Mundo
Como funcionam os algoritmos que decidem o que você vê nas redes sociais
Da música à política: entenda a lógica das recomendações online e o impacto da falta de transparência nos sistemas que moldam opiniões, comportamentos e até democracias

Os algoritmos que definem o que vemos ao abrir redes sociais ou plataformas digitais são muito mais do que códigos invisíveis. Eles representam um sistema poderoso de curadoria de conteúdo que influencia gostos, opiniões, hábitos de consumo e até decisões políticas. Apesar disso, ainda são tratados como uma “caixa-preta” — operam sem transparência e com pouca ou nenhuma regulação.
Na prática, os sistemas de recomendação observam o comportamento de grandes grupos de usuários e identificam “comunidades de gosto”. O que você vê em seu feed não é fruto de uma leitura individualizada de suas preferências, mas da associação do seu perfil ao de outros usuários com comportamentos semelhantes. Isso é chamado de recomendação colaborativa — um modelo baseado em padrões, não em escolhas conscientes.
Da música para o mundo digital
O campo da música foi o primeiro a ser profundamente impactado pela lógica algorítmica. A digitalização acelerada e a necessidade da indústria fonográfica de se reinventar transformaram a música em laboratório dos sistemas de recomendação. Com o tempo, essa mesma lógica passou a ser aplicada a vídeos, notícias, textos e até anúncios.
Esses sistemas tornaram possível algo antes economicamente inviável: a rentabilidade de conteúdos de nicho. O que antes só era lucrativo se vendesse muito, agora gera receita se for mostrado à pessoa certa. Para as plataformas, isso significou controle total da distribuição e dos dados — o que revolucionou o mercado, mas pouco beneficiou os criadores de conteúdo.
Transparência ausente, controle absoluto
Na comunicação, o impacto é ainda mais crítico. A curadoria feita por algoritmos substituiu a programação editorial e a manchete jornalística — sem que o usuário tenha clareza dos critérios utilizados. O resultado é um ambiente em que o que aparece mais é o que engaja mais, não necessariamente o que é mais verdadeiro, relevante ou de qualidade.
Apesar de operarem como gatekeepers da informação, as plataformas alegam não ter responsabilidade sobre o conteúdo publicado, pois fazem apenas “curadoria algorítmica”. Isso legitima a circulação de informações falsas e conteúdos sensacionalistas, muitas vezes mais disseminados do que reportagens sérias.
Desinformação como modelo de negócio
A indústria da desinformação cresceu sem freios. Não se trata mais de militância ou ideologia: hoje, é um mercado profissionalizado, movido por interesses econômicos e políticos. Nas eleições, ela é usada para manipular a percepção pública, interferir em resultados e fabricar “debates” artificiais com ajuda de bots, perfis falsos e propaganda computacional.
A chegada da inteligência artificial generativa amplia esse desafio, ao permitir a criação em massa de conteúdos enganosos com aparência legítima.
Falta de regulação e a tempestade perfeita
Grupos extremistas, especialmente de direita, ocuparam o espaço digital para disseminar suas narrativas à margem da mídia tradicional. Em troca de visibilidade, defendem o ambiente desregulado que garante sua sobrevivência política. O resultado é uma tempestade perfeita: plataformas lucrando com engajamento, criadores explorados, e a sociedade desinformada.
A ausência de regras claras transformou essas empresas nas mais poderosas do mundo. Elas concentram dados, publicidade e distribuição, influenciando até mesmo o jornalismo profissional — que hoje depende das plataformas para ser “descoberto” por novos leitores.
É possível mudar?
Sim. Mas isso exige ação coletiva, regulação eficaz e engajamento político. A desinformação não é um problema individual, e o enfrentamento passa por três frentes: cultural, econômica e política.
Do ponto de vista cultural, é preciso superar a ideia de que os algoritmos são neutros. Economicamente, setores atingidos precisam se organizar e pressionar por mudanças. E politicamente, é urgente aprovar legislações que exijam transparência e responsabilização das plataformas.
A pergunta que deve ser feita é: que modelo de comunicação digital queremos para o futuro? O atual privilegia lucro e desinformação. Mas é possível construir outro, baseado em direitos, diversidade e interesse público.
Mundo
Argentina sob Marel Milei: avanços fiscais e crescente insatisfação social
Após dois anos no governo, as reformas liberais de Javier Milei mostram progresso macroeconômico, mas criam tensões profundas na indústria, emprego e dissonância social

Após dois anos no poder, o presidente Javier Milei transformou a Argentina em um grande laboratório econômico. Suas medidas de ajuste fiscal e reformas liberais provocaram forte impacto na economia, gerando redução da inflação e superávit nas contas públicas, mas também aprofundando tensões sociais e trabalhistas em diversas regiões do país.
A agenda de Milei conseguiu restaurar parte da confiança dos investidores e estabilizar o câmbio, resultados celebrados pelo governo como prova de eficiência da política econômica. No entanto, os custos sociais da transformação são altos: o desemprego aumentou, o setor industrial perdeu fôlego, e os índices de pobreza cresceram, especialmente entre trabalhadores informais e famílias de baixa renda.
A rápida abertura comercial e o corte de subsídios afetaram a indústria nacional, que enfrenta queda na produção e fechamento de fábricas. Muitos empresários alertam para um processo de desindustrialização precoce, que ameaça empregos e compromete a recuperação de longo prazo.
No campo social, as manifestações contra as medidas de austeridade se multiplicam. Sindicatos e movimentos populares denunciam reduções em programas sociais, aumento do custo de vida e concentração de renda. Mesmo assim, Milei mantém apoio de parte da população que acredita na necessidade de “sacrifícios” para reconstruir o país.
Com a economia ajustada, mas o tecido social em tensão, a Argentina entra em uma nova fase de desafios: reconquistar o crescimento com inclusão, estabilizar o emprego e preservar o apoio político para consolidar as reformas. O futuro do governo Milei dependerá da capacidade de equilibrar resultados econômicos com justiça social — e de provar que seu projeto libertário pode ser sustentável.
Mundo
Israel retoma ataques em Gaza e ameaça acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA
Missão diplomática liderada por enviados de Donald Trump tenta conter escalada de violência após novas ofensivas israelenses

A tensão voltou a crescer no Oriente Médio. Israel retomou os ataques à Faixa de Gaza nesta segunda-feira (20), apenas dez dias após a assinatura do acordo de cessar-fogo, colocando em risco o frágil plano de paz mediado pelos Estados Unidos.
De acordo com autoridades locais, três palestinos morreram durante uma nova ofensiva israelense no bairro de Tuffah, na Cidade de Gaza. O Exército de Israel afirmou que os disparos ocorreram após a identificação de “terroristas cruzando a linha amarela” na região de Shejaiya, e declarou que continuará a “eliminar qualquer ameaça imediata”.
Enquanto isso, os enviados americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump, chegaram a Tel Aviv para tentar preservar o cessar-fogo e se reunirão com membros do governo de Binyamin Netanyahu. O Egito, por sua vez, sediará uma reunião com o Hamas, buscando avançar nas negociações de paz.
Testemunhas relataram disparos de tanques israelenses e afirmam que moradores ainda estão confusos sobre o traçado da área de recuo militar, já que não há sinalizações visíveis no território devastado.
A escalada de violência ocorre em meio a impasses sobre a devolução dos corpos de reféns israelenses. Israel acusa o Hamas de atrasar propositalmente o processo, enquanto o grupo alega dificuldades para recuperar corpos soterrados sob escombros.
O primeiro-ministro Netanyahu também anunciou que a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, permanecerá fechada por tempo indeterminado, condicionando sua reabertura ao cumprimento integral do acordo.
O plano de paz idealizado pelo ex-presidente Trump enfrenta agora seus maiores desafios, com pendências sobre o desarmamento do Hamas, a governança futura de Gaza e o avanço na criação de um Estado palestino — pontos ainda sem consenso entre as partes envolvidas.
Mundo
Trump emociona o Parlamento de Israel e promete “era de ouro” para o Oriente Médio
Em Conquista, médica reafirma compromisso com conservadorismo, critica administração do PT e estimula esperança nos patriotas baianos

Sob aplausos e forte comoção, Donald Trump participou nesta segunda-feira (13) de uma sessão histórica no Parlamento de Israel, marcada pelo retorno dos últimos sobreviventes do cativeiro do Hamas, após dois anos de guerra. Em um discurso com tom espiritual e político, o ex-presidente dos Estados Unidos exaltou a fé, a força e o papel de Israel na busca pela paz no Oriente Médio.
Em suas palavras iniciais, Trump agradeceu “ao Deus Todo-Poderoso de Abraão, Isaque e Jacó” pela libertação dos reféns. “Após dois anos angustiantes na escuridão e no cativeiro, 20 reféns corajosos estão retornando ao abraço de suas famílias, e isso é glorioso”, declarou, chamando o momento de “profunda alegria, grande esperança e fé renovada” para todo o mundo.
O republicano destacou que Israel conquistou vitórias pela força das armas, com o apoio dos Estados Unidos, mas que agora é o momento de transformar o poder militar em prosperidade e reconciliação. “Israel, com nossa ajuda, ganhou tudo o que pode ser logrado pela força das armas. Agora é o momento de converter essas vitórias contra os terroristas no prêmio final da paz e da prosperidade para todo o Oriente Médio”, afirmou diante dos parlamentares israelenses.
Reforçando sua mensagem de otimismo, Trump disse que, assim como os Estados Unidos vivem uma “nova era de ouro”, chegou a hora de Israel e de toda a região experimentarem o mesmo ciclo de bênçãos e progresso. Ele assegurou que o Hamas será desarmado e que a segurança de Israel não será mais ameaçada.
Trump ainda fez menção à sua equipe diplomática, agradecendo especialmente ao enviado especial do Oriente Médio, Steve Witkoff, pelos esforços nas negociações de paz. Em tom bem-humorado, ele chegou a brincar com o premiê israelense Benjamin Netanyahu, afirmando que “não é fácil de lidar, mas é isso que o torna ótimo”.
O ex-presidente também expressou gratidão aos países árabes envolvidos no cessar-fogo e sinalizou que o fim da guerra entre Israel e Hamas pode abrir caminho para um acordo de paz com o Irã. “Acho que temos uma oportunidade… Acho que será fácil, mas primeiro temos que resolver a questão da Rússia”, disse Trump, destacando que a Ucrânia continua sendo uma prioridade em sua agenda internacional.
Durante o discurso, houve interrupções de parlamentares de esquerda, que exibiram faixas com os dizeres “Reconheçam a Palestina!”. Os manifestantes, Ayman Odeh e Ofer Cassif, foram retirados pela segurança do Knesset. Trump reagiu com leveza: “Foi muito eficiente”, brincou, arrancando risadas do plenário.
O pronunciamento foi recebido como um marco de esperança e fé renovada em Jerusalém, com forte repercussão entre líderes religiosos e diplomáticos que veem no gesto de Trump uma possível retomada do diálogo pela paz no Oriente Médio.
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