Brasil
Fraude no INSS atingiu deficientes e analfabetos
Relatório aponta que beneficiários vulneráveis sofreram descontos sem autorização, incluindo pessoas sem condições de assinar documentos

Um escândalo envolvendo a Previdência Social veio à tona com a revelação de que aposentados e pensionistas do INSS, muitos deles analfabetos, com deficiência ou residentes em áreas rurais isoladas, foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios. A denúncia integra um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que embasou operação da Polícia Federal na última semana.
Segundo as investigações, pessoas que sequer tinham condições físicas ou cognitivas para autorizar descontos foram indevidamente vinculadas a associações, como a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil), e tiveram valores descontados de suas aposentadorias.
O caso mais emblemático citado no documento é o de um aposentado de 78 anos de Manacapuru (AM), que teve descontos relacionados a uma associação localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM) — distante quase mil quilômetros. A viagem exigiria mais de 27 horas, com uso de táxis, barcos e trechos em estrada, algo considerado “improvável” pela CGU, tanto para o beneficiário quanto para representantes da associação.
A Controladoria entrevistou 1.198 aposentados e pensionistas para verificar a legitimidade dos descontos. O resultado foi alarmante: 1.172 afirmaram nunca ter autorizado qualquer tipo de filiação ou desconto.
“Houve relatos de familiares explicando que o titular do benefício era analfabeto, indígena isolado, doente grave acamado, ou mesmo residente no exterior, sem qualquer contato com a associação em questão”, aponta o relatório. Alguns entrevistados sequer sabiam o que era a entidade que aparecia nos contracheques.
Além disso, foram detectadas situações em que, após um beneficiário cancelar um desconto, outro era inserido em seguida — sinalizando um esquema sistemático de fraude. Segundo o relatório, a falta de familiaridade dos aposentados com ferramentas digitais dificulta o monitoramento dos próprios vencimentos, abrindo brechas para abusos.
Para a CGU, o sistema de proteção aos mais vulneráveis do INSS é falho. “Ao invés de proteger os hipossuficientes, a prática corrente da autarquia contribui para sua exploração”, afirma trecho reproduzido pela Polícia Federal.
A operação que revelou o esquema estima prejuízos que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. Em resposta à repercussão, o INSS informou, em nota divulgada na sexta-feira (25), que suspendeu os acordos com as entidades envolvidas. A Advocacia-Geral da União será responsável por analisar a devolução dos valores indevidamente descontados antes de abril de 2025.
A Conafer, por sua vez, alegou estar à disposição dos órgãos de controle e reiterou seu compromisso com a defesa dos direitos previdenciários de seus associados.
Brasil
A corrupção no Brasil é desde os anos de 1500

Casos como o do INSS, da prisão de Collor e das emendas recolocam no noticiário um problema que nunca deixou de assombrar o país e que demanda tratamento sério e eficaz — e não moralista.
Malévola e irresistivelmente longeva na história do Brasil, a corrupção andava um tanto fora do noticiário e do debate público, até que emergiu com força graças a uma sucessão de malfeitos coincidentes, incluindo a queda do ministro Juscelino Filho (Comunicações) após denúncia da Procuradoria-Geral da República, a prisão do ex-presidente do Peru Ollanta Humala e o asilo concedido à ex-primeira-dama Nadine Heredia, a prisão do ex-presidente Fernando Collor e o ruidoso escândalo dos descontos em aposentadorias e pensões do INSS.
Não que a corrupção estivesse suspensa na rotina de práticas antirrepublicanas que costumam alimentar os cupins do dinheiro público, como atesta o nefasto assunto das emendas parlamentares sem transparência, mas está claro que o país tem negligenciado o tema — sobretudo depois que os excessos cometidos pela Operação Lava Jato contribuíram, em grande medida, para descredenciar a agenda e ainda permitir que réus confessos passassem a posar de vítimas.
Precisamos falar sobre corrupção. Para tanto, não é preciso recorrer à História. Registre-se que a corrupção já era fonte de preocupação no período em que éramos colônia portuguesa. Mem de Sá, o governador-geral do país entre 1558 e 1572, por exemplo, foi acusado de enriquecimento ilícito.
