Brasil
Direita tenta reverter, mas acaba associada à tarifa de Trump contra o Brasil
Levantamento mostra que, enquanto bolsonaristas celebram carta de Trump, conversas em grupos de WhatsApp expõem desgaste da direita com tarifa que prejudica o Brasil

A ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, acabou gerando mais prejuízo político para a direita brasileira do que para o governo Lula. Levantamento exclusivo da Palver, revela que, nas conversas orgânicas em grupos de WhatsApp, a narrativa que mais se destacou foi a da esquerda, que conseguiu vincular as tarifas ao bolsonarismo.
O estudo analisou mais de 20 mil mensagens, em 100 mil grupos públicos, ao longo de três dias até esta quinta-feira (10). Embora 60% das mensagens virais critiquem o STF e o governo Lula, o discurso dominante entre os usuários que interagem nas conversas — especialmente entre os não alinhados — foi o de rejeição às tarifas e responsabilização de Jair Bolsonaro.
“As pessoas estão reagindo mal às tarifas, e são justamente as do centro político que mais criticam Bolsonaro”, explicou Felipe Bailez, CEO da Palver.
“A direita ainda tenta formular um discurso unificado. Por enquanto, o que vemos é desorganização e desgaste.”
Entre os bolsonaristas, a reação inicial foi de celebração: para muitos, Trump teria reconhecido o Brasil como uma “ditadura”, ao citar o STF e o tratamento dado a Bolsonaro. No entanto, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — a mais alta entre as 21 anunciadas por Trump na semana — gerou efeito reverso. Grupos à esquerda passaram a usar memes e críticas bem-humoradas para denunciar a “submissão” bolsonarista aos interesses estrangeiros.
Lula reage e cobra responsabilidade de Bolsonaro
O presidente Lula (PT) reagiu à ofensiva dos EUA em entrevista à Record. Ele acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de “concordar com a taxação”, lembrando que seu filho, Eduardo Bolsonaro, esteve nos EUA para reuniões com aliados de Trump.
“O ex-presidente da República deveria assumir a responsabilidade porque ele está concordando com a taxação do Trump ao Brasil”, afirmou Lula.
O petista também comparou a atuação de Trump no ataque ao Capitólio com o papel de Bolsonaro no 8 de janeiro. Segundo ele, se o episódio tivesse ocorrido no Brasil, Trump também poderia estar sendo processado e até preso.
Malafaia comemora tarifa e diz que Bolsonaro “voltou ao jogo”
Na contramão das críticas, Silas Malafaia, um dos principais líderes evangélicos do bolsonarismo, comemorou a decisão de Trump. “Trump trouxe Bolsonaro de volta ao jogo”, disse o pastor, referindo-se à carta do republicano em que afirma que Bolsonaro sofre perseguição no Brasil.

Para Malafaia, a ação de Trump coloca Bolsonaro em um novo patamar e força lideranças da direita a recuar. “Bolsonaro já estava sendo tratado como carta fora do baralho. Agora tudo mudou”, afirmou.
Apesar do tom comemorativo, a repercussão da fala de Malafaia também alimentou críticas. Nas redes sociais, o discurso foi lido como um exemplo claro de aliança política entre bolsonaristas e interesses estrangeiros, em detrimento da soberania brasileira.
Narrativa da direita ainda sem coesão
De acordo com Bailez, a direita ainda busca uma narrativa coesa, capaz de consolidar sua base e neutralizar o efeito simbólico da carta de Trump. “Eles ainda não emplacaram um vídeo viral ou um argumento unificador. Enquanto isso, a esquerda tem dominado o discurso com eficácia”, conclui.
A análise indica que o centro político pode pender contra Bolsonaro, a depender da continuidade das críticas e do comportamento do governo Lula frente ao episódio.
Danilo Gentili critica Eduardo Bolsonaro por apoiar tarifa de Trump
O apresentador Danilo Gentili também entrou no debate e fez duras críticas a Eduardo Bolsonaro, após a publicação de uma foto feita por Jair Bolsonaro para celebrar o aniversário do filho. Gentili reagiu nos comentários:
“Aniversário do vagabundo que está na Disney vivendo de mamata, enquanto comemora taxação contra o Brasil. Nunca trabalhou. Você só criou vagabundo que vive de mamata e covarde que foge. Mas é como dizem: um espinheiro jamais poderia dar uvas. Parabéns“, escreveu.
Mais cedo, Gentili já havia atacado a família Bolsonaro nas redes sociais, chamando seus membros de “vermes”:
Brasil
Chefe da Receita Federal acusa devedores contumazes de lavar dinheiro e chama-os de “bandidos”
Robinson Barreirinhas defende projeto para penalizar empresas que usam inadimplência fiscal como mecanismo de crime organizado

O secretário-executivo da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez declarações contundentes ao afirmar que os chamados devedores contumazes, que evitam o pagamento de tributos de forma deliberada, atuam como “bandidos” e facilitam a lavagem de dinheiro vinculada ao crime organizado. Afirmou ainda que “não estamos falando de simples contribuintes, mas de estruturas que abrem empresas somente para não pagar impostos e, ainda por cima, ocultar recursos ilícitos”.
Em evento com participação de parlamentares e empresários, Barreirinhas ressaltou que o governo busca acelerar a tramitação de um projeto de lei que define nova tipificação para devedores contumazes, com alvo especial para aqueles que utilizam empresas como fachada para movimentações ilegais. Ele destacou que empresas envolvidas em esquemas com organizações criminosas — como redes de distribuição de combustíveis usadas para lavagem de dinheiro — já são monitoradas e que “a evasão fiscal incessante se conecta diretamente à criminalidade financeira organizada”.
Para reforçar o argumento, ele citou que a recente aprovação no Senado de regras mais rigorosas para devedores contumazes cria instrumentos para impedir a participação dessas empresas em licitações públicas, aplicar restrições operacionais e recuperar valores tributários que hoje se perdem. O secretário afirmou que “o combate à sonegação fiscal, à lavagem de dinheiro e à distorção concorrencial caminharem juntos é indispensável para resguardar a economia legal”.
Com o discurso, a pasta reforça a estratégia de endurecimento da fiscalização, aprimoramento da legislação e cooperação entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público no enfrentamento de fraudes estruturadas. Para empresas que exercem negócios de fato, o secretário insistiu que haverá distinção clara entre inadimplência legítima e inadimplência estratégica com fins criminosos.
Brasil
Absolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país
Justiça do Rio absolve acusados de incêndio que matou 10 jovens e reacende debates sobre impunidade e segurança nos clubes

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver todos os réus acusados pelo incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que causou a morte de dez jovens atletas em 2019, provocou indignação social e levantou graves questionamentos sobre a responsabilização em acidentes envolvendo menores e instituições esportivas.
O incêndio, que ocorreu em uma instalação improvisada de contêineres destinada à base do clube, revelou falhas chocantes: alvará irregular, estrutura precária e reação tardia dos responsáveis. O juiz responsável pela sentença apontou que não foram identificadas provas suficientes para imputar responsabilidade penal individual, resultando na tragédia sem culpados.
A repercussão da absolvição ultrapassa o campo jurídico: familiares das vítimas, torcedores e especialistas em administração esportiva consideram a decisão um sinal de fragilidade institucional na apuração de crimes com resultado fatal. A ausência de punição acende alertas sobre segurança em alojamentos de formação, padrões de fiscalização e omissões de entidades públicas ou privadas.
Mesmo após acordo extrajudicial com o Flamengo e famílias, a dura realidade das jovens vítimas permanece viva no imaginário coletivo. A decisão volta a intensificar críticas à cultura de negligência no futebol de base, à responsabilidade de clubes e à ausência de modelos eficazes de prevenção de tragédias.
O episódio coloca o país diante de um debate urgente sobre transparência, responsabilidade civil e criminal em espaços esportivos, especialmente quando envolvem menores. O que se vê é uma lacuna entre a comoção pública suscita reformas e o alcance real do sistema penal em garantir justiça às vítimas.
Brasil
Instituto de Mendonça fatura R$ 4,8 milhões em contratos públicos em pouco mais de um ano
Criado pelo ministro do STF André Mendonça, o Instituto Iter oferece cursos e palestras para governos e órgãos públicos, enquanto especialistas questionam possíveis conflitos de interesse

Em pouco mais de um ano de funcionamento, o Instituto Iter, fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, movimentou R$ 4,8 milhões em contratos públicos firmados com governos estaduais, prefeituras, tribunais de contas e outros órgãos. Criado em novembro de 2023, o instituto rapidamente se consolidou como referência em cursos e palestras voltados à gestão pública — mas também levantou questionamentos sobre conflito de interesses e limites éticos da magistratura.
O Iter, que começou como uma empresa limitada e depois se tornou sociedade anônima de capital fechado, tem entre seus sócios nomes ligados ao governo Bolsonaro, como Victor Godoy, ex-ministro da Educação e atual CEO, e Danilo Dupas, ex-presidente do Inep. A empresa Integre, de propriedade do casal Mendonça, é a acionista majoritária do instituto.
Entre os contratos mais vultosos está o firmado com o Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo, no valor de R$ 1,2 milhão, para oferta de cursos e palestras a servidores. Governos de São Paulo, Bahia e Piauí, além de tribunais de contas e câmaras municipais, também constam na lista de clientes públicos.
O ministro nega qualquer irregularidade e afirma que sua atuação no Iter é “exclusivamente educacional”, amparada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que permite o exercício do magistério. “O instituto é voltado à disseminação do conhecimento e à formação técnica e ética de gestores”, declarou Mendonça em nota.
No entanto, juristas como Conrado Hübner, professor da USP, e Fernando Fontainha, da UERJ, apontam que a atuação do ministro pode configurar violação do dever de reserva e conflito de interesses, já que o instituto mantém vínculos diretos com agentes e instituições que podem ser alvo de decisões do STF.
Além de atuar como palestrante e moderador, Mendonça também intermediou encontros entre parlamentares e profissionais dentro do Iter, apresentando o local como um “espaço neutro, sem as influências de Brasília”. Para críticos, essa aproximação reforça a zona cinzenta entre a função pública e a atividade privada do ministro.
Mesmo com a polêmica, o Iter segue expandindo suas atividades e oferecendo cursos com valores que chegam a R$ 16 mil por aluno, além de eventos presenciais com a participação de autoridades e especialistas do setor público.



Brasil6 dias atrásAbsolvição dos réus da tragédia no Ninho do Urubu choca o país
Política5 dias atrásReajuste do IPTU em São Paulo aponta onde imposto pode subir até 30%
Bahia6 dias atrásBahia reforça protagonismo no saneamento durante a FENASAN 2025
Política6 dias atrásEstudantes da rede estadual da Bahia participam da 22ª Semana Nacional de Ciência & Tecnologia
Política7 dias atrásLuiz Fux pede transferência de turma no Supremo Tribunal Federal
Política6 dias atrásGoverno avalia afastar regra do arcabouço para ampliar gastos em ano eleitoral
Política4 dias atrásLula afirma que ‘traficantes são vítimas dos usuários’ ao criticar política de Trump
Política5 dias atrásLula critica protecionismo e propõe comércio sem dólar














