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Política

EUA atrasam vistos da comitiva de Lula para Assembleia da ONU

Governo Trump pressiona delegação brasileira e Itamaraty avalia reação diplomática

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Presidente brasileiro afirmou estar orgulhoso da “decisão histórica” do STF de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Crédito: AFP

BRASÍLIA — A menos de uma semana do início do Debate Geral da Assembleia-Geral da ONU, o governo brasileiro ainda não recebeu todos os vistos da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a viagem a Nova York. Diplomatas confirmam que o visto de Lula está garantido, mas reconhecem que há pendências para parte da equipe, o que pode ser usado como forma de constrangimento político por Donald Trump.

O Itamaraty confirmou que vários integrantes da delegação brasileira aguardam liberação e não descarta acionar um procedimento arbitral dentro da própria ONU, já que o acordo de sede assinado entre os EUA e a organização obriga o país a conceder vistos a representantes oficiais.

Pressão política de Trump

Há dez dias, questionado sobre a possibilidade de restringir o acesso do Brasil, Trump respondeu de forma ambígua: “Veremos”. O republicano criticou o governo brasileiro, afirmando que Lula promoveu uma guinada à esquerda que estaria “fazendo muito mal”.

A Associated Press revelou que Washington avalia impor dificuldades a delegações de Brasil, Irã, Sudão e Zimbábue, repetindo medida já aplicada contra a Autoridade Nacional Palestina, cujo líder Mahmoud Abbas e assessores tiveram vistos negados.

Itamaraty protesta

Na última sexta-feira (12), o Ministério das Relações Exteriores protestou em reunião da ONU, denunciando que tais restrições violam o acordo de sede. “Vários países, entre os quais o Brasil, expressaram rejeição à adoção de qualquer medida que não esteja em conformidade com o tratado”, afirmou o embaixador Marcelo Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais.

Apesar do impasse, Viegas disse esperar que “tudo corra bem” e que os EUA cumpram suas obrigações. Ainda assim, destacou que o visto não garante automaticamente a entrada no país, o que gera incerteza sobre parte da delegação.

Ministros afetados

Segundo diplomatas, ao menos dois ministros tiveram problemas recentes: Alexandre Padilha (Saúde) e Ricardo Lewandowski (Justiça) relataram cancelamento de vistos pessoais ou de familiares. Já o ministro Fernando Haddad (Fazenda) recebeu autorização para entrar nos EUA.

Lula pretende embarcar no próximo fim de semana, possivelmente no sábado (20), acompanhado de sua equipe oficial. Até lá, o governo aguarda que Washington conclua a liberação dos documentos para evitar um embaraço diplomático inédito.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ainda não há exigências de Trump sobre o “tarifaço”

Em encontro diplomático marcado na Malásia, Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se preparam para negociar futura redução de tarifas, sem pé na mesa por enquanto

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração conjunta à imprensa, na Residência do Primeiro-Ministro da Malásia. Putrajaya (Malásia) Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, ainda não apresentou exigências formais em relação à redução do chamado “tarifaço” aplicado sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o momento é de diálogo e construção de consensos, e não de imposições.

Durante agenda internacional, o presidente ressaltou que as negociações entre os dois países devem ocorrer com respeito mútuo e equilíbrio econômico, destacando que “não há exigências dele, e não há exigências nossas ainda”. A fala evidencia a estratégia de manter abertas as portas para o entendimento, sem assumir compromissos unilaterais que possam prejudicar a indústria nacional.

A medida de Trump, que elevou tarifas sobre exportações brasileiras em setores estratégicos, é vista pelo governo como um desafio diplomático que precisa ser tratado com prudência e firmeza política. Lula reiterou que o Brasil buscará condições justas de comércio internacional, priorizando o fortalecimento das exportações e a valorização da produção nacional.

O encontro entre os dois líderes, previsto para os próximos dias, deve definir os rumos da relação econômica bilateral. De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que a reunião aproxime as posições e crie um ambiente propício para um acordo comercial mais equilibrado.

A postura de Lula reforça a imagem de um governo disposto ao diálogo, mas atento à defesa dos interesses brasileiros, sobretudo em temas ligados à competitividade, à indústria e à soberania econômica.

Redação Saiba+

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Política

Haddad prefere “ser gastador” a “caloteiro”, diz ministro da Fazenda

Em tom firme, Fernando Haddad defende o pagamento de precatórios e reafirma compromisso com a responsabilidade fiscal

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O ministro Fernando Haddad — Foto: Maria Isabel Oliveira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira que o governo federal deve manter o pagamento regular dos precatórios, reforçando a importância de preservar a credibilidade financeira do país. Em suas palavras, ele afirmou que prefere “ter a pecha de ter gastado mais do que a de caloteiro”, deixando claro que a prioridade é honrar as dívidas judiciais da União.

Durante o discurso, Haddad criticou a ideia de adiar ou suspender pagamentos de precatórios, classificando tal prática como ilegal, inconstitucional e irracional. Para ele, a postergação desses valores não apenas compromete o equilíbrio fiscal, mas também afeta cidadãos e empresas que aguardam há anos por decisões judiciais transitadas em julgado.

O ministro enfatizou que o governo federal tem condições de cumprir suas obrigações sem recorrer a manobras contábeis. “A União tem capacidade de financiamento e deve dar o exemplo”, disse Haddad, destacando que a credibilidade econômica é construída com previsibilidade e respeito às regras.

A fala ocorre em meio às discussões sobre novas normas de controle de gastos públicos e revisão das regras fiscais. Haddad reforçou que o equilíbrio das contas públicas não deve vir à custa de descumprimentos judiciais, mas por meio de gestão responsável e planejamento de longo prazo.

O posicionamento do ministro foi visto como uma tentativa de consolidar uma imagem de responsabilidade e transparência diante de um cenário de incertezas fiscais. Com a declaração, Haddad sinaliza que o governo busca manter o compromisso com a estabilidade econômica, ainda que enfrente críticas por ampliar despesas em algumas áreas.

Redação Saiba+

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Política

Lula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump

Em entrevista na Indonésia, presidente brasileiro responsabiliza usuários de drogas e questiona abordagem militar dos EUA

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversa com a imprensa, na Secretaria-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, na Indonésia Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou repercussão internacional ao afirmar, durante uma visita à Indonésia, que traficantes “são vítimas dos usuários também”, em uma crítica direta à política de combate ao narcotráfico conduzida pelo governo Donald Trump. Em suas declarações, Lula defendeu que o foco do enfrentamento à droga deve ir além dos fornecedores e abranger a demanda dos consumidores.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro apontou que a abordagem militarizada dos EUA, com operações de ataque a rotas de drogas na América Latina, corre o risco de tratar o tráfico como um simples tema de segurança externa, ignorando fatores sociais internos. Ele argumentou que a causa do problema está na demanda por entorpecentes, o que torna os traficantes parte de um sistema impulsionado pelos usuários.

“Os usuários criam o mercado”, afirmou Lula, “os traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração representa uma linha de discurso mais humanitária e centrada em prevenção e política de saúde pública do que na repressão pura. Essa visão contrasta com a retórica de endurecimento defendida por Trump, que defende uso da força e expansão de operações no Caribe e América Latina como estratégia central.

A fala do presidente brasileiro foi interpretada como um posicionamento estratégico de diplomacia comparada, uma vez que Lula aproveitou o cenário para sugerir maior protagonismo de países de renda média no tema das drogas e questionar medidas unilaterais de segurança impostas por grandes potências.

Apesar de não detalhar planos específicos de política pública, o pronunciamento reacende o debate sobre reforma das leis de drogas, investimento em saúde mental e programas de reabilitação, e coloca o Brasil numa rota de menor alinhamento com os EUA no tema.

Redação Saiba+

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