conecte-se conosco

Política

Lula reage à sobretaxa de Trump e diálogo direto com empresários

Presidente articula resposta à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e promete defesa da soberania nacional frente às pressões dos EUA

Postado

em

O presidente Lula (PT) em Linhares (ES) durante a cerimônia de apresentação dos avanços do Novo Acordo Rio Doce no Espírito Santo - Ricardo Stuckert/Divulgação Presidência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu agir diante da sobretaxa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Na noite deste domingo (13), Lula reuniu ministros no Palácio da Alvorada e determinou a criação de um comitê interministerial para diagnosticar os impactos da medida e traçar uma estratégia de reação conjunta.

“Conversarei pessoalmente com empresários afetados”, teria afirmado o presidente durante a reunião, segundo fontes do governo.


Estratégia com empresários e ministérios-chave

Participaram do encontro os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), Mauro Vieira (Relações Exteriores), além de representantes da Casa Civil, Secom, Agricultura e Relações Institucionais. O comitê montado por Lula irá ouvir os setores atingidos e construir, com base técnica e política, um plano de negociação com os EUA.

Entre os produtos brasileiros mais afetados estão:

  • Laranja
  • Café
  • Carne bovina
  • Celulose
  • Etanol, cuja tarifa, hoje em 12,5%, saltará para 52,5% a partir de 1º de agosto

“A defesa das instituições e da soberania nacional não está na mesa de negociação”, enfatizou Lula, sinalizando que não cederá às pressões políticas do governo americano.


Tarifa de Trump tem motivação política, diz governo

A sobretaxa foi anunciada após críticas de Trump ao julgamento de Jair Bolsonaro e às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo plataformas digitais. O republicano exigiu, como condição para negociação, a suspensão dos processos contra Bolsonaro e o fim da regulação das big techs, medidas vistas como inegociáveis por Lula.

“O Brasil de hoje não persegue ninguém. O STF vai julgar com base nas provas”, afirmou Luís Roberto Barroso, presidente do STF, em resposta ao anúncio dos EUA.


Crise do IOF amplia tensão entre poderes

Paralelamente à crise internacional, o governo enfrenta um impasse interno sobre o aumento do IOF. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu tanto o decreto do Executivo que aumentava o imposto quanto o decreto do Legislativo que o derrubava, convocando uma audiência de conciliação para esta terça (15).

O Congresso defende que o aumento foi usado para arrecadar, e não regular, violando o princípio da finalidade extrafiscal do IOF. O governo, por sua vez, sustenta que a medida é legítima e está disposto a negociar um valor menor, abaixo de R$ 5 bilhões, como meio-termo.


Disputa entre Tarcísio e Eduardo Bolsonaro expõe racha na direita

A sobretaxa americana também acirrou as tensões entre lideranças bolsonaristas, com o governador Tarcísio de Freitas buscando interlocução técnica com os EUA, enquanto Eduardo Bolsonaro cobra anistia e confronta o STF, chamando a medida de “Tarifa Moraes”.

Tarcísio defende que o foco é “proteger a economia brasileira”.
Eduardo, por outro lado, quer “resistência institucional” e coloca a anistia como condição política para o diálogo com os EUA.

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do pastor Silas Malafaia e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante ato na Avenida Paulista em setembro de 2024 / Foto: Tiago Queiroz/
Redação Saiba+

Continue lendo
envie seu comentário

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”

Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

Postado

em

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração conjunta à imprensa, na Residência do Primeiro-Ministro da Malásia. Putrajaya (Malásia) Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.

Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.

A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.

O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.

A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.

Redação Saiba+

Continue lendo

Política

Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda

Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

Postado

em

O ministro Fernando Haddad — Foto: Maria Isabel Oliveira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.

Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.

O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.

A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.

O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.

Redação Saiba+

Continue lendo

Política

Lula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump

Em entrevista na Indonésia, presidente brasileiro responsabiliza usuários de drogas e questiona abordagem militar dos EUA

Postado

em

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversa com a imprensa, na Secretaria-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, na Indonésia Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou repercussão internacional ao afirmar, durante uma visita à Indonésia, que traficantes “são vítimas dos usuários também”, em uma crítica direta à política de combate ao narcotráfico conduzida pelo governo Donald Trump. Em suas declarações, Lula defendeu que o foco do enfrentamento à droga deve ir além dos fornecedores e abranger a demanda dos consumidores.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro apontou que a abordagem militarizada dos EUA, com operações de ataque a rotas de drogas na América Latina, corre o risco de tratar o tráfico como um simples tema de segurança externa, ignorando fatores sociais internos. Ele argumentou que a causa do problema está na demanda por entorpecentes, o que torna os traficantes parte de um sistema impulsionado pelos usuários.

“Os usuários criam o mercado”, afirmou Lula, “os traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração representa uma linha de discurso mais humanitária e centrada em prevenção e política de saúde pública do que na repressão pura. Essa visão contrasta com a retórica de endurecimento defendida por Trump, que defende uso da força e expansão de operações no Caribe e América Latina como estratégia central.

A fala do presidente brasileiro foi interpretada como um posicionamento estratégico de diplomacia comparada, uma vez que Lula aproveitou o cenário para sugerir maior protagonismo de países de renda média no tema das drogas e questionar medidas unilaterais de segurança impostas por grandes potências.

Apesar de não detalhar planos específicos de política pública, o pronunciamento reacende o debate sobre reforma das leis de drogas, investimento em saúde mental e programas de reabilitação, e coloca o Brasil numa rota de menor alinhamento com os EUA no tema.

Redação Saiba+

Continue lendo
Ads Imagem
Ads PMI VISITE ILHÉUS

    Mais Lidas da Semana