso 8 de janeiro

Conforme nova denúncia do caso “Vaza Toga”, estrutura do TSE teria sido usada para manter presos acusados com base em postagens e denúncias informais nas redes sociais, fora dos trâmites legais

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Ministro do Supremo Tribunal , Alexandre de Moraes

Novas mensagens reveladas nesta semana sugerem que uma força-tarefa coordenada diretamente do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou a estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para produzir “certidões informais” com o objetivo de embasar e manter prisões de manifestantes detidos nos atos relacionados ao 8 de janeiro.

Segundo a apuração dos jornalistas David Ágape e Eli Vieira, divulgada pelo site internacional Civilization Works, ligado ao jornalista americano Michael Shellenberger, servidores do TSE e do STF teriam atuado sob comando direto de Moraes — à época presidente do TSE — formando uma espécie de unidade informal de inteligência, operando principalmente por meio do WhatsApp.

Esses funcionários recebiam informações diretamente da Polícia Federal — nomes, fotos, CPFs e outros dados — sem qualquer cadeia formal de custódia. A partir daí, vasculhavam perfis em redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, YouTube, Telegram e Gettr em busca de qualquer postagem que pudesse ser rotulada como “antidemocrática”. Bastava criticar o STF, compartilhar posts sobre os protestos, questionar o resultado das eleições ou fazer parte de determinados grupos online para ser classificado como uma ameaça.

As evidências indicam que, com base nessas postagens, detidos recebiam uma “certidão positiva”, classificação usada para manter sua prisão — mesmo sem antecedentes criminais, conduta violenta ou presença comprovada em atos de vandalismo. Essas certidões, segundo a denúncia, não eram compartilhadas com advogados de defesa nem analisadas por promotores, caracterizando uma atuação fora dos trâmites legais.

Entre os envolvidos estariam:

  • Cristina Yukiko Kusahara, chefe de gabinete de Moraes, que teria coordenado o grupo via WhatsApp;
  • Eduardo Tagliaferro, então chefe da Unidade Especial de Combate à Desinformação do TSE;
  • Marco Antônio Martins Vargas, juiz auxiliar no TSE;
  • Airton Vieira, assessor judicial no STF responsável por audiências de custódia dos presos.

Segundo os vazamentos, a própria Cristina reconheceu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) havia pedido liberdade provisória para alguns presos, mas Moraes se recusou a liberar os detidos até que a equipe examinasse suas redes sociais.

“A PGR pediu a LP (liberdade provisória) deles, mas o ministro não quer soltar sem antes a gente ver nas redes se tem alguma coisa”, escreveu Kusahara em uma das mensagens.

Prisões por postagens

Os casos levantados impressionam pela fragilidade das provas:

  • Um caminhoneiro foi preso após publicações críticas a Lula nas redes — sem ter participado dos atos de vandalismo, apenas por acampar em frente ao Quartel-General do Exército. Ficou preso por 11 meses e 7 dias.
  • Um homem foi detido por uma única postagem: “Fazer cumprir a Constituição não é golpe”.
  • Um ambulante de 54 anos, que chegou ao acampamento apenas à noite para vender bandeiras, também foi preso.

A operação teria contado com colaboradores externos, como ativistas políticos, universidades e agências de fact-checking, infiltrados em grupos privados para coletar informações. Ainda de acordo com a denúncia, parte da comunicação era feita por e-mail pessoal de Moraes, sem registros oficiais ou canais institucionais, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a legalidade da operação.

Redação Saiba+

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Brasil

Mercado ilegal domina mais de 50% das apostas online no Brasil

Estima-se que as casas de apostas não autorizadas movimentem até R$ 18 bilhões por ano, elevando riscos à arrecadação e à proteção do consumidor

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Usuário jogando jogo de azar no celular Foto: Werther Santana/

No cenário das apostas online no Brasil, cresce a preocupação com o volume expressivo de operações realizadas por plataformas não regulamentadas. Estimativas recentes apontam que mais de metade do mercado de apostas esportivas ainda está em ambiente clandestino, o que implica em múltiplas consequências para a economia, a segurança e a equidade da atividade.

Entre os principais pontos de atenção, destaca-se que essas casas de apostas ilegais, por estarem fora do âmbito de fiscalização, não prestam contas ao Fisco nem seguem obrigações de transparência e proteção ao apostador. Tal realidade gera evasão fiscal bilionária, concorrência desleal para operadores regulares e aumenta a vulnerabilidade de usuários que podem ser vítimas de fraudes ou práticas predatórias.

Especialistas do setor apontam que o universo de apostas sob regulação formal, embora já regulado, está limitado em termos de abrangência e alcance, criando um enorme “mercado paralelo”. Esse desequilíbrio expõe dois desafios centrais: primeiro, a necessidade de intensificar a fiscalização e bloquear domínios que atuam irregularmente; segundo, ampliar a educação do consumidor para que identifique quais plataformas estão autorizadas, reduzindo o uso de sites com operações de risco.

Para o governo, a situação apresenta um custo elevado. A falta de tributação correta sobre os valores movimentados pelas casas ilegais compromete não apenas a arrecadação imediata, mas também a credibilidade do setor formalizado. No curto prazo, a ampliação de plataformas regulares, com garantias de transparência, poderia fortalecer o ambiente de apostas no Brasil, promovendo maior segurança jurídica, melhores práticas de mercado e proteção aos usuários.

Em suma, o Brasil enfrenta um ponto de inflexão: transformar o mercado de apostas em um sistema mais transparente e regulado, reduzindo o peso das operações ilegais, promover o cumprimento de obrigações tributárias e garantir que os apostadores tenham acesso a plataformas confiáveis — sob pena de manter o risco elevado de fraudes, perdas e impactos ao erário público.

Redação Saiba+

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Brasil

Rio vive “cenário de guerra” em megaoperação contra facção criminosa

Forças de segurança deflagram ação massiva contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro e confrontos deixam mortos e apreensões em 15 favelas

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Megaoperação no RJ tem bombas lançadas por drones Foto: Reprodução/Rede Social

O Rio de Janeiro amanheceu sob forte clima de tensão após uma megaoperação policial deflagrada em diversas comunidades da capital e da região metropolitana. A ação, que teve como alvo o Comando Vermelho (CV), mobilizou centenas de agentes das forças de segurança e resultou em mortes, prisões e apreensões de armas e drogas.

Descrita por autoridades e moradores como um verdadeiro “cenário de guerra”, a operação aconteceu simultaneamente em 15 favelas, incluindo áreas da Zona Norte e da Zona Oeste, onde o confronto foi mais intenso. Houve registro de tiroteios prolongados, barricadas incendiadas e ataques com armamento pesado, o que obrigou o fechamento de escolas e o bloqueio de vias de acesso.

De acordo com as forças de segurança, o objetivo da ofensiva é desarticular núcleos de liderança e logística da facção criminosa, responsável por expandir o controle territorial em várias comunidades. Apesar do impacto operacional, o episódio reacende o debate sobre a escalada da violência urbana e os limites da política de enfrentamento armado adotada no estado.

Para especialistas, a dimensão da operação reflete o avanço das facções no Rio e a necessidade de ações de inteligência e articulação entre os órgãos públicos. No entanto, há também preocupação com os efeitos colaterais sobre a população civil, que permanece em meio ao fogo cruzado.

O governo estadual defende que as ações são indispensáveis para restaurar a ordem e recuperar áreas dominadas pelo crime organizado, mas reconhece que o desafio maior será garantir segurança duradoura e presença social efetiva nas comunidades afetadas.

O episódio reforça a percepção de que o Rio de Janeiro enfrenta um dos períodos mais críticos de sua segurança pública, em que operações de grande porte se tornam rotina e colocam à prova a capacidade do Estado de conter o poder das facções criminosas.

Redação Saiba+

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Brasil

Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”

Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

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Secretário Especial da Receita Federal - Secretaria Especial da Receita Federal, Robinson Sakiyama Barreirinhas Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.

Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.

Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.

Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.

Redação Saiba+

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