No Rio de Janeiro, dizia-se que os mercadores de escravos que saíam da África e seguiam para o Rio da Prata — e precisavam fazer escala no Rio para abastecer — já sabiam que tinham de pagar propina ao governador da capitania. Tampouco se deve recorrer a hipérboles de pouca serventia, como a dúvida se o Brasil é o país mais corrupto do mundo, se os governos lulopetistas foram os mais corruptos da história brasileira ou se a atual legislatura é a mais imperfeita desde a redemocratização.
Também é contraproducente escolher entre o moralismo udenista (nos anos 1950 e 1960, a UDN era o partido que denunciava a corrupção com maior vigor) e a naturalidade com que a esquerda despreza o assunto — principalmente depois que o PT passou a ser governo, no início dos anos 2000.
Como se sabe, o PT ascendeu denunciando tudo e todos, mas, uma vez no poder, se revelou tão corrupto quanto aqueles grupos que vivia a denunciar. Completados dez anos de poder, um documento levado a um conclave petista definia o partido como vítima do presidencialismo de coalizão, “prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”. Agora, com a morte do presidencialismo de coalizão e a vigência de um sistema político disfuncional, não são poucos os morubixabas petistas que novamente apresentam a legenda como vítima — desta vez não do presidencialismo de coalizão, mas de sua crise.
Vítima, contudo, é o Brasil — moral, política e economicamente. A corrupção ajuda a travar o pleno desenvolvimento econômico e social do país. O uso de estatais e instituições públicas por mercadores da política e da burocracia leva à locupletação de uns em prejuízo do dinheiro de muitos. Quando governantes se aproveitam do Estado em benefício próprio ou de seus apadrinhados, reforça-se um mal inquestionável: o desvirtuamento da gestão pública em uma máquina de ineficiência.
Mas não há só más notícias. O Brasil avançou muito em matéria de fiscalização e controle. Os diques de contenção, previstos pela Constituição de 1988 e posteriormente fortalecidos, funcionam. É o caso da Lei das Estatais, que instituiu regras mais rígidas contra o uso político das empresas públicas, e da Lei de Acesso à Informação (LAI), a partir da qual órgãos públicos passaram a ser obrigados a publicar dados e a responder a pedidos de informação apresentados por cidadãos, por organizações da sociedade civil e pela imprensa livre e independente. Também não faltam punições em nossa história recente, apesar dos pesares.
Resta avançar, insista-se, na qualidade do debate público sobre a corrupção. Em primeiro lugar, aceitando a ideia de que se trata de uma mazela sem cor ideológica ou partidária. Segundo, reconhecendo que, como um problema sistêmico, dispensa grandes escândalos para ser uma preocupação nacional e exige maior rigor no controle, na fiscalização e na punição devida aos malfeitos. Terceiro, e não menos importante, mostrando que a reação enfática da sociedade e a consequente vigilância são a melhor arma contra a corrupção, que avilta as instituições, a democracia e a autoestima do Brasil.
Brasil
CPI do INSS pode expor fraudes e omissões gerais
Com apelo popular e pressão crescente, investigação pode revelar esquema bilionário e abrir caminho para reformas estruturais ou ser abafada por conveniência política

O escândalo bilionário de fraudes no INSS chegou a um ponto crítico e pode se tornar uma das maiores crises políticas de 2025. Com a oposição protocolando o requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), cresce a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta, que tem evitado pautar o tema — ao mesmo tempo em que estreita laços com o Palácio do Planalto.
A investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema sofisticado de concessões irregulares de benefícios que afeta diretamente aposentados e pensionistas, escancarando falhas estruturais de longa data no Instituto Nacional do Seguro Social. A repercussão popular é imensa, atingindo o coração de um dos serviços públicos mais sensíveis do país.
Mas o problema não é apenas do Executivo. O Legislativo também é alvo de críticas, tendo afrouxado medidas de controle, travado avanços legislativos no combate às fraudes e mantido indicações políticas em cargos estratégicos do INSS. Já o Judiciário, por sua vez, é acusado de leniência ao não punir com rigor as quadrilhas envolvidas nas irregularidades.
“O escândalo perpassa diferentes gestões e revela a omissão histórica de todos os Poderes. A CPI pode ser o ponto de virada — ou mais uma oportunidade perdida”, avalia um parlamentar da base.
Aliados de Hugo Motta dizem que o momento é propício para ele se distanciar do Planalto e deixar que o governo enfrente as consequências do apoio que recebeu de parlamentares agora pressionados a sustentar a investigação. O impasse divide a Câmara e expõe os riscos de uma CPI que pode abrir a “caixa de Pandora” de outras fraudes em benefícios previdenciários e assistenciais, como aposentadorias especiais, auxílios-doença e pensões por invalidez.
Com grande potencial de desgaste político, há quem prefira abafar o caso para evitar um efeito dominó. Outros defendem que a transparência e a responsabilização são essenciais, tanto para os cofres públicos quanto para os cidadãos que dependem do INSS.
O clima em Brasília é de tensão. O feriado do 1º de Maio pode até adiar os desdobramentos, mas não apaga o incômodo generalizado diante da gravidade das denúncias. Resta saber se o Congresso terá coragem de enfrentar o problema ou seguirá refém de seus próprios interesses.
Brasil
Receita fecha primeiro lote do IR 2025 em maio
Contribuintes que enviarem a declaração até 9 de maio poderão entrar no primeiro lote de restituição, que prioriza idosos e pessoas com doenças graves. Pagamento será feito em 30 de maio.

A Receita Federal confirmou nesta quarta-feira (30) que o fechamento do primeiro lote de restituição do Imposto de Renda 2025 será no dia 9 de maio. Isso significa que apenas os contribuintes que entregarem suas declarações até essa data estarão aptos a entrar no grupo inicial de pagamentos. A consulta ao primeiro lote será liberada no dia 23 de maio, com pagamento agendado para 30 de maio.
Prioridades no recebimento da restituição
Apesar do envio antecipado, a maioria dos pagamentos no primeiro lote continuará priorizando contribuintes com direito legal à preferência, conforme a ordem estabelecida pelo Fisco:
- Idosos com 80 anos ou mais;
- Idosos entre 60 e 79 anos, pessoas com deficiência e com doenças graves;
- Contribuintes cuja principal fonte de renda é o magistério;
- Quem utilizou a declaração pré-preenchida e escolheu restituição via Pix;
- Quem optou por uma das duas condições acima;
- Demais contribuintes.
O critério de desempate é o horário da entrega da declaração: quem envia antes, recebe antes.
Como será feita a restituição
A restituição é paga quando o valor do imposto retido ao longo do ano é superior ao valor devido. A Receita Federal devolve esse excedente em cinco lotes mensais, sempre no último dia útil.
Calendário da restituição do IR 2025:
- 1º lote: 30 de maio
- 2º lote: 30 de junho
- 3º lote: 31 de julho
- 4º lote: 29 de agosto
- 5º lote: 30 de setembro
Quem precisa declarar o Imposto de Renda em 2025
Deve declarar o Imposto de Renda 2025 quem:
- Recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 33.888 em 2024;
- Teve rendimentos isentos ou tributados exclusivamente na fonte superiores a R$ 200 mil;
- Obteve ganho de capital na venda de bens ou direitos;
- Vendeu e comprou imóvel residencial com isenção de IR dentro de 180 dias;
- Vendeu mais de R$ 40 mil na Bolsa de Valores, ou teve lucro tributável com ações;
- Tinha bens ou patrimônio acima de R$ 800 mil em 31 de dezembro;
- Obteve receita bruta superior a R$ 169.440 em atividade rural ou quer compensar prejuízos;
- Passou a morar no Brasil em 2024;
- Declarou bens em offshore ou como titular de trust;
- Atualizou o valor de imóveis com base na legislação especial de dezembro de 2024;
- Teve rendimentos de aplicações financeiras no exterior.
A declaração deve ser enviada até 23h59 do dia 30 de maio. Quem perder o prazo pagará multa de, no mínimo, R$ 165,74 ou até 20% do valor do imposto devido.
Com o fechamento do primeiro lote se aproximando, os contribuintes que desejam receber a restituição mais cedo devem se apressar para enviar suas declarações até o dia 9 de maio. Prioridades continuam valendo, mas rapidez também conta pontos. Ficar atento às regras evita multas e garante um processo mais tranquilo com o Leão.
